Quanto poder em um “simples” clic!
Nos últimos tempos observa-se que a cultura (crenças, valores e formas de vida de um povo) tem passado por mudanças cada vez mais velozes e as relações de amizade têm acompanhado essas mudanças na mesma velocidade, ou seja, têm sofrido alterações com grande rapidez.
Basta voltar um pouco no tempo e lembrar que anteriormente os momentos de lazer eram vividos praticamente em família, pois os filhos, independente se crianças ou adolescentes, brincavam e se divertiam sob a vigilância dos pais. Mas hoje isto já não acontece mais, porque aqueles momentos bons foram substituídos pelas relações virtuais ou entre pares, completamente diferentes dos primeiros, mas consideradas boas, necessárias e “vitais” principalmente quando nos referimos à convivência entre adolescentes.
A necessidade de pertencimento, ou seja, o viver entre pares exige, o compartilhamento de valores, de experiências e ideias, de modo de vida e tantos outros nos levando a constatar que nos últimos tempos a vida familiar tem cedido espaço para um novo tipo de vida, bem diferente daquele conhecido e vivido por muitos de nós, adultos.
Nesse processo de mudança, os amigos crescem em importância, passam a ser a principal referência comportamental do adolescente e fonte de aprendizagem das normas essenciais para se viver em sociedade. Assim, os pais, apesar de queridos e respeitados, perdem espaço para as novas amizades que são formadas. Tudo isto porque, quando o adolescente consegue se inserir em determinado grupo, ele passa a adotar novas formas de viver, a abraçar os valores encontrados naquele grupo e com isso passa a ver o mundo com outros olhares.
Tudo isso porque a opinião do grupo conduz e enriquece o saber de cada componente. Saber este, que pode ser diferente daquele encontrado na família e que nesse momento é mais representativo e evidentente, possui um valor maior para os adolescentes.
Os adolescentes preferem a companhia dos amigos à dos familiares!
Pesquisas afirmam que os adolescentes preferem a companhia dos amigos à dos familiares, ou seja, parecem não considerar amigos os componentes de sua família. Isso é motivo de preocupação, pois os primeiros amigos deveriam ser justamente os familiares.
Mas tal confirmação encontra suporte no fato dos adolescentes de hoje viveram numa “sociedade líquida”, como dizia o Saudoso Bauman. Uma sociedade na qual as relações são construídas via internet: os negócios, as amizades e os amores são construídos via redes sociais e mídias eletrônicas, daí sua fragilidade, pois são amigos desconhecidos.
O fato de ser uma amizade feita via internet, ou melhor, conseguida com um simples clic transmite a ideia de um sentimento que pode ser facilmente descartado tão logo for do interesse, sem nenhuma dor ou problema. Assim da mesma forma que esses laços de amizade foram construídos eles são desfeitos e a mente do adolescente parece dizer: eu te aceito como amigo, mas quando for do meu interesse eu descarto você. Percebe-se que não existe uma construção de amizade, mas que, da mesma forma que ela foi construída com apenas um clic, ela será também destruída.
A maioria dos adolescentes possui uma enorme lista de “amigos”, mas são amigos somente porque um aceitou o pedido de amizade do outro e não porque construíram juntos uma amizade sólida, verdadeira, na qual os amigos sabiam das vitórias e derrotas do outro. Não foi uma amizade construída passo a passo, aquela de quando estudaram na mesma escola, dividiram lanches, brincaram ou brigaram, quando foram e voltaram juntos da escola, fizeram companhia um ao outro num momento de medo ou solidão ou quando entraram em defesa do outro num momento difícil ou moraram na mesma rua.
Mas independentemente do tipo de amizade precisamos lembrar que ela é um componente necessário na condução do adolescente nessa procura incessante, nesse caminhar e compartilhar, essenciais na formação de sua identidade.
Sônia Maria dos Santos Araújo – Ms. Em Educação
O respeitar faz bem!