O sapêxe
Às voltas com uma renitente e impenitente bronquite, um doutor meu xará nada fala de chá. Sua receita, bem bela grafia permite-me a identificação de um antibiótico, um corticóide, e dois medicamentos ancilares - antes de chegar ao balcão da farmácia. Atendimento exemplar, cento e noventa e tantos a pagar. Ou a tosse a me matar?
E já avançando no tratamento, que vai pondo fim - tão lento - ao tormento, em meio ao alento, chega-me a recomendação do assa peixe. Chega também dando água na boca pela memória de uma noite de glória que suscita rever uma planta de minha infância - era sapêxe que a gente dizia - com, agora expandida e escandida serventia.
Chá de assa peixe, recomendado para o tratamento da bronquite, tá no google, com dados científicos, de convicção e prova, e até ilustração pra me avivar a recordação.
O sapêxe, comum até em fundo de quintal que de arbusto não passava e cuja ramagem facilmente se quebrava, com as suas folhas ásperas a limpar o terno de casimira de papai se prestava. E mais pinta, ao velho, então no início vicioso e viçoso da maturidade entrava. E zeloso no trajar dominical, mesmo com escova de cerdas bicolores de náilon e cabo de madeira em formato rabo de castor que comprara em loja de toucador de Belzonte, papai não abria mão do capricho carinhoso da mão de mamãe em suas costas, flancos e peito, com o bouquet de sapêxe, sempre no jeito.
Tudo malgrado a dominical sacra-premissa: operário só podia ter um dia pra preguiça.
Ele rumo à missa. Ela nunca omissa.