O poder do toque
Comentando sobre este artigo, fazendo reproduzir aqui as minhas experiências acerca do toque em que me refiro aos cumprimentos ordenados pelo padre na Igreja na hora da Missa.
Tenho o habito de ir a Missa todas as quartas feira, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, aqui de Frutal/MG, e uma das praticas que acho muito importante e positiva é este momento dos cumprimentos, onde procuramos faze-lo com maior numero possível de pessoas, visto o beneficio que é este momento de troca de energias e o bem estar proporcionado a priori. É o que realmente sinto após a pratica.
Pena que hoje os Padres estão deixando de ordenar esta pratica, provavelmente em função de prevenir gripes, resfriados, etc.
Falamos ainda da importância do abraço e também referindo a importância das massagens, dedicadas a saúde em geral, onde pessoas com problemas de coluna e nervos ciáticos, que com intervenção de profissional capacitado, muitas vezes recuperando instantaneamente. Podemos citar aqui em Frutal/MG, o Sr. Belchior Matias de Oliveira, grande profissional e grande na profissão, pois tem estatura mediana. Ele manda a pessoa dar alguns passos vai e vem e ele já descobre, onde o nervo esta travando e com pequenos exercícios corretos a pessoa já sai aliviada.
Sou prova fiel, pois já aconteceu comigo, varias vezes antes de praticar a ginastica Tibetana.
Os atletas, especialmente do futebol recompõem rapidamente as energias com as massagens rápidas de seus profissionais de massagens, nos intervalos dos jogos, voltando a campo muitas vezes renovado.
Falei?
A seguir passo artigo e estudo correlato da Revista Seleções, edição de Maio/2017, como seguem:
“Ele é vital para a saúde, o bem-estar e a felicidade, dizem os principais neurocientistas do mundo.
Por Anne Mullens
A cada dois ou três meses, Thyago Ohana sai pelas ruas movimentadas de Viena com um grande sorriso e um cartaz onde se lê “Abraços gratuitos”. O belo brasileiro de 32 anos, que trabalha com comércio internacional na embaixada da Índia em Viena, escolhe um local popular como a histórica rua comercial Kaertner Strasse. Ali ele abre os braços para quem quiser um abraço caloroso.
Ele faz isso porque, em 2012, quando estava se sentindo muito estressado e ansioso numa visita a Paris, um desconhecido lhe deu um abraço gratuito. Ele nunca esquece o modo como o abraço o encheu de calma e alegria inesperadas.
Para quem aceita a oferta, o abraço recebido faz rir e sorrir. Às vezes faz mais, como no caso da idosa em um grupo de turistas que parou para observá-lo. O grupo continuou, porém ela pediu:
- Posso receber um abraço?
- É claro! – respondeu Thyago, que a envolveu em seus braços.
Quando se separaram, ela continuou segurando os ombros do rapaz e o olhou nos olhos.
- Obrigada – disse ela. – Não me lembro da última vez em que fui abraçada assim.
É uma lembrança que ainda emociona Thyago. “Foi um momento muito forte de conexão humana. É por isso que continuo fazendo”.
Dos cinco sentidos do ser humano, o tato é o que tendemos a valorizar menos e o que mais nos faria falta. “Uma criança pode nascer cega ou surda e crescer sem problemas, sem prejuízo cognitivo”, diz o neurocientista americano David J. Linden, autor do livro Touch: The Science of Hand, Heart and Mind (Tato: a ciência da mão, do coração e da mente). “Mas se o bebê for privado do toque social amoroso durante os dois primeiros anos de vida, desastres de todo tipo acontecerão”.
Linden cita a experiência terrível de algumas crianças pequenas privadas do toque amoroso em orfanatos romenos nas décadas de 80 e 90 e explica que, além das dificuldades psicológicas e intelectuais, seus sistemas imunológico e digestório não se desenvolveram adequadamente.
