A Epidemiologia se ajusta à vida moderna
Como eu era totalmente ignorante na ciência da Epidemiologia, pensava, pois, que esta ciência tratava somente das doenças infectocontagiosas. Todavia, ao estudá-la com mais profundidade, tive a surpresa que a Epidemiologia tomou para si, também, as chamadas Doenças Crônicas não Transmissíveis, as DCNTs, doenças estas que permeiam toda a nossa sociedade com sérios efeitos danosos às vidas das pessoas.
As DCNTs assumem, portanto, um grau de importância resultado da mudança no perfil dos óbitos nos últimos anos. Entre as DCNTs destacam-se as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes Mellitus tipo 2 (de natureza não genética) e as doenças respiratórias crônicas. São doenças de causas multifatoriais que se desenvolvem ao longo da vida causando sérios problemas de saúde pública. Conforme a Organização Mundial de Saúde, já em 2008, as DCNTs foram responsáveis por 63 % das mortes no mundo, sendo que no Brasil, em 2013 atingiu, aproximadamente 72,6 % das mortes.
Cabe, aqui, ressaltar que as DCNTs têm suas condicionantes atreladas à hábitos de vida individuais, tais como: tabagismo, inatividade física, uso de álcool e alimentação não saudáveis. Portanto, são doenças perfeitamente evitáveis ou, pelo menos, controláveis.
Entrando um pouco mais nas causas e efeitos, podemos associar cada doença aos seus elementos causais, por exemplo, o câncer, as doenças respiratórias e as doenças cardiovasculares estão associados ao tabagismo; o diabetes Mellitus (adquirida) tem suas causas ligadas à ingesta de elevadas quantidades de açúcar e à obesidade.
No caso do diabetes Mellitus e da obesidade, gostaria de citar o livro “O mundo está GORDO” do Barry Popkin, onde ele investiga e analisa as causas das morbidades em diferentes regiões do mundo. Como alvo de estudo Popkin analisa modismos, tendências, produtos e políticas que estão engordando a humanidade. Observa-se, portanto, que os hábitos individuais como o consumo exagerado de refrigerantes industrializados, ficar muito tempo na frente da TV ou do computador e o consumo de lanches rápidos tem contribuído para o desenvolvimento e crescimento de doenças crônicas.
Do ponto de vista da Epidemiologia os números estatísticos dão a abrangência geográfica do problema, classificando-os em surtos, epidemias e pandemias, sendo que as DCNTs já são pandemias, o que deveria receber atenção especial de todas as pessoas e da saúde pública.