A exposição solar é o principal fator ambiental para o desenvolvimento do câncer de pele. “O excesso de exposição ao sol é a principal causa da doença, uma vez que a radiação ultravioleta é a maior responsável pelo desenvolvimento de tumores cutâneos. Se detectado precocemente, o câncer de pele pode ser curado com facilidade”, explica a dermatologista do Instituto de Oncologia Santa Paula, Vanessa Mussupapo. “A exposição solar intensa e intermitente parece trazer maior risco que a exposição contínua e cumulativa, sendo também maior o risco da exposição solar na infância e adolescência”, aponta o oncologista Andrew Sá. 

Por isso, durante todo o ano, e principalmente na temporada do verão, alguns cuidados básicos ajudam a afastar o risco do câncer de pele. A principal dica é evitar exposição ao sol entre 10h e 16h; usar protetor solar e reaplicá-lo a cada três horas; usar barreiras de proteção para couro cabeludo, olhos e lábios – como chapéus, roupa com mangas compridas, óculos escuros e protetor labial. Para pessoas que costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto. Se a exposição aos raios solares for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte. 

 “Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não melanoma.”, destaca Daniela Pezzutti, oncologista do Centro Paulista de Oncologia – CPO (Grupo Oncoclínicas). É importante a avaliação frequente de um especialista (dermatologistas) para acompanhamento das lesões cutâneas. 

Diagnóstico precoce: manchas suspeitas em áreas insuspeitas 

Cristiane Mendes, oncologista do InORP/Grupo Oncoclínicas, afirma que o diagnóstico precoce do tumor é fundamental para o sucesso do tratamento. “A orientação é ficar atento aos sinais suspeitos na pele, como manchas que dão coceiras, que descamem ou que sangrem; pintas que mudem de tamanho, forma ou cor e até feridas que não cicatrizam em quatro semanas”, ressalta. Mesmo áreas não expostas diretamente ao sol e menos visíveis – como o couro cabeludo – podem apresentar manchas suspeitas. 

Dermatologista do Hospital Oeste D’Or, Valéria Stagi, destaca que faz parte dos cuidados com a pele visitas periódicas a especialistas – para avaliação e acompanhamento. Estudos indicam que quando descoberta no início, a o câncer de pele tem mais de 90% de chance de cura. “São grandes as chances de cura para os tumores de pele se descoberto precocemente. Manchas, bolinhas que sangram facilmente, feridas que não cicatrizam, crescimento ou aparecimento de pintas são os principais sintomas do câncer de pele. É recomendado que um dermatologista seja procurado, imediatamente, após a identificação destes sinais”, alerta a dermatologista. 

A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce. O dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares de verão podem causar na pele. “Uma lesão aparentemente inocente pode ser suspeita aos olhos do médico. Métodos diagnósticos auxiliares, como biópsia e dermatoscopia*, podem ser indicados. Além disso, pacientes que já tiveram um tumor de pele diagnosticado estão sob maior risco de apresentar uma recidiva, e devem ser submetidos a exames dermatológicos periódicos”, diz Bernardo Garicochea, oncologista e especialista em genética do CPO, unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo. Por isso, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. 

Além dos cuidados gerais indicados à toda a população quando o assunto é câncer de pele, o que inclui o uso do protetor solar e atenção ao período de exposição solar prolongada, pessoas com propensão a desenvolver o melanoma devem estar constantemente mais atentas, pois ele pode surgir em áreas difíceis de serem visualizadas. “As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce”


Pré-disposição genética 

O câncer de pele surge por conta do crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina, dando cor e pigmentação à pele. Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância. De acordo com ele, 3% dos melanomas são hereditários. Ele indica alguns pontos de atenção que podem indicar propensão à doença: 

Pessoas que possuem uma grande quantidade de pintas escuras espalhadas pelo corpo; Incidência de melanoma em algum parente muito jovem (menos de 35 anos); Mais de dois casos de melanoma na família (em qualquer idade). 

