AMAMENTAÇÃO EVITA LEUCEMIA INFANTIL E AUMENTA O VÍNCULO MÃE E FILHO
Amamentação diminui chance de leucemia infantil
Crianças que forem amamentadas por, no mínimo, seis meses estão 19% mais protegidas
Segundo recomendação do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma criança deve ser alimentada com leite materno desde a sala de parto, a hora que quiser e por quanto tempo quiser.
De acordo com Dr. Moises Chencinski, pediatra e membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, até os seis meses de idade não se deve oferecer outros alimentos ao bebê. “O leite materno apresenta mudanças importantes, dando para o bebê o que ele precisa em cada fase”, diz o médico.
amamentação - câncer - leucemia - câncer de mamaEle explica que do 1º ao 7º dia, o leite é chamado de colostro. “Ele é o mais rico em anticorpos e dá para o bebê o que ele precisa em quantidade adequada. Isso porque, por mamada, só cabe 5ml no estômago do recém-nascido. É uma colher de chá”, compara o Dr. Moises.
Já do 7º ao 30º dia, o leite passa a ser chamado de “leite de transição”. Nesse momento, ele passa a ser uma mistura do colostro com o leite maduro, que é produzido pelo corpo da mulher após o 30º dia pós-parto.
“Esses três tipos de leites têm composições diferentes. Eles oferecem para cada fase de crescimento o que é importante ao bebê”, salienta o pediatra.
A partir do 6º mês, é recomendado dar início a alimentação complementada. Ou seja, o leite materno somado aos alimentos aconselhados pelo pediatra. Isso deve acontecer até os dois anos de idade da criança ou então até o desmame natural, quando um ou os dois (mãe e bebê) saem da fase da amamentação. É importante frisar que não há problema em prolongar a amamentação além dos dois anos da criança.
A amamentação na prevenção da leucemia
A leucemia infantil é responsável por 30% de todos os cânceres infantis e é a segunda maior causa de morte entre bebês e crianças no mundo todo. Não se sabe o porquê ela é tão frequente, nem o que leva às mutações das células e ao consequente aparecimento da doença.
Entretanto, o Dr. Moises aponta um estudo publicado no Journal of American Medical Association sobre uma meta análise (um estudo a respeito de outros estudos) que apontou a amamentação em livre demanda como fator de diminuição de chances do aparecimento da leucemia infantil – principalmente em relação aos casos de leucemia linfoide aguda (LLA).
“As crianças que tiveram aleitamento materno durante, no mínimo, 6 meses, estão 19% mais protegidas em comparação às crianças que foram amamentadas por menos tempo. E o nível de proteção vai para 21% se forem levadas em consideração as crianças que foram amamentadas apenas algumas vezes ou nunca foram”, conta o especialista.
Assim como não se sabe exatamente o porquê ocorre a leucemia, também não se sabe o porquê o leite materno consegue diminuir suas chances de incidência. Um dos prováveis fatores é a formação da flora bacteriana intestinal – a fabricada pelo leite materno é diferente daquela produzida por crianças que tomam leite de vaca.
Sem contar que a amamentação também pode ajudar o sistema imunológico a desenvolver defesas contra diarreia, pneumonia e infecções em geral. “Esses estudos mostram que crianças que têm aleitamento materno por mais de seis meses apresentam índices de QI maior, inclusive, na vida adulta”.
Benefícios para mãe e filho
Da mesma forma que a amamentação tem grande influência na saúde do bebê, ela também traz benefícios para a saúde da mãe. As mulheres que amamentam podem reduzir de 20 a 25% a chances de terem um câncer de mama e também o de ovário.
“Primeiramente, como o câncer de mama tem um fator hormonal importante, a mãe que está amamentando tem uma menor produção de estrógeno e, por isso, uma menor chance de desenvolver o câncer de mama. E também enquanto ela está grávida ou amamentando, a alimentação fica mais saudável, além de não fumar, não beber. Então todos esses são fatores diminuem a chance de um câncer aparecer”, afirma o especialista.
Outra possibilidade, diz ele, é que o bebê amamentado em livre demanda promove a descamação das células dos tubos mamários. E essas células, que quando mais velhas poderiam ser potencialmente cancerígenas, são eliminadas por sucção.
Quando suspender a amamentação materna
Existem alguns fatores que podem obrigar a mãe a suspender temporariamente ou definitivamente a amamentação.
Os fatores temporários são:
– Durante o tratamento com quimioterapia
– Em caso de catapora
– Consumo de álcool, cigarro ou drogas ilícitas
– Caso a mãe tenha Hepatite C e apresente uma ferida nos seios que possa vir a sangrar
Já os definitivos são:
– Caso a mãe seja soropositivo com contagem viral presente
– Vírus HTLV
– Caso o bebê tenha galactosemia. Um tipo de doença hereditária que impossibilita o organismo a metabolizar este açúcar e transformar e glicose
“A mãe está permitida a amamentar se estiver gripada. Porque os anticorpos que ela está produzindo para a doença serão transmitidos para o bebê”, finaliza o Dr. Moisés.