A LIBERDADE... A VONTADE... "UMA PROTEÍNA ABALA o REINO UNIDO" - 4ª parte do 3º "capítulo".

A LIBERDADE... A VONTADE... “UMA PROTEÍNA ABALA o REINO UNIDO” – 3º “capítulo”.

Saindo de BUENOS AIRES (em 1951) e chegando em SÃO PAULO – a “LOCOMOTIVA” do BRASIL e a capital das “FOFOCAS” - (décadas depois) – 4ª parte do 3º “capítulo”.

Um Peregrino..."Estrangeiro e Peregrino sobre a Terra".

Blog pessoal de LUCIO BAENA de MELO.

Quinta-feira, 08 de maio de 2014.

RICARDO VERONESI 10 anos sem o Mestre.

“Foto: - De RICARDO VERONESI".

Nós estivemos juntos pela última vez em um velório. Em abril de 2002, nas dependências da Congregação da Faculdade de Medicina da USP, a comunidade médica rendia suas homenagens a um dos monstros sagrados da arte hipocrática: - A morte de CARLOS da SILVA LACAZ.

Naquele ambiente que se respira História da Medicina, lado a lado, comentávamos a recente perda para São Paulo, o Brasil e a humanidade.

Depois conversamos por algum tempo sobre família, minha cidade e depois ainda falaríamos algumas vezes ao telefone.

Dois anos depois chegaria sua vez.

Conheci Prof. VERONESI enquanto eu era aluno da Faculdade de Medicina em Londrina.

Sempre atento às Biografias Médicas e ao estudo de nossa história caiu-me às mãos (o dono do exemplar é meu colega de turma Paulo Navarro) a biografia do Prof. Renato Locchi, anatomista, discípulo direto e herdeiro da tradição de Prof. Alfonso Bovero, nome este que renderia um adjetivo cujo significado era austeridade, dignidade, retidão e competência.

Dos anos 30 aos 70, os possuidores de tais qualidades eram nomeados “à boca pequena” de “Boverianos”.

Após a leitura deste livreto, de autoria do Prof. Liberato Di Dio (que também conheci através dos Professores Lacaz e VERONESI) decidi conhecer mais sobre a História da Medicina em SP e acabei conhecendo o Prof. RICARDO VERONESI.

Descendente dos “italianinhos do Brás” (como ele dizia), na adolescência cogitou ser oficial da Polícia Militar de São Paulo (antiga Força Pública).

Tal ideia foi deixada de lado por influência de outro nome sagrado da cardiologia brasileira: - Bernardino Tranchesi.

Seu grande colega de turma era outro nome honrado da cardiologia: - João Tranchesi.

Formado médico em 1946 cuja nome de turma foi o Prof. Renato Locchi. Especializou-se em INFECTOLOGIA e em especial VIROLOGIA.

Currículo invejável, fundador de sociedades, detentor de prêmios internacionais e autor de leis que trouxeram grande benefício à coletividade.

Em 1960 lançou seu tratado que ainda hoje é referência na especialidade.

Conheci pessoalmente em 1993. Daí os encontros e conversas se tornaram frequentes.

Ajudava-me em meus estudos de história e falava das dificuldades da carreira médica, dos sucessos, de seus trabalhos, dos vieses.

Falava de seus colegas de turma, das saudades da época de faculdade e de seus inesquecíveis mestres.

Com muito carinho comentava de sua saudosa esposa Ofélia. Suas filhas e netos eram motivo de grande orgulho.

VERONESI era polêmico. Conservador nas esferas políticas. Possuía seus desafetos políticos e também no próprio meio médico.

Talvez hoje, se vivo, sua voz seria mais ouvida em virtude da podridão política que vivemos.

Seria um feroz combatente da esquerda brasileira e de toda a chaga que nos tem imposto.

Um dia me surpreendi com um telefonema. Fora convocado a comparecer em sua casa, no bairro do Pacaembu, em São Paulo.

Marcamos a data que não interferiria em meu calendário escolar e lá compareci.

Chegando lá, havia uma papelada amarela jogada nos sofás e no chão. Fotos e anotações. Queria compartilhar comigo seu mais novo trabalho: - A organização das comemorações do CINQUENTENÁRIO de sua turma de MEDICINA.

Mostrou-me cartas, fotos, o projeto do livro que estava confeccionando com outros colegas de turma.