Nesses casos, há um teste genético capaz de identificar se há predisposição genética ao melanoma. O teste coleta uma amostra de saliva ou sangue para detectar a presença de genes ligados à doença. Já para quem não conta com um histórico ou indicação que justifique a realização do exame específico de análise do DNA, o Dr. Bernardo recomenda que, em especial para áreas em que há mais dificuldade de visualização, seja solicitado a um familiar ou conhecido um apoio para a avaliação dos sinais existentes no corpo. “Muitas das pintas suspeitas surgem nas costas e pescoço, lugares de difícil visualização. É muito importante também estar atento a manchas que surjam sob as unhas, na palma das mãos e planta dos pés”, finaliza o Dr. Bernardo. 

A Dermatoscopia é um método que utiliza o dermatoscópio, espécie de microscópio que aumenta a imagem da pele em 10 a 70 vezes e permite a visualização das estruturas cutâneas sem nenhum corte ou desconforto. As imagens colhidas ficam em computador e são regularmente comparadas a cada visita médica. 

A importância da prevenção 

Com o objetivo de chamar a atenção para o principal fator de risco da doença, o último mês do ano é simbolizado pela cor laranja e marcado pela campanha nacional da Sociedade Brasileira de Dermatologia que tem como objetivo estimular a população na prevenção e no diagnóstico ao câncer da pele. Apesar da divulgação sobre a importância do uso do filtro solar, observa-se que a população não se protege do sol como deveria, principalmente no Brasil, em que a incidência de raios solares ocorre durante o ano inteiro, sendo mais intenso no verão. É fundamental a conscientização de que medidas simples de proteção podem evitar a maioria dos casos de câncer de pele.
 
 
Atenção para as principais formas de prevenção
 
 
1. Usar chapéus, camisetas e protetores solares;
 
2. Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10h e 16h (horário de verão);
 
3. Usar filtros solares diariamente com fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicá-lo a cada duas horas, a cada mergulho no mar ou piscina, ou ao secar o corpo com toalha;
 
4. Ao observar o crescimento ou mudança no tamanho (ou formato) das pintas no corpo, procurar um especialista.
 

Entenda os diferentes tipos de câncer de pele 

De acordo com a Dra Vanessa o câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil, onde sua prevalência cresce anualmente. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que até o final deste ano, sejam registrados mais de 176 mil novos casos no Brasil – o que corresponde a 30% de todos os tipos de neoplasia. A doença é caracterizada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Os melanócitos e queratócitos (células da pele) são os principais envolvidos no processo de fotoproteção e quando expostos ao sol podem aumentar em número e tamanho. O câncer de pele ocorre quando há um crescimento excessivo dessas células que compõem a pele, podendo ser distinguidas em melanoma e não melanoma. 

Câncer de pele melanoma: O câncer de pele melanoma tem origem nos melanócitos, as células produtoras de melanina, o pigmento que dá cor à pele. Normalmente, surge nas áreas do corpo mais expostas à radiação solar. Sua letalidade é elevada, porém, sua incidência é baixa. O melanoma corresponde a 4% do total de cânceres de pele mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor prevalência entre a população, é considerado o mais grave e agressivo, com grande potencial metastático. 

Segundo o Inca, são 3 mil novos casos em homens e 2,6 mil novos casos em mulheres. As maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na região Sul. As chances de cura são de mais de 90% quando diagnosticada precocemente. Isso porque, nos estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada mais superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. 

São geralmente os casos que iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o “ABCD”- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. Em geral, o melanoma tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos que costumam mudar de cor, de formato ou de tamanho, podendo ainda causar sangramento. Este câncer está muito ligado a hereditariedade, por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. 

Entretanto, a chance de cura é de mais de 90% se houver diagnóstico precoce. “A doença é de fácil diagnóstico quando existe uma avaliação prévia das pintas”, afirma a médica. É recomendável à ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. Quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias visto que, se diagnosticado precocemente, a cirurgia pode resolver na maioria dos casos. 

Câncer de pele não-melanoma: De acordo com a Dra. Daniela Pezzutti, em geral, as pessoas tendem a relacionar o câncer de pele exclusivamente ao melanoma. Contudo, 95% dos casos de tumores cutâneos identificados no Brasil são classificados como não melanoma, um índice que está diretamente relacionado à constante exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol. Por isso, é preciso estar atento aos sinais de alerta. “Geralmente, os principais sintomas de câncer não melanoma são lesões cutâneas com crescimento rápido, com sangramento, ulcerações que não cicatrizam, seguidas de coceira e algumas vezes dor aparentes em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços”, explica. 

O câncer de pele não melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular, que é o tipo mais frequente, em que o crescimento normalmente é mais lento. O diagnóstico se dá usualmente por um aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo e carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, formando um nódulo que cresce rapidamente e com ulceração (ferida) de difícil cicatrização. “Tanto o carcinoma basocelular quanto o espinocelular ocorrem pela alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista”

O câncer de pele não-melanoma tem origem geralmente nas células basais ou escamosas. De acordo com o Inca, é o mais incidente entre todos os tipos de câncer nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. No público feminino, a maior prevalência é na região Sudeste: 134,19 casos a cada 100 mil mulheres. Já o público masculino apresenta 92,86 casos a cada 100 mil na mesma região. 

“As mulheres se expõem mais ao sol do que os homens por uma questão cultural de estética em busca de um corpo bronzeado. Já as regiões Sul e Sudeste têm como característica populacional descendentes de imigrantes europeus com predominância de fototipos 1 e 2, ou seja, pele clara, olhos claros e cabelos claros. Indivíduos com esses fototipos não se bronzeiam, mas se queimam com muita facilidade, por isso existe mais propensão de câncer de pele. As regiões Norte e Nordeste são as maiores consumidoras de filtro solar, além de ter uma população com predominância dos fototipos 3 e 4, ou seja, cabelo escuro, olhos escuros e cor de pele mais escura, que bronzeia com facilidade e dificilmente se queima”, explica Vanessa. 

Atenção às principais dúvidas 

A dermatologista do Instituto de Oncologia Santa Paula, Vanessa Mussupapo, esclarece algumas das principais dúvidas sobre a doença.
 
1 - Quais os primeiros sinais do câncer de pele?  
O câncer de pele é uma doença silenciosa, então é importante ficar atento a pintas ou sinais suspeitos. A doença pode se assemelhar a pintas, eczemas, lesões, uma crosta central e que sangra facilmente, uma pinta preta ou castanha que muda de cor, pinta com bordas irregulares, pinta que aumenta de tamanho, mancha ou ferida que não cicatrizam, etc. Recomenda-se consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo. Uma biópsia pode diagnosticar o câncer da pele.
 
2 - Como prevenir o câncer de pele? 
Este câncer, ao contrário de muitos outros, pode ser prevenido na maioria dos casos com o uso de chapéus, camisetas e protetor solar. Se possível, evite a exposição solar entre 10h e 16h. O filtro solar deve ser usado diariamente, em todas as estações do ano, e não somente em horários de lazer ou diversão. É importante que o produto proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. A reaplicação deve ser realizada a cada duas horas em atividades de lazer ao ar livre ou de manhã e antes de sair para o almoço em dias de trabalho.
 
3 - Existe um grupo de risco para o câncer de pele? 
Sim, pessoas de pele clara e sardas são mais suscetíveis. Também devem ficar alertas os indivíduos com antecedentes familiares com histórico da doença, pessoas que sofreram queimaduras solares, pessoas com pintas e aquelas com incapacidade para bronzear.
 
4 - Como é o tratamento? 
No câncer da pele não-melanoma, a cirurgia é o tratamento padrão. Radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e medicações são tratamentos coadjuvantes que variam conforme o tipo e a extensão da doença. Já no caso do melanoma, leva-se em conta a extensão, agressividade e localização do tumor. As modalidades mais utilizadas são as cirúrgicas e medicações orais.
 
5 - Bronzeamento artificial pode causar câncer de pele? 
As câmaras de bronzeamento artificial por motivações estéticas são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde dezembro de 2009. Elas trazem riscos comprovados à saúde e foram reclassificadas como agentes cancerígenos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A prática de bronzeamento artificial antes dos 35 anos aumenta em 75% o risco de câncer da pele, além de acelerar o envelhecimento precoce e provocar outras dermatoses. Já o bronzeamento a jato é seguro e aprovado pela agência reguladora. O procedimento é feito com produto à base de DHA (dihidroxiacetona) e aplicado sobre a pele com uma pistola conectada a um compressor. 


 
Copa D'or - Onco
Enviado por Judd Marriott Mendes em 14/05/2018
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