Refúgios da adolescência!

A adolescência possui como principal característica a mudança: seja no aspecto físico ou psicológico, inerentes a ela e que trarão nova visão de mundo, preferências, dúvidas ou medo. Parece contraditório, mas é assim, pois o adolescente oscila entre quatro refúgios: a família, o pertencimento, o isolamento e a vida adulta. Nesses mundos tão necessários e diferentes, mas que irão se fundir em um único mundo na fase adulta, o adolescente será algumas vezes conduzido à segurança, mas noutras, ao medo e a solidão, mesmo porque são caminhos a serem descobertos e trilhados rumo à maturidade tão desejada.

A FAMÍLIA é a primeira referência social do indivíduo, portanto é o primeiro meio de socialização, civismo e cidadania, é o elemento-chave na formação comportamental da criança. É uma organização social complexa, uma pequena, mas importante parte da sociedade, onde ao mesmo tempo em que se vivem as relações primárias, se constroem os processos de identificação, além de ser também um espaço no qual se definem papéis sociais de gênero, cultura, classe e se reproduzem as bases de poder. Além disso consegue ser também um conjunto organizado e interdependente de pessoas, em constante interação, regulado por normas e funções dinâmicas internas e externas, ambiente este, no qual a criança irá aprender a ter interesse pela vida, a construir valores (respeito, aceitação, limites, segurança) e passará a acreditar no próprio potencial.

A família, este conjunto estruturado, composto por pais e filhos, deve estabelecer com base nos seus valores, as normas a serem seguidas por todos seus componentes, deixando claro o que é ou não permitido fazer. E cabe aos pais, no papel de principais ou primeiros educadores, fortalecer os laços e vivências familiares, conduzindo os componentes e porque não dizer, os adolescentes a encontrarem, na família, um porto seguro, na solução dos problemas cotidianos, principalmente os do mundo virtual.

O PERTENCIMENTO além de fazer parte do processo de elaboração da identidade do adolescente é inevitável nas fases da vida humana: infância-adolescência-vida adulta. Na puberdade, o adolescente não se contenta apenas com a rede protetora da família e busca fora de casa outras referências para se formar como sujeito. Nessa fase, mais do que os pais, os amigos crescem em importância e juntos passam a exercer os papéis sociais. Se identificam com comportamentos, valores e buscam segurança para lutar contra a angústia da solidão vivida, nessa complicada transição adolescência - vida adulta. O pertencimento é necessário e faz bem aos adolescentes, à medida que protege, permite o caminhar sem máscaras, porque entre iguais. Permite dizer verdades e preferências sem culpas e num espaço público no qual nada é físico, mas ao mesmo tempo, tudo é real, ou seja, ao mesmo tempo em que anseiam pela identidade própria, eles percebem que ser igual aos outros é a saída mais segura para não se expor e perder a aprovação do grupo. Igualmente, percebem que os pais têm razão, mas o mundo no qual vivem, exige que eles “esqueçam” deles por determinado tempo.

O ISOLAMENTO vivido por todo e qualquer adolescente é na maioria das vezes uma grande preocupação para os pais. O fato do celular ter se tornado o melhor amigo do filho, também preocupa e causa o isolamento. Preocupa, porque muitos pais não conhecem as amizades do filho, não sabem com quem ele fala ou mesmo o que ele faz diariamente com aquela mídia em mãos: ele estará passando por problemas e não conta a eles, pais? Ele fala com amigos reais ou virtuais? São questionamentos e preocupações constantes. E essa forma de agir causa o isolamento, pois o adolescente parece viver em “outro mundo”. Ele não quer conversar, transmite a ideia de não necessitar dos familiares, não participa das vivências diárias e sem suas necessidades básicas resolvidas ou alimentadas por inúmeras mensagens trocadas de segundos a segundos, via mídia eletrônica.

Noutros casos observa-se a baixa autoestima como fator relevante que conduz ao isolamento, pois a falta de confiança em si mesmo o leva a sentir-se uma pessoa feia e por isso mal amada. Ele não entende que seu corpo passa por inúmeras transformações físicas, que sua mente pensa de outra forma e daí as mudanças. Não consegue aceitar sua imagem, tida pelos amigos como feia, pelo simples fato de usar um aparelho nos dentes para que amanhã ele tenha uma dentição correta; não aceita que a mudança hormonal é responsável pelas espinhas em seu rosto, bem como a alteração na voz.

A VIDA ADULTA finalmente chega, após anos de angústia e sofrimento vividos. Se o adolescente teve um acompanhamento familiar, usou a resiliência, acreditou no próprio potencial e fez uso da empatia, ele será um adulto seguro de si, de seus atos e terá uma vida estruturada. Caso contrário se sentirá inseguro diante tantas adversidades oferecidas principalmente pelo mundo virtual.

Sônia Araújo - Ms. em Educação

O respeitar faz bem!

Sôniainformação
Enviado por Sôniainformação em 29/09/2018
Código do texto: T6463162
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