Hoje, essa é uma das razões para o bebê despido, ao nascer, ser colocado sobre a pele nua da mãe. Pesquisas atuais incentivam a acariciar bebês prematuros e pegá-los no colo com frequência, mesmo que seja por aberturas especiais nas incubadoras. E também por isso as aulas de técnicas de massagem infantil têm partidários fervorosos no mundo inteiro.
Elsie Peña Tretvik, da cidade de Molde (na Noruega), buscou essas aulas porque queria acalmar e interagir com sua filhinha Maya, que tinha muitas cólicas. Nascida e criada na Costa Rica, Elsie visitou a terra natal com Maya, de 3 meses, mas toda noite a filha passava até três horas chorando sem parar.
Uma de suas antigas amigas, Paola Rodriguez, era presidente da Associação Internacional de Massagem Infantil, que tem uma filial na Costa Rica entre as mais de trinta sedes internacionais. Quando Elsie entrou em contato para pedir ajuda, ela lhe sugeriu que fizesse um dos cursos de cinco dias da entidade. O curso mudou a vida de Elsie. “Além de ajudar Maya a relaxar e aliviar as cólicas, aprendi a ler suas deixas emocionais, e minha confiança como mãe aumentou”.
Ela decidiu se formar professora de massagem infantil e hoje oferece o curso aos pais de Molde. “O benefício é imenso. Eu e meu marido fizemos o curso junto”, disse Elsie.
O segundo filho nasceu recentemente, e Elsie ensinará Maya, hoje com 2 anos, a fazer alguns carinhos suaves para ajudar.
Só em anos mais recentes a ciência começou a compreender o sistema extremamente complexo de nervos, sensores e receptores quem ligam a pele e o cérebro ao meio ambiente e às outras pessoas presentes. Linden diz que “ainda há muito que não sabemos sobre as várias sensações do tato”. No entanto, sabemos que “há sensores separados para textura, vibração, pressão e coceira”, diz ele.
Um dois principais pesquisadores do tato no mundo é o Dr. Hakan Olausson, professor de Neurociência Clínica da Universidade de Linkoping, na Suécia. Ele fazia parte da equipe que descobriu fibras aferentes C, fibras especiais do tato referentes responsáveis por registrar e transmitir o significado emocional de toques e carinhos lentos e suaves. Esses nervos reagem muito bem quando tocados em 32°C – a temperatura da mão humana. “Eles são especialmente sensíveis aos carinhos dos outros, mas também reagem a muitos tipos de toque, como pressões na pele”, diz o Dr. Olausson.
Quando não funcionam direito, as fibras C táteis podem dificultar a ligação emocional com outras pessoas. A pesquisa encabeçada em 2016 pelo neurocientista Francis McGlone na Universidade Liverpool John Moores, na Inglaterra, constatou que as crianças no espectro do autismo podem ter um funcionamento diferente das fibras C táteis e achar desagradável o toque suave de outra pessoa.
Quando envelhecemos, o tato fica menos sensível, mas Dr. Olausson e outra equipe de pesquisadores descobriu que o prazer do toque se mantém e até aumenta com a idade.
Infelizmente, como bem sabe Thyago Ohana, os idosos, embora apreciem mais o toque, talvez sejam os mais privados dele. Linden observa que a pesquisa deixa claros os benefícios da massagem e de outras formas de toque social para idosos, mas isso ainda não se espalhou amplamente por casas de repouso e outros serviços de saúde voltados à terceira idade.
O Dr. Manuel Arroyo-Morales é professor de fisioterapia da Universidade Granada, na Espanha, onde pesquisadores estudam o “efeito das mãos sobre o corpo humano”. Ele e sua equipe estão interessados principalmente no impacto da massoterapia em pacientes com câncer, já verificaram que ela reduz parte da dor e da fadiga, fortalece o sistema imunológico e diminui a ansiedade.
Um achado importante foi que alguns resultados dependem da atitude do paciente perante o toque e do relacionamento entre terapeuta e paciente. O tipo específico de massagem e o “relacionamento do toque consensual” é que trazem os maiores benefícios, diz o Dr. Arroyo-Morales.
Joannie McCutcheon, 65 anos, sabe disso por experiência própria. Em 2005, ela morava em Amsterdam e trabalhava como especialista em informática de uma multinacional até receber o diagnóstico de dois tumores no cérebro. Um era um meningioma benigno, o outro um oligodendroglioma mais agressivo. Elas os batizou de Melanie e Ollie. “Eles fazem parte de mim; eu precisava aceita-los”.
Joannie fez uma cirurgia para remover parte de Ollie (a outra parte era inoperável), que, em geral, mata em poucos anos. Separada do marido e com filhos adultos, ela voltou para a Escócia em 2007 e, em 2015, tornou-se voluntária da Iris Cancer Partnership, entidade que oferece aos pacientes com câncer massagens gratuitas feitas por terapeutas formados. Joannie aplica seu conhecimento de informática na diretoria da Iris e, como paciente, recebe uma massagem a cada três semanas de Angela Secretan, sua massagista pessoal e hoje amiga.
“Posso chegar exausta e com dor de cabeça. Ela massageia minha cabeça ou as costas e faz reflexologia nos pés. Parece que ela sabe instintivamente do que preciso, e juntas decidimos o que é melhor para mim naquele momento. É sempre maravilhoso, e saio sentindo que está tudo bem outra vez”.
Joannie acha que as massagens regulares, além da atitude que adotou com os tumores, que seriam uma dádiva que trouxe novos relacionamentos para sua vida, a mantiveram viva depois que outros com o mesmo diagnostico morreram.
Além de sustentar a vida, a ligação emocional da terapia do choque também pode ter um efeito profundo e comovente no fim da vida. Simon Robey sabe disso muito bem. Ele é coordenador de terapias complementares e chefe interino do tratamento de apoio da casa de repouso St. Joseph’s, em Londres. Como parte do tratamento, a entidade oferece gratuitamente uma variedade de terapias do toque, não só aos pacientes moribundos, como aos familiares e entes queridos, todos sob o peso de um enorme estresse.
Simon Robey descreve a experiência de uma moça e trinta e poucos anos a poucas horas da morte. A família lhe dava assistência e ficava a seu lado dia e noite, mas o terapeuta deu apoio adicional com massagens nas mãos, pernas e pés. “Ela perdia e recuperava a consciência, mas todos notaram que ficou bem, mais relaxada e realmente reagiu àqueles toques sensoriais. Para a família, foi bem tranquilizador ver que aquilo ajudou a deixar mais confortáveis suas últimas horas de vida”.
E como obter mais toques amorosos na vida cotidiana enquanto estamos fortes e saudáveis? Para alguns, a resposta são as “festas do aconchego”: eventos não sexuais de três horas ou mais cujos participantes só fazem se aconchegar.
O Salão Irlandês do Aconchego ocorre em Dublin, na Irlanda, no terceiro domingo do mês. Wendy Stephens, 33 anos, soube dele por uma amiga. Solteira, morando perto de Dublin, ela estava nervosa e achava que poderia ser constrangedor. Mas acabou tendo uma experiência linda e não faltou nenhum mês desde então. O sono e o apetite melhoraram, os sentimentos de solidão diminuíram e hoje ela se aceita melhor.
O neurocientista David J. Linden diz que, dentro das regras e ideias culturais, “maximizar o toque na vida é uma coisa boa”, seja com massagens terapêuticas, dando as mãos, acariciando um cão, indo ao cabeleireiro, abraçando os filhos, os parceiros e até desconhecidos. “Quando pomos as mãos uns nos outros”, escreveu Linden com Martha Thomas num número recente da revista AARP Magazine, “mobilizamos associações profundas entre o toque e a emoção que foram despertadas na aurora da vida”.”
Frutal/MG, 06 de novembro de 2017.
José Pedroso