Parecíamos duas crianças ajoelhadas vendo papéis. Mostrou parte do livro escrito à mão por ele.

Perguntava o que eu achara, pediu algumas opiniões (quem seria eu pra aconselhar um homem de sua envergadura?).

“Foto: - Do livro “Jubileu de Ouro” – 1946-1996 – Turma XXIX – Éramos 102... - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Editora ATHENEU - Elaborado pelo Prof. RICARDO VERONESI com a participação de outros seis colegas de turma”.

Observação do escriba: - O Prof. RICARDO VERONESI foi diplomado em Ciências Médicas na Turma XXIX. (29ª turma), em 1946. Pelos meus cálculos cheguei à conclusão de que a Faculdade de Medicina da USP deveria ter sido fundada em 1911. Na realidade ela foi fundada em 1913.

Meses depois eu recebia em casa um exemplar com uma belíssima dedicatória. O exemplar está guardado com zelo. A dedicatória muito me enlevou.

Não mais a um mero aluno, e sim ao “amigo”. Amizade que sempre me orgulhei.

Um de seus ensinamentos que talvez mais me tenha marcado: “Orgulhe-se de sua escola! Honre sempre o nome de sua escola, e nunca se esqueça dela!”

Tenho tentado, mestre! Tenho tentado!

Numa de nossas conversas, regadas com um pouquinho de uísque, ele me disse: - “Você é um idealista e valoriza a história. Isso é raro hoje em dia. Se Locchi vivo fosse e te conhecesse, seria considerado um Boveriano”.

Quem me dera, Professor. Quem me dera! Falta muito, muito...

Hoje faz 10 anos que o mestre se foi, aos 85 anos.

Saudades...

Postado por LUCIO BAENA de MELO às quinta-feira, maio, 08, 2014.

FOLHA de S. PAULO – São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004.

Médico RICARDO VERONESI morre aos 84 anos em SP. DA REPORTAGEM LOCAL

Foi enterrado ontem, no Cemitério Parque Jaraguá, em São Paulo, o professor doutor emérito da Faculdade de Medicina da USP RICARDO VERONESI.

Aos 84 anos, INFECTOLOGISTA ativo e POLÊMICO, VERONESI ocupou dezenas de cargos e ESCREVEU DEZENAS de ARTIGOS e LIVROS.

Foi administrador hospitalar pela Associação Brasileira de Hospitais e consultor da OMS - Organização Mundial da Saúde, além de ocupar os cargos de presidente da Sociedade Brasileira de INFECTOLOGIA e da Sociedade Panamericana de INFECTOLOGIA.

RICARDO VERONESI era viúvo de Raphaella Aliberti Veronesi e deixa as filhas Tania, Thais e Eliane, além dos netos Marcelo, Ricardo e Caio.

Entre suas funções públicas, ocupou o cargo de Secretário Municipal da Saúde na primeira gestão de Paulo Maluf como prefeito de São Paulo.

Como secretário, ele defendia que cuidados primários em saúde fossem levados à periferia, de forma que doenças simples não se agravassem e que hospitais e prontos-socorros de maior complexidade fossem reservados a casos graves.

Uma de suas ideias polêmicas era a intervenção em favelas, que dizia serem criadouros de violência e de doenças. Desejava também uma triagem e um treinamento dos profissionais de saúde, de forma que pudesse dar melhor atenção aos pacientes, especialmente os mais simples. Fora do governo, foi um crítico das políticas de AIDS, tuberculose e sarampo.

Observatório da Imprensa. – Edição 959.

O COQUETEL de "MILAGRES".

Por lgarcia em 27/01/2004 na edição 261.

Luciano Martins Costa (*)

A redução do interesse da imprensa brasileira por temas sociais é um dos pontos percebidos por analistas que costumam produzir relatórios sobre tendências da mídia a pedido de grandes empresas, geralmente multinacionais, e entidades setoriais de negócios.

O nascimento de uma revista sobre responsabilidade social, Brasil Responsável, está sendo saudado como a tábua de salvação para executivos encarregados das boas ações corporativas e seus assessores de comunicação.

Mas o problema não se resolve aí e não se resume às pautas específicas sobre como o capitalismo pode devolver em bem-estar uma parte de seus lucros.

