A LIBERDADE... (...). "MICROCEFALIA: RUBÉOLA, Zika vírus ou outras causas?" - "O Livro de DOENÇAS INFECCIOSAS e PARASITÁRIAS, (de 1972), nem sequer menciona o Zika vírus!".
AUTO-HEMOTERAPIA, Dr. Fleming e os antibióticos...
Artigo Extra.
MICROCEFALIA: RUBÉOLA, Zika vírus ou outras causas?
CHIKUNGUNYA vírus: O que nos ensinam alguns Livros de MEDICINA.
Informações disponíveis no Livro de DOENÇAS INFECCIOSAS e PARASITÁRIAS de 1972. (no caso o 2º livro pesquisado).
Como já dissemos no artigo anterior, tanto o CHIKUNGUNYA vírus como o ZIKA vírus fazem parte do Grupo dos ARBOVÍRUS. A diferença é que o 1º faz parte do Grupo A e o segundo faz parte do Grupo B.
No Livro de Doenças Infecciosas e Parasitárias, os ARBOVÍRUS são descritos nos Capítulo 21, abrangendo as páginas 210, 211, 212, 213, 214, 215 e 216 e o texto é de autoria de Júlio de Mucha-Macias, Chefe da Seção de ARBOVÍRUS do Instituto Nacional de VIROLOGIA, México, e Professor de VIROLOGIA da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional Autônoma do México.
INTRODUÇÃO e CONCEITOS – Sob o termo de ARBOVÍRUS foi agrupado um conjunto heterogêneo de agentes infecciosos cujo atributo principal é o de preencher certas características BIOLÓGICAS, EPIDEMIOLÓGICAS e ANTIGÊNICAS que são comuns para a grande maioria deles.
A palavra ARBO formou-se dos vocábulos em inglês “ARthropod-Borne”, significando que estes vírus são transmitidos por ARTRÓPODES HEMATÓFAGOS. Tal transmissão não é um fenômeno mecânico, mas representa a etapa final de um CICLO BIOLÓGICO que ocorre no organismo do ARTRÓPODE, o qual adquire o VÍRUS ao ingeri-lo com o SANGUE de um VERTEBRADO na etapa de VIREMIA.
O VÍRUS se reproduz nas CÉLULAS do VETOR, alcançando tal concentração de partículas VIRAIS que estas são transmitidas pela PICADA do INSETO a um VERTEBRADO. O CICLO BIOLÓGICO descrito é conhecido como PERÍODO de INCUBAÇÃO EXTRÍNSECO.
Classicamente se aceita o fato de que o VÍRUS não produz lesões HISTOPATOLÓGICAS reconhecíveis no ARTRÓPODE, mas demonstrou-se, recentemente, o aparecimento de mudanças CITOLÓGICAS nas glândulas salivares do Aedes aegypti infectado com o ARBOVÍRUS Semliki, de acordo com estudos de Mins e colaboradores em 1966.
PROPRIEDADES dos ARBOVÍRUS – Como principal característica, os ARBOVÍRUS apresentam o CICLO BIOLÓGICO já mencionado, além de reunirem outras que, provavelmente, são comuns a todos os membros do grupo, ainda que não tenham sido demonstradas em cada caso. Elas são: A) Presença de material lipídico. (...)... B) – São compostos de ácido ribonucleico (RNA). C) – São VÍRUS pequenos e a maioria mede de 20 a 30 milimicra. D) – Predomina neles a forma esférica... E) – São facilmente inativados pelo calor (37°C)... F) – Aglutinam glóbulos vermelhos de aves (galinhas e gansos) sob condições rigorosas de pH. G) – Têm no camundongo latente o sistema mais sensível e no qual produzem geralmente uma encefalite.
CLASSIFICAÇÃO – Do ponto de vista ANTIGÊNICO ou IMUNOLÓGICO, os ARBOVÍRUS são classificados por meio de provas sorológicas, segundo Casals, em 22 grupos que abrangem um total de 143 VÍRUS, permanecendo sem agrupamento pouco mais de 40.
EPIDEMIOLOGIA – A distribuição geográfica dos ARBOVÍRUS é MUNDIAL. Prevalecem, principalmente, nas regiões TROPICAIS e, em menor escala, nas regiões temperadas ou frias.
Como ARTRÓPODES transmissores foram descritos MOSQUITOS (culicídeos e anofelinos), carrapatos (ixódidos e argácidos), flebótomos ácaros e culicóides. Na maioria dos casos foi demonstrado que os ARTRÓPODES mencionados são transmissores de VÍRUS na NATUREZA, o que também já foi provado em condições experimentais.
É importante considerar o caráter migratório de algumas aves, já que isto poderia explicar a ampla distribuição geográfica de certos ARBOVÍRUS como a da Encefalite de São Luís e a da Encefalite equina do Leste. Como fatