EMPATIA: EM QUALQUER MOMENTO E LUGAR!
A empatia, esta arte de saber se colocar no lugar do outro, via imaginação, vivendo e compreendendo seus sentimentos, é necessária ao ser humano. O problema é que nem todos possuem esse dom e alguns poucos o conhecem ou valorizam.
Este déficit de empatia, esta dificuldade de nos colocarmos no lugar da outra pessoa, de nos identificarmos emocionalmente e poder ver o mundo através de olhos diferentes dos nossos, dificulta os relacionamentos e passa a ser um problema social.
Por não estarmos “na pele” do outro, não conseguimos sentir o que se passa com ele. Muitas vezes não percebemos: uma criança que necessita de amparo, um desconhecido que passa por nós, sem receber um bom dia ou um adolescente que está sofrendo horrores com as práticas de cyberbullying.
Evidências de déficit de empatia na sociedade estão em toda parte: crianças e adolescentes com poder aquisitivo diferentes, estudam em escolas separadas e não podem ser amigos; quando civis perdem suas vidas em guerras, a violência política e étnica, a intolerância religiosa, a pobreza e a fome que assolam vários países e abusos dos direitos humanos.
Isto para citar apenas alguns motivos, para que passemos a pensar a empatia como uma força coletiva capaz de trazer mudanças sociais e políticas e não somente como uma relação entre indivíduos.
O maior responsável por esta situação é a cultura. Vivemos num país considerado multicultural, assim, essa mistura de crenças, cores e valores, nos diz a todo momento que nossa principal meta de vida é ser rico, magro, jovem, “sarado”, famoso e bonito.
Esta “padronização” da beleza é um elemento a ser discutido, pois estamos falando de gente, do ser humano e que sabemos, são diferentes, para o bem de todos nós. Portanto estipular o que é bonito ou não, é um grande engano, pois essa beleza depende da visão de cada um.
A empatia possui dois aspectos: o positivo, que é facilitar a comunicação e com isso a resolução dos problemas. A Comunicação representa um aspecto extremamente amplo tanto na vida humana quanto na das organizações, devido ser o cerne de toda e qualquer atividade viva e que se impõe como uma necessidade básica e inerente ao próprio ser.
Ela consegue informar, motivar, ensinar, emocionar, vender, distrair, entusiasmar, construir mitos, destruir reputações, formar opiniões, deformar pensamentos, distorcer fatos, orientar, desorientar, fazer rir, chorar, inspirar, reduzir a solidão e – num paradoxo que confirma a grande magnitude do seu potencial – produzir até mesmo a falta de comunicação. Isto porque o bombardeio de notícias dos veículos de comunicação é tão intenso, que o indivíduo não consegue interpretar todas as informações recebidas.
O segundo aspecto da empatia, o negativo, é quando vivemos com base nos mesmos valores, da mesma forma que viveram nossos antepassados, sem acompanhar as mudanças que exigem de nós, todo e qualquer tipo de aceitação ou adaptação a elas.
O fato de não aceitar as mudanças atuais e necessárias para um bom convívio, impede o acompanhamento, a vivência e o conhecimento do outro, dificultando assim, os relacionamentos humanos, imprescindíveis no nosso cotidiano.
Outro ponto a ser considerado é que não podemos confundir a empatia com o viver a vida do outro. O fato de sermos capazes de entender outras vivências e conseguir nos visualizar na mesma situação, não pode ser confundido ou esquecido. Faz-se necessário lembrar que é o outro quem está vivendo determinado problema ou situação.
A empatia, quando aplicada ao cyberbullying, necessita de ser entendida e aceita, principalmente pelos autores da referida prática. Eles precisam saber o resultado de suas atitudes e para isso, nada melhor do que levá-los a se colocar no lugar desta. São formas simples e práticas que surtirão efeito rápido, pois de fácil entendimento para todos.
As pessoas empáticas possuem hábitos que conseguem mudar nossas mentes e levar-nos a perceber que a empatia é o cerne da natureza humana. Conseguem ativar a curiosidade e tirar “nossa máscara emocional”, transportando-nos para outras mentes via artes: cinema, música, literatura, redes sociais e internet.
A imaginação também é uma arte a ser exercitada na empatia, pois possibilita o “viajar” consciente para colocarmo-nos no lugar do outro, inclusive dos próprios inimigos ou daqueles que possuem culturas diferentes da nossa.
A família, escola e sociedade em geral devem considerar a empatia como uma prática natural, segura e que, quando trabalhada junto aos adolescentes, trará retornos num curto espaço de tempo.
Sônia Maria dos Santos Araújo – Ms. Em Educação
O respeitar faz bem!