Transtorno Disfórico Pré-Mentrual(TDPM)
"Transtorno Disfórico Pré-Menstrual - Um monstro que nocauteia seus sentimentos, imobiliza suas atividades, destrói sua autoestima e tranca você numa prisão sem chaves, onde a punição é o isolamento de tudo e todos." Luiza Gosuen
Se a TPM já era alguma coisa que deixava algumas mulheres sem condições físicas e emocionais para lidar no trabalho e no cotidiano, enquanto essa fase ocorria, imagina algo ainda pior. Sim existe - é a chamada TDPM e pode atingir até 75% das mulheres em idade produtiva, com sintomas que vão de leve a moderado. São sintomas ainda mais intensos do que na TPM e que ocorrem até uma semana antes da menstruação. Esse desequilíbrio genético se manifesta com a disfunção da serotonina, um neurotransmissor que regula o humor e o sono. É responsáveis pela transmissão de substâncias que permitem a comunicação entre as várias regiões do sistema nervoso proporcionando bem-estar e equilíbrio emocional.
O histórico familiar e fatores genéticos também podem influenciar. Esse transtorno deve cessar com o inicio do ciclo menstrual, porém para algumas mulheres pode continuar por até 5 dias depois da menstruação e, em casos extremos temos relatos de autolesão e até suicídio. Para se firmar esse diagnóstico é necessário que esse quadro se repita pelo menos durante três meses seguidos e, caso dure mais tempo é importante também que se faça um acompanhamento com outros profissionais, psicólogo ou psiquiatra e nutricionista que poderão ajudar na elaboração do diagnóstico mais preciso caso tenha comprometimento emocional. O acompanhamento de um ginecologista também se faz necessário.
Diagnóstico - Sintomas mais comuns de TDPM
1. Ansiedade acentuada, irritabilidade excessiva.
2. Manifestação de raiva e conflitos interpessoais por qualquer coisa.
3. Dificuldade em se concentrar.
4. Humor deprimido, sentimentos de desesperanças em tudo.
5. Desinteresse em suas atividades.
6. Instabilidade afetiva. Falta de humor.
7. Letargia, cansaço e falta de energia.
8. Descontrole emocional. Briga com todos.
9. Alteração no apetite, excessos alimentares com ganho de peso.
10. Hipersonia (dormir demais) ou insônia.
11. Inchaço das mamas, dor de cabeça, dor no corpo.
Os tratamentos
Até o momento não temos um tratamento oficial. Os métodos mais comuns, dependendo dos sintomas de cada paciente, utilizam o controle por contraceptivos orais, antidepressivos e ansiolíticos, analgésicos, aconselhamento dietético, disciplina alimentar, uso de vitaminas e sais minerais e psicoterapia como aliada importante no equilíbrio emocional. É preciso controlar o funcionamento da serotonina no corpo. Em casos mais leves, pode-se reverter esses sintomas melhorando a hidratação, tomando bastante água e sais minerais. Uma alimentação adequada para estimular o metabolismo (vitamina B6) e evitar o uso de açúcares reduzindo o consumo de doces e carboidratos industrializados. Recomenda-se ainda atividade física que inclua aeróbica, pelo menos três vezes por semana.
Já para os quadros mais complicados é indicado a medicação psico-farmacológica. São receitados medicamentos à base de fluoxetina, que otimizam o funcionamento da serotonina no cérebro. O tratamento pode durar até dois anos, até que a regulação do sistema neurológico e funcionamento da serotonina estejam no nível adequado, pois só assim atuam favoravelmente na irritabilidade, angústia e depressão.
Dieta nutricional
Quando ministrada com critério profissional a dieta nutricional pode amenizar os sintomas.Uso de vitaminas B6; minerais como magnésio; ácidos graxos poliinsaturados (ômega3- nos peixes e ômega6-nos óleos vegetais); aminoácidos(feijão, soja, ovos, lentilha, quinoa, chia, frutos do mar); aumento da ingestão de fibras(frutas); redução de gorduras saturadas (gorduras animais) e açúcar(doces) ; redução do consumo de sal e cafeína (café, chá, refrigerantes do grupo cola, guaraná) ; limitar a ingestão de produtos lácteos (leite e derivados). Não se deve abusar de bebidas alcoólicas e recomenda-se para a redução do estresse a prática de exercícios e massagens para relaxamento. Deve-se limitar também o consumo de alimentos gordurosos(frituras) e o excesso de proteínas (carnes vermelhas). Um tipo especial de gordura extremamente útil é o ácido cis-linoleico- encontrado em alguns óleos como o de girassol. As verduras, legumes, cereais, frutas e os alimentos integrais fornecem grande parte dos elementos nutricionais que propiciam o adequado equilíbrio entre hormônios femininos.
Alguns alimentos - ainda sem comprovação científica - foram observados como sendo ativadores dos sintomas, entre eles: chocolate, cafeína e álcool. Foram consideradas também as deficiências de vitamina B6 e de magnésio.
Psicoterapia
Atua no acompanhamento das emoções afloradas, no controle da depressão, angústia, irritabilidade e desesperanças. Revitaliza a autoestima equilibrando o humor. Incentiva o retorno às atividades cotidianas e de trabalho, interagindo de maneira positiva com pessoas nos ambientes sociais, fortalecendo suas energias psíquicas. Direciona os sentimentos negativos para vivências produtivas e envolvimentos sociais que promovam compartilhamentos entre familiares e amigos. Estabelece conforto emocional.
Acupuntura e Homeopatia
Na medicina tradicional chinesa, a acupuntura(ativação dos meridianos através de agulha) normaliza as alterações hormonais da mulher através do equilíbrio energético do fígado que está estreitamente relacionado com a vesícula biliar responsável por ativar a postura frente a vida e tomada de decisões. Na acupuntura, o fígado é o órgão mais importante para a mulher, assim como o rim o é para o homem.
O fígado na mulher é responsável por alterações no ciclo menstrual, presença de cistos no ovário, miomas uterinos, corrimentos ou pruridos vaginais, alterações da libido como frigidez e impotência. O fígado é responsável por manter o livre fluxo da energia total do corpo. Como o movimento do sangue segue o movimento da energia vital o fígado direciona a circulação do sangue e regula também o ciclo menstrual.
O uso de massagem como o Shiatsu (ativação dos meridianos através do toque) também é um ponto forte no controle das ansiedades, desbloqueando os fluxos energéticos e proporcionando mente aberta, sentimentos leves, relaxamento e bem-estar.
Já a homeopatia harmoniza o indivíduo na sua totalidade, fazendo uso de medicamentos que atuam como base energética do próprio indivíduo e que identifica com a essência de vida daquele indivíduo, proporcionando equilíbrio mental e força interior. A homeopatia pode se associar também a remédios naturais (Sweet Chestnut), florais (Rescue) e plantas medicinais (Vitex agnus-castus), que complementam no quadro de reestruturação dos sintomas apresentados.
*Importante - Lembro ainda que toda atitude exacerbada do paciente não é um capricho e sim uma consequência proveniente do transtorno que a pessoa está vivenciando, portanto merece ajuda e cooperação de familiares e amigos para enfrentar esse momento extremamente difícil e que será superado com apoio e compreensão de seus familiares.