O problema apenas começa onde se manifesta, como uma pedra de gelo num copo de uísque.

Roseli Tardelli e sua Agência de Notícias da Aids estão na outra ponta dessa corda.

Militante na luta contra o mal du siècle há mais de uma década, Roseli tem batalhado para chamar a atenção dos jornalistas para a seguinte realidade: - 42 milhões de pessoas têm o HIV. 5 milhões foram infectados somente em 2002. As pessoas não usam preservativo. Os jovens só usam camisinha até o terceiro relacionamento com o mesmo parceiro.

Daí, ela pergunta: - Com todos esses dados, por que a Aids não está na sua pauta?

Para Roseli, e outros profissionais que se dedicam a problemas sociais endêmicos, a indiferença da mídia em relação a tudo que não seja indicadores espetaculares ou dados impactantes cria a distância entre uma atividade que faz sentido e um sacrifício inócuo.

No caso da Aids, desde que se noticia o aumento da eficiência dos medicamentos chamados de anti-retrovirais, a imprensa perdeu completamente o interesse pelo assunto.

A última morte de uma celebridade brasileira infectada pelo vírus da Aids aconteceu no ano 2000, em 05 de maio.

Depois do falecimento de Sandra Bréa Brito, a busca por informações sobre a síndrome decaiu gradual e rapidamente, com o tema voltando ao noticiário eventualmente, a partir de estatísticas sobre a África ou novidades a respeito da terapia.

FALTA o ESSENCIAL.

O esforço realizado pelo governo brasileiro em 2002, para se contrapor aos interesses de algumas Indústrias Farmacêuticas e manter o elogiado serviço público de assistência aos infectados, ganhou espaço até o começo do ano passado.

O efeito dessa mudança de abordagem na opinião pública é trágico: - O número de vítimas da doença cresceu exponencialmente, com uma porcentagem de incidência maior em indivíduos heterossexuais e o surgimento de uma geração de jovens homossexuais deseducados para o sexo seguro.

Até 1996, a proporção de rapazes homossexuais com idades entre 15 e 24 anos nas estatísticas dos infectados não passava dos 8% ? Hoje, eles são 15% do total de vítimas da Aids.

Na opinião de especialistas, como a terapeuta Maria Cristina Martins, da Unicamp, consolidou-se uma ilusão de que o avanço da medicina teria transformado a síndrome em doença crônica com a qual se pode conviver sem problemas.

A imagem do aidético de faces encovadas, pele amarelada e olheiras profundas foi substituída por alegres personagens que levam uma vida quase normal, graças ao coquetel de medicamentos que uma política de saúde elogiada em todo o mundo coloca à disposição dos soropositivos.

O noticiário mais preocupante remete a imaginação para tribos remotas ou países devastados pela guerra na África, como se não fosse a América Latina um dos três territórios do mundo mais afetados, com mais de 1,5 milhão de casos relatados.

Enquanto a imprensa não nos apresenta um modelo de abordagem intermediário entre o ESTILO ALARMISTA, que fez a FAMA do CONTROVERTIDO INFECTOLOGISTA RICARDO VERONESI, e o ALVISSAREIRO, à MANEIRA do “FANTÁSTICO, o SHOW da VIDA”, ficam as autoridades sanitárias e os militantes como Roseli Tardelli sem o essencial apoio da mídia para alertar a opinião pública.

Como no caso da violência, que só frequenta o noticiário quando a vítima é uma celebridade ou um personagem fashionable, o que nos servem no noticiário é um coquetel de milagres que insensibiliza a sociedade para as verdadeiras dimensões do problema e contribui para consolidar em toda uma geração uma doentia negação do risco.

Falta à nossa imprensa o essencial para entender que entre o alarmismo e a credulidade numa ciência infalível fica o terreno do verdadeiro jornalismo.

Aquele que educa, previne e mantém a sociedade em alerta para a defesa de seus interesses.

(*) Jornalista.

"RADIOGRAFIA da FOFOCA” – Observatório da Imprensa.

Roberta Paixão.

Nos últimos dois meses, a atriz GLORIA PIRES, de 33 anos, tentou o suicídio pelo menos duas vezes.

Uma por ingestão de remédios para dormir, outra com um tiro na cabeça. Deu entrada, em estado grave, em dois hospitais: - A Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, e o Albert Einstein, em São Paulo.

A razão do tresloucado gesto é digna de uma peça de NELSON RODRIGUES. Seu marido, o cantor ORLANDO MORAIS, de 34 anos, estaria tendo um caso com a filha do primeiro casamento da atriz, CLEO, de 15 anos.

Esta, por sua vez, fez pelo menos dois abortos recentemente. Um em Portugal, outro em Los Angeles.

Se as linhas acima fossem verdadeiras, a vida de GLORIA PIRES se teria transformado numa tragédia grega.

Felizmente, o infortúnio da atriz é menos grave, embora não deixe de ser tremendamente incômodo. Ela é vítima da indústria do boato. Devido aos rumores que cercam sua vida desde março, a estrela da Globo deixou de sair de casa.

Até a semana passada, GLORIA PIRES evitava atender ao telefone para não ter de desmentir, pela enésima vez, notícias sobre a própria morte.

Aonde quer que fosse, seu marido era olhado com desconfiança. CLEO, por sua vez, não aguentava mais as maledicências dos colegas no Colégio São Marcelo, do Rio, onde cursa a 8ª série.

O pai da menina, o cantor e ator FÁBIO JR., não quer falar sobre o assunto, mas está preocupado.

A vida da atriz e de sua família virou um inferno. Para escapar dele, GLORIA, ORLANDO, CLEO e a filha mais nova do casal, ANTONIA, de 05 anos, partiram para Los Angeles na quinta-feira passada. Eles devem passar três meses nos Estados Unidos, durante os quais a atriz estudará inglês e ORLANDO fará cursos de aperfeiçoamento na área musical.

O casal já planejava essa viagem há algum tempo, mas não tinha ainda data para fazê-la. Em vista dos acontecimentos, resolveu partir imediatamente. "Estou cansada dessa história toda", desabafa GLORIA PIRES. "Não entendo essa loucura. Como uma situação completamente improvável pode ganhar tanta força?"

A fofoca é uma instituição que existe desde o tempo das cavernas, quando não havia sido inventada a escrita e todas as informações, verdadeiras ou não, eram transmitidas oralmente.

Milhares de anos depois, o boca-a-boca continua a ser a fonte primária de fuxicos que dificilmente são a favor — a fofoca eficiente, afinal de contas, é sempre aquela que ajuda a manchar reputações.

Fofocas que envolvem personalidades famosas, como atores e políticos, tendem naturalmente a amplificar-se, ganhando a condição de boato. Até aí nada de muito problemático.

A dor de cabeça é quando boatos desembarcam nas páginas de jornais e nos programas da mídia eletrônica. A partir desse momento, eles ganham legitimidade, status de notícia. É difícil livrar-se de um boato quando ele atinge esse estágio.

Muitas vezes, os desmentidos públicos têm efeito contrário — se os atingidos não tiverem uma prova material, o que quase sempre é impossível, ajudam a divulgá-lo ainda mais e mantêm acesa na cabeça das pessoas a dúvida de que tudo, afinal, pode ter um fundo de verdade.

A lógica do boato é tão perversa que ele ganha força na medida em que incorpora ingredientes inverossímeis. Trata-se de um caso típico de como funciona a psicologia das multidões.

"Os boatos agem como um sismógrafo dos sentimentos e emoções mais recônditos", explica o historiador NICOLAU SEVCENKO.

BOATO.

Rumores sobre a VIRILIDADE do ATOR, um GALÃ em ascensão, que namorava BETH FARIA.

COMO COMEÇOU.

Em 1977, com uma nota no jornal carioca Luta "Democrática".

COMO TERMINOU.

O ator ganhou três salários mínimos como indenização por ofensas e danos morais, e teve direito a publicar uma retratação.

BEIJO na BOCA.

Na era da comunicação de massa, o boato nasce da superexposição da imagem. As celebridades aparecem na televisão, em colunas sociais, nas rádios e em revistas de fofocas, tornando-se próximas do público.

As pessoas comuns passam a tratá-las como se fossem amigas, vizinhas ou até mesmo parentes. Essa proximidade é tal que telespectadores e leitores se sentem no direito de tecer comentários sobre a vida privada de gente famosa.

É nesse terreno que cresce a maldade. Nos últimos anos, o tipo de boato mais constante é que DETERMINADA CELEBRIDADE ESTÁ com AIDS.

Isso acontece sempre que alguém aparece numa foto com alguns quilos a menos. Foi o caso do ator TONY RAMOS em 1993.

TONY RAMOS em 1993.

Adepto do estilo de representar do ator americano ROBERT De NIRO, que incorpora fisicamente seus personagens, TONY RAMOS emagreceu 10 quilos para interpretar seu papel numa montagem de “A Morte e a Donzela”, clássico de esquerda do autor chileno ARIEL DORFMAN.

Foi o bastante para que o rumor se espalhasse. Pelo mesmo motivo — emagrecimento — já foram apontados como portadores do vírus HIV CLÁUDIA RAIA, NEY MATOGROSSO, NATÁLIA do VALLE, LULU SANTOS e FAFÁ de BELÉM, entre outros.

O próprio boato que envolve a família de GLORIA PIRES pode ter tido origem numa foto.

No dia 8 de maio de 1997, o jornal O GLOBO publicou uma foto na coluna do SWANN em que ORLANDO MORAIS e a menina CLEO aparecem dando um beijo na boca.

Não é, claro, um beijo cinematográfico, mas uma beijoca dessas que alguns jovens usam comumente para se cumprimentar.

UMA BICOTA. O fato de CLEO usar um piercing na sobrancelha e aparecer em colunas sociais com roupas colantes pode ter ajudado a incendiar a imaginação dos boateiros. "Ela é bonita e tem personalidade, mas as pessoas veem maldade em tudo", indigna-se GLORIA PIRES.

Tudo começa, então, com a imagem. Depois vem o desenvolvimento. Numa ária da ópera “O Barbeiro de Sevilha”, o personagem DON BARTOLO compara a calúnia a uma brisa, que vai aumentando até se transformar num furacão (veja quadro).

Como dizia o personagem do compositor GIOACHINO ROSSINI, o rumor vai ganhando cada vez mais detalhes, em geral acrescentados por pessoas que trabalham próximas às celebridades e desejam aparentar mais intimidade com elas do que realmente têm.

Os bastidores das redes de televisão, com seus câmeras, maquiadores e cabeleireiros, são, assim, um campo fértil para a fofoca. A nascente do boato está quase sempre ao lado da vítima, e, uma vez lançado, ele se espalha como fogo num rastilho de pólvora.

O embaixador ITALO ZAPPA, falecido no ano passado, costumava divertir-se com uma brincadeira que fazia no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, onde trabalhava no final dos anos 60.

De manhã, ele contava, na base do segredo, uma história sem fundamento para alguns de seus colegas. De tarde, em seu gabinete, divertia-se ao observar que a história contada horas antes ganhara detalhes novos e por vezes escabrosos.

ALLEN CARIOCA — Mas como é que uma fofoca, transformada em boato, vai parar nos jornais? Teoricamente, nenhum veículo sério publica ou coloca no ar uma informação que não esteja checada, sob pena de perder sua credibilidade.

Ainda assim, boatos frequentemente são noticiados como sendo verdadeiros, e não só em relação a personalidades. São famosos os casos de invencionices como o "chupa-cabras", um monstro que estaria atacando animais em sítios e fazendas do interior.

Também houve a história, amplamente divulgada na imprensa, do ET de Varginha.

Esses boatos foram tratados como notícias em diversos veículos de informação porque atiçavam o interesse dos leitores. Mas há outros exemplos em que os desdobramentos vão muito além do folclore e da bizarrice.

Em economia, eles são abundantes. O último boato econômico falava na "quebra" do Banco Real. O diz-que-diz do mercado financeiro causou um tremendo prejuízo ao banco (veja quadro).

BOATO.

CLÁUDIA RAIA e a AIDS.

COMO COMEÇOU.

Em 1992, o MÉDICO PAULISTA RICARDO VERONESI declarou a JORNALISTAS que a ATRIZ seria portadora do vírus HIV.

COMO TERMINOU.

Ela submeteu-se a um exame de SANGUE e convocou a IMPRENSA para mostrar o resultado negativo. CLÁUDIA RAIA processou VERONESI. “Foto: João Santos”.

A principal brecha nos jornais para a divulgação de BOATOS são as COLUNAS SOCIAIS. Elas fazem muitas vezes insinuações sem citar nomes.

GLORIA PIRES foi vítima, mais do que ninguém, desse tipo de jornalismo.

A FOFOCA sobre sua família saiu publicada pela primeira fez no dia 30 de março na coluna do jornalista FRED SUTER, do jornal carioca O Dia.

A nota dizia, sob o título "Tititi": - "O insosso ORLANDO MORAIS tanto fez que conseguiu: - É o assunto obrigatório, de uns dias para cá, em todas as rodas de conversa".

SUTER conta que havia recebido a informação do suicídio de GLORIA PIRES de uma amiga "seríssima". Checou a informação e viu que não procedia.

"Resolvi, então, dar apenas a notícia sobre o rumor, sem contar a história", diz ele.

Depois disso, o caso reapareceu quatro vezes na coluna do SWANN, do jornal O GLOBO, escrita pelo jornalista ALESSANDRO PORRO. "A história me foi passada por um amigo de toda a confiança.

Dei a notícia, mas não revelei os nomes por prudência", justifica-se PORRO. O título de uma das notas era o seguinte: - "WOODY ALLEN, mas com gosto carioca", numa alusão ao diretor americano que, em 1992, se apaixonou pela enteada SOON-YI PREVIN enquanto ainda era casado com a ATRIZ MIA FARROW.

Observações do escriba

1ª – A ATRIZ MIA FARROW quando criança foi vítima da POLIOMIELITE.

2ª – WOODY ALLEN era um tarado mesmo.

3ª – Por causa do rumoroso caso de WOODY ALLEN com a enteada, o cantor FRANK SINATRA, quase manda a “MÁFIA BARULHENTA” quebrar as pernas do tarado.

4ª - A ATRIZ MIA FARROW era muito “amiga” do CANTOR FRANK SINATRA.

5ª – Por outro lado a “MÁFIA BARULHENTA” protegia o CANTOR FRANK SINATRA.

No dia 04 passado, por fim, a comentarista SÔNIA ABRÃO, da Rádio Capital, de São Paulo — que tem um programa sintomaticamente intitulado Fatos e BOATOS —, colocou no ar a entrevista com um suposto enfermeiro do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Segundo o entrevistado, GLORIA PIRES teria sido internada depois de uma de suas tentativas de suicídio. Nesse dia, a maior cidade do país não falou em outra coisa.

SÔNIA ABRÃO se defende: - "Procurei a assessoria de GLORIA PIRES e só recebi informações evasivas. Só então coloquei a entrevista no ar", diz a COLUNISTA, que parece ter se esquecido de que a ATRIZ mora no Rio de Janeiro, a pelo menos 400 quilômetros do Hospital Albert Einstein.

Na verdade, a fita com a entrevista foi especialmente editada. Nela, o "enfermeiro" afirmava que havia participado de uma lavagem estomacal à qual a ATRIZ fora submetida no hospital.

Em outro trecho da entrevista, porém, que não foi ao ar, ele dizia não ter assistido ao procedimento. Ou seja, a rádio não levou em conta a contradição, não checou devidamente a história e mostrou a seus ouvintes o que lhe convinha do ponto de vista da audiência.

Ainda o caso RICARDO VERONESI e CLÁUDIA RAIA.

Em 1992, CLÁUDIA RAIA foi inteligente ao mostrar em público um TESTE NEGATIVO de AIDS, acabando de uma vez por todas com os RUMORES, espalhados pelo MÉDICO RICARDO VERONESI, de que ela estaria com o vírus HIV.

CLÁUDIA RAIA processou o MÉDICO RICARDO VERONESI, mas perdeu. Os advogados dele CONVENCERAM o JÚRI de que o MÉDICO não havia AUTORIZADO a PUBLICAÇÃO de suas DECLARAÇÕES e que tinha feito apenas um comentário infeliz.

Com reportagem de Virginie Leite e Celso Masson.

Copyright Veja, 17/06/98.

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura, boa saúde, pensamentos positivos e BOM DIA.

ARACAJU, capital do Estado de SERGIPE (Ex-PAÍS do FORRÓ e futuro “PAÍS da BOMBA ATÔMICA”), localizado no BRASIL, Ex-PAÍS dos fumantes de CIGARROS e futuro “PAÍS dos MACONHEIROS”. Segunda-feira, 25 de setembro de 2017.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: (1) – INTERNET. (2) - OUTRAS FONTES.