Transtorno Comportamental e Conduta Antissocial

Quem já não presenciou uma criança fazendo manha, se jogando no chão, puxando o cabelo da irmãzinha, tomando a força e quebrando o brinquedo de outra criança ou mordendo a babá ? Essas situações constrangedoras todos nós já presenciamos e isso, além de ser desagradável, incomoda muita gente.

A pessoa com comportamento inconveniente, que atrapalha e por vezes chega até aborrecer outras pessoas, deve ser analisada com critérios específicos pelos pais e educadores. Normalmente, já é observado esses comportamentos desde a infância, em bebês com comportamentos egocêntricos, irritantes e birrentos. Crianças mal educadas ou mimadas que não têm limites estabelecidos e não são orientadas e corrigidas quando praticam tais atitudes tendem a desenvolver esse tipo de comportamento por entenderem que está correto e que pode fazer qualquer coisa. Então, invadem espaço de outras crianças, manipulam as brincadeiras, falam muito alto ou gritam o tempo todo, dominam os brinquedos, discriminam outras crianças e, até mesmo os pais e outros adultos de seu meio. Esses comportamento quando não corrigidos vão piorando com a idade . Começam então as mentiras, a se agrupar com outras crianças do mesmo comportamento para em grupos, fazerem traquinagem e maldades com outras crianças, desrespeitar professores, bagunçar em sala de aula, matar aula e cometer até pequenos delitos como forma de mostrar que podem transgredir as normas e enganar pessoas . Estes comportamentos são o que chamamos de Transtorno do Comportamento Antissocial.

Desobediência ou Comportamento com Transtorno de Conduta?

Como diferenciar.

Toda criança com desenvolvimento normal no seu cognitivo e em sua formação de personalidade irá testar até onde pode ir e vai depender de quem a orienta para definir seus limites. Quando uma atitude abusiva acontece é preciso que estabeleça regras e que mostre para a criança o porquê deve rever e corrigir seu comportamento. Não se pode apenas proibir ou castigar, tem que mostrar a consequência do que ela fez, que tudo não gira em torno dela e que nem tudo pertence a ela. Mesmo que na infância o egocentrismo faça parte de suas atitudes é recomendado orientá-la para saber conviver socialmente de maneira adequada com as demais pessoas e ter seu espaço garantido no meio que vive porém, deve entender que esse espaço também pertence a outras pessoas e que deve ser repartido, respeitado e compartilhado.

Quando extrapola suas atitudes e as repetições inapropriadas e desafiadoras estão sendo constantes é preciso rever junto aos pais ou responsáveis qual atitude tomar - e aqui cabe até atuação de um terapeuta ou psiquiatra para ajudar na orientação - pois, muitas vezes são pais que não sabem como interferir de maneira assertiva com a criança. Essas atitudes repetitivas de comportamento inadequado é o que chamamos de Transtorno de Conduta Antissocial.

Já quando são situações esporádicas de brincadeiras ou bagunças própria de crianças e que não comprometem outras pessoas, mas que mesmo assim não são apropriadas para o local ou para aquele momento (ex: igreja, cinema, velório) então, apenas uma bronca, colocar de castigo pra pensar ou uma chamada de atenção resolverá o problema. Esses são Distúrbios de Conduta que podem ser corrigidos por pais ou professores por serem apenas comportamentos inadequados, diferente dos Transtornos de Conduta Antissocial que são transtornos psiquiátricos com deformação na formação da personalidade e que precisa de atuação de um profissional, psicólogo ou psiquiatra.

Sintomas no Transtorno de Conduta Antissocial

1- Empurra, derruba, bate nos colegas

2- Rabisca paredes, sofás e rasga páginas de livros escolares.

3-Bilisca e morde as pessoas

4-Utiliza de algum objeto para bater e machucar irmãos e colegas de escola.

5- Intimida pessoas, atormenta e tira a tranquilidade nos lugares que frequenta.

6- Se apropria de objetos que não lhe pertence.

7-É atraído para coisas perigosas, como fogo e altitude.

8-Faz crueldade com animais, amarrando, batendo ou confinando bichinhos em caixas apertadas.

9-Mente para conseguir vantagens.

10-Constrange pessoas fazendo bullying e menosprezando autoridades.

11-Estraga propriedade de outros como riscar carro, chutar portões, rasgar sacos de lixo.

12-Entra em casas abandonadas ou pula muro de quintais para praticar pequenos delitos.

13-Foge de casa e passa noite fora sem avisar ninguém.

14- Mata aulas ou foge da escola em dias de prova.

15- Usa de drogas e consumo de álcool.

Diagnóstico

Para se considerar o diagnóstico de Transtorno de Conduta Antissocial é preciso pelo menos três dessas referências de sintomas ou comportamentos com equivalência antissocial similar, ocorridos nos últimos 12 meses sem que não tenha tido consciência do que fez ou arrependimento do fato cometido.

Deve-se considerar ainda, se houve mudança de escola, algum acidente físico, acontecimento traumático com mudança radical na sua rotina , envolvimento emocional perturbador durante esse período na vida escolar, familiar ou pessoal desse paciente.

Os sintomas geralmente são observados em crianças no início da infância e na puberdade, podendo persistir até idade adulta. É importante avaliar acontecimentos como pais adotivos, privação afetiva, abuso sexual, discórdia familiar, comportamento agressivo ou uso de drogas de um dos pais, separação conjugal dos pais, perda de um ente querido muito próximo, habitar em local de violência ou bullying na escola.

Tratamento

Os tratamentos variam de acordo com a gravidade e intensidade das ocorrências, podendo ir desde uma orientação terapêutica nos casos de crianças pequenas e nos casos mais brandos com intercorrências esporádicas até intervenção de equipe multiprofissional para casos de adolescentes ou adultos envolvendo terapia ocupacional, oficina de arte, prática de esportes para aliviar estresse , diminuir a tensão e conflitos internos. Nos casos mais graves pode ser preciso tratamento psiquiátrico quando em envolvimento de agressividade e violência a terceiros sendo algumas vezes, necessário a internação e uso de medicamentos psicofármacos nos casos psicóticos, de ideias paranóides, convulsões e uso de drogas.

A hospitalização do paciente só se faz necessária quando acontecer risco eminente do paciente como em casos de suicídio, auto-agressão, delinquência ou homicídio. Se possível usar da internação em hospital-dia onde o acompanhamento é mais próximo até a estabilidade do paciente e os medicamentos começarem o efeito e depois continuar com a terapia.

*Importante

A observação criteriosa pelos professores em sala de aula a qualquer alteração no comportamento das crianças deve ser considerada e acompanhada, com orientação aos pais e responsáveis. Não despreze nem faça vista grossa a nenhum tipo de comportamento ou incompatibilidade observada em sala de aula , no pátio, nos banheiros ou nos espaços de convivência e interação social na escola. Quanto mais cedo for detectado alguma anormalidade no comportamento da criança, melhor será o diagnóstico e mais rápido o tratamento.