Farmácia: Saúde Pública, toxicologia de alimentos e vigilância sanitária
Assis Silva
O papel do farmacêutico na sociedade é de extrema relevância para o “andamento” da saúde pública. É importante deixar claro que saúde pública não é a mesma coisa que saúde coletiva. Saúde pública, toxicologia e vigilância sanitária são três temas que se entrelaçam.
Segundo o preâmbulo do código de ética farmacêutica o “farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional farmacêutico, de modo a contribuir para a salvaguarda da saúde e, ainda, todas as ações de educação dirigidas à coletividade na promoção da saúde” . Neste pequeno trecho encontram-se já os três temas entrelaçados, quando se refere à salvaguarda da saúde. Os farmacêuticos precisam estar preparados, segundo Elaine P. S. Crisóstomo, para ajudar nas necessidades do sistema de saúde com “conhecimentos e competências que viabilizem a implementação da assistência farmacêutica como uma política de saúde, e o seu papel é fundamental para a promoção do acesso aos medicamentos com o uso racional” .
Tangente a isso vem a toxicologia, e esta pode ser definida como a ciência que visa estudar os efeitos nocivos decorrentes de substâncias químicas no organismo de seres vivos. Abrange inúmeras áreas dentre elas a de alimentos. A qual chamamos de toxicologia de alimentos e busca estudar a toxicidade das substâncias difundidas pelos alimentos. Assim sendo consegue constituir índices de segurança para que os alimentos, naturais ou industriais, possam ser consumidos sem causar danos à saúde, desde o seu armazenamento até o consumo. O farmacêutico que atua na área de alimentos normalmente exerce suas atividades nas indústrias de alimentos e têm várias funções: desenvolver métodos de obtenção de produtos alimentares para uso humano e veterinário, análise bromatológica e toxicológica, realização de controle microbiológico, químico e físico-químico das matérias-primas e produtos acabados, fiscalização junto à vigilância sanitária de alimentos, etc. Em uma entrevista à revista Pharmacia brasileira o farmacêutico Jorge A. C da Silva, afirma que “o farmacêutico é um profissional de suma importância na cadeia produtiva de alimentos” , por ser detentor de conhecimentos em Fisiologia, Patologia, Bioquímica, farmacotécnica entre outras áreas.
Em outubro de 2010 o CFF (Conselho Federal de Farmácia) aprovou uma resolução sobre a proposta que dispõe sobre o exercício profissional e as atribuições privativas do farmacêutico nos órgãos de vigilância sanitária. Tendo como objetivo orientar o farmacêutico sobre a sua atividade junto à vigilância sanitária e esclarecer aos gestores de saúde e a sociedade sobre a importância. O papel do farmacêutico da Vigilância Sanitária é o de fiscalizar todas as áreas, desde o controle da matéria-prima que serve para fabricar medicamentos (produção) até a venda destes medicamentos, passando pelas boas práticas de fabricação, transporte e armazenagem. Já que “nenhum outro profissional ou técnico, que não o farmacêutico, está preparado para fiscalizar a logística do medicamento e orientar os agentes da cadeia, desde a indústria até o consumidor final ”.
Não queremos simplesmente uma quantidade enorme de alimentos, queremos comida e comida de qualidade. Que vai desde uma saúde pública de qualidade, passando pela toxicologia de alimentos à um trabalho sério de vigilância sanitária. Pois não basta curar as doenças, é preciso preveni-las e não há melhor jeito que não seja pela alimentação de qualidade.