Na primeira curva!

O medo é o que mais atormenta o adolescente, de ambos os sexos: medo de ser feio, medo de não ser querido por esta ou aquela “mina”, medo de ser desprezado pelos amigos, medo de que aquele rapaz não queira “ficar” com ela e o maior medo vivido nos tempos atualmente: medo de ser uma vítima de cyberbullying.

Esta insegurança vivida no presente, associada à incerteza de ser, no futuro ou a qualquer momento, uma vítima, produzem e alimentam o medo vivido, tornando-o mais intenso, mais forte e com isto, mais doloroso, pois induz à sensação de fraqueza, de impotência, levando-os a pensar que não estão mais no controle, seja individual ou coletivo.

A cobrança feita pelos adolescentes, a si mesmos, os conduz a dificuldades encontradas logo na primeira curva: precisam ser muito bonitos, usar roupas de grife, aceitar tudo que a maioria impõe ou então eles não pertencerão aquele grupo, o que implica na possibilidade de se tornar uma provável vítima de cyberbullying.

Isto os leva a pensar e agir, de maneira, na maioria das vezes não condizente com a visão de mundo que eles têm, mas que, limitados pela falta de opção, lançam mão do que encontram pela frente. Quando questionados, muitos dizem que conhecem o cyberbullying, sabem o quanto ele maltrata, mas são induzidos a tal prática, pois sentem medo de ser uma vítima.

Este medo de não ter amigos, medo do diferente ou de chamar a atenção, faz muito mal aos adolescentes, porque na busca pelo pertencimento, na tentativa de se enquadrar a este ou aquele grupo ou mesmo se aproximar daquele que comanda, eles podem ser induzidos a praticar o cyberbullying.

Sabemos que não é possível viver sem nenhum tipo de medo, mas também precisamos ter segurança e saber administrar ou mesmo conviver bem com o medo, isto é, se não podemos eliminar totalmente nosso medo, pelo menos eliminemos o que for possível.

Isto precisa ser transmitido aos adolescentes, para que sejam adultos seguros de si e se acaso, baterem de frente com a insegurança, não se deixarem levar por ela. Esta insegurança, que sempre conduz ao medo, não é derivada de uma carência de proteção, mas sim da falta de clareza do que se deve ou não fazer, do porquê de se agir desta ou daquela maneira.

Um adolescente resiliente será capaz de controlar seu medo, seja em relação ao real ou virtual e isto o conduzirá a não praticar o cyberbullying, pois ele conhece o medo e a capacidade deste em alterar a mente do outro, que talvez não seja tão seguro quanto ele.

Assim irá preferir fazer uso de atitudes saudáveis tanto para os outros quanto para si mesmo.

Sônia Maria dos Santos Araújo – Ms. Em Educação

O respeitar faz bem!