O cigarro é uma 'muleta".
Dependi desta muleta por mais de cinquenta anos. Consumia vinte cigarros por dia. E sinceramente não aguentava mais. Felizmente conheci o grupo de tabagismo do Hospital das Clinicas. Me inscrevi, e levei a sério o tratamento para acabar com o vício. Duas ou três reuniões e os médicos me receitaram adesivos. Não joguei o antigo maço fora, enrolei-o com fita crepe até não ser possível abri-lo. E tenho ele guardado até hoje. Um troféu para lembrar o feito. Entrei de cabeça no tratamento, e em menos de um mês parei completamente.
Minha vida melhorou, economizei saúde e dinheiro. Passaram-se um ano e três meses. E neste tempo eu era outro. Ao meu redor só recebia elogios pela proeza. Ninguém acreditava. Eu agora, era um ex-fumante. Mas o excesso de segurança revelou o quão importante não brincar com esse vício. Comecei nos últimos meses a pedir um trago aqui outro ali. Comprei cigarros soltos em bancas de jornais, e bares. Vergonhosamente voltei a pedir cigarros a desconhecidos. Crente que minha força interior seria o suficiente para dar um basta novamente, a qualquer momento, pensei ser uma questão de querer. Mas aí percebi, que o responsável por essa recaída é algo mais sério. Como passo por algumas dificuldades que levam ao stress, estou novamente inclinado a retomar a muleta. Nada vai ser como antes. Repeti várias vezes pra mim esse refrão. Doce ilusão que o cigarro acalma, e relaxa. Fiquei apavorado quando fumei três cigarros, quase que um atrás do outro. Coisas que acontecia comigo antigamente.
Voltei ao hospital, deram-me novamente remédio. O esforço agora é para não recair a essa praga chamada cigarro.
É impressionante, como a condição psicológica abre espaço para a fraqueza. diminuindo a resistência, e a força de vontade.
Basta com o cigarro! Vou lutar para não retornar a esse vicio.