ATIVIDADES FÍSICAS E A OBESIDADE INFANTO-JUVENIL

Francisco de Paula Melo Aguiar

A obesidade depende direta e indiretamente do estilo de vida e dos hábitos individuais, onde claramente destacamos o comportamento sedentário, distúrbios e ou transtornos endocrinológicos e a pressão da própria sociedade. É preciso se fazer o enfrentamento da obesidade infanto-juvenil como problema de saúde pública. Devemos assim compreender que:

[...] à política de ação que visa, mediante esforço organizado e pactuado, atender necessidades sociais cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada individual e espontânea, e requer deliberada decisão coletiva regida por princípios de justiça social, que por sua vez, devem ser amparados por leis impessoais e objetivas garantidoras de direitos (PEREIRA, 2009, p. 171).

Assim sendo, se existem políticas públicas no Brasil, então existem também os direitos sociais do cidadão em qualquer idade, inclusive para os infanto-juvenis. Diante do exposto, Couto (2004, p. 33), afirma que “os direitos sociais podem ser compreendidos como enunciadores da relação entre o Estado e a Sociedade, vinculados ao projeto de Estado Social, numa tentativa de enfrentamento da questão social, incorporando-se às conquistas dos direitos civis e políticos”. E se a obesidade é uma questão de políticas públicas, então é caso de saúde pública amparada pela Carta Magna Federal de 1988, haja vista que é um direito de todos e bem assim um dever do Estado Soberano, garantir através de políticas sociais e econômicas, conforme artigos 196 a 200 do referido diploma legal.

Por outro lado, tivemos acesso à pesquisa conclusiva que “encontram-se evidências de hábitos de vida mais saudáveis em praticantes desportivos do que não praticantes”(GAYA et al, 2004, p. 178). Assim sendo, a prática de exercícios e ou atividades físicas, fatos e relatos individuais de exclusão de diversos hábitos não saudáveis, dentre os quais o uso de drogas lícitas e ou ilícitas. Portanto, cigarros e destinados, são os maiores exemplos de manutenção de uma vida sedentária e capaz de causa seqüelas diversificadas, inclusive de morte.

Não é mágica, porém, através de exercícios físicos é possível a diminuição de peso em pessoas obesas, tendo como resultado o aumento de sensibilidade receptora de insulina, bem como, o aumento de tolerância à glicose, o que vem assim diminuir a hipertensão, a obesidade abdominal, o açúcar no sangue e os lipídios sanguineos (TORTORA, 2000).

É evidente de que exercícios físicos e ou treinamentos, com orientação nutricional e física promove bem estar a adolescentes obesos. Estudos apontam que “os dados sugerem que o exercício físico, tanto aeróbio quanto anaeróbio, aliado à orientação nutricional, promove maior redução ponderal, quando comparado à orientação nutricional somente [...] (FERNANDEZ et al, 2004, p. 152). Tal afirmação é um estimulo gratificante para outros pesquisadores envolvidos no caminho do enfrentamento da obesidade.

Segundo pesquisa constatou que a prática de exercício físico favorece positivamente o hormônio do crescimento (GH) circulante infanto-juvenil, interferindo também nos diversos tipos de metabilismos lipídicos, protéicos e glicídios, sem comprometimento no tocante a estatura relacionado a prática de atividade e ou exercício físico ( SILVA, 2004).

A adesão a atividades físicas dependem da compreensão do grupo familiar e dos docentes em relação aos seus infanto-juvenis. Em pensando assim, existe pesquisa relatando que 28% (vinte e oito por cento) dentre os nadadores entrevistados mencionaram entre os diversos fatores negativos falta de vontade e ou desistência de praticar determinado esporte. Por exemplo, dez infanto-juvenis iniciam uma prática esportiva e antes do fim da temporada, dentre eles desistem três e ou quatro ( WEINBERG; GOULD, 2001). Os motivos da desistência principais alegados são: exigências e ou pressões do grupo familiar, estresse do tipo burnout, dentre outros.

E é assim mesmo, pois, isso tem como principal pano de fundo a realização de sonhos adormecidos por longos anos pelos pais que querem vê-los concretizados e ou realizados através dos filhos (VILANI; SAMULSKI, 2002, p. 16). O sonho profissional e técnico intelectual em muitos casos não é o infanto-juvenil e sim de sua família.

Por outro lado, constatamos ainda que. “[...] o padrão diário de atividades físicas dos pais tendeu ao sedentarismo, principalmente nas mães. Não foi constatada associação significativa entre a prática de atividade física pelos pais e a ocorrência de sobrepeso e obesidade nas crianças”. ( GIUGLIANO; CARNEIRO, 2004, p. 21).

Existem estudos que comprovam que “muitos pais não reconhecem o sobrepeso em suas crianças, e se reconhecem, acreditam que esta situação é pré-determinada e imutável” (SALMON et al, 2006, p.64)

Existem também estudos que concluem: “ser do sexo feminino, pertencer à classe social baixa, ter uma baixa escolaridade e ser filho de mãe com baixa

escolaridade, são fatores associados ao sedentarismo”. (OEHLSCHLAEGER et al, 2004, p. 157). E não faltam estudos tratando dessa e ou daquela forma a temática da obesidade infanto-juvenil.

A vida sedentária diante de um computador e outras mídias eletrônicas, sem atividades físicas, tem como resultado a obesidade e demais conseqüências em termos de agravamento do problema.

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REFERÊNCIAS

COUTO, Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade brasileira: uma equação possível?. São Paulo : Cortez, 2004.

FERNANDEZ, A.C.; MELLO, M. T.; TUFIK, S.; CASTRO, P. M.; FISBERG, M. Influência do treinamento aeróbio e anaeróbio na massa de gordura corporal de adolescentes obesos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. São Paulo, v.10, n.3, p.152-158, 2004.

GAYA, A.; MARQUES, A.; TANI, G. (org.). Desporto para crianças e jovens: razões e finalidades. Porto Alegre: UFRGS, 2004.

GIUGLIANO, R.; CARNEIRO, E. C. Fatores associados à obesidade em escolares. Jornal de Pediatria. Porto Alegre, v.80, n.1, p.17-22, 2004.

OEHLSCHLAEGER, M.N.K.; PINHEIRO, R.T.; HORTA, B.; GELATTI, C.;

PEREIRA, P. Política Social: temas e questões. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.

SAN´TANA,P. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo em adolescentes de área urbana. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v.38, n.2, p.157-163, 2004.

SALMON, J.; CAMPBELL, K.J.; CRAWFORD, D.A. Television viewing habits with obesity risk factors: a survey of Melbourne schoolchildren. Medical Journal of Australia. Melbourne, v.184, n.2, p.64-67, 2006.

SILVA, C.C.; GOLDBERG,T.B.L.; TEIXEIRA, A.S.; MARQUES, I. O exercício físico potencializa ou compromete o crescimento longitudinal de crianças e adolescentes? Mito ou verdade? Revista Brasileira de Medicina do Esporte. São Paulo, v.10, n.6, p.520-524, 2004.

TORTORA, G. J. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. [Tradução Cláudia L. Zimmer] 4.ed. Porto Alegre/RS: Artmed, 2000.

WEINBERG, R.S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2.ed. [Trad.: Maria Cristina Monteiro]. Porto Alegre/RS: Artmed, 2001.

VILANI, L.H.P.; SAMULSKI, D.M. Família e esporte: uma revisão sobre a influência dos pais na carreira esportiva de crianças e adolescentes. In: GARCIA, E.S.; LEMOS, K.L.M. Temas atuais VII: educação física e esportes. Belo Horizonte: Health, 2002.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 30/01/2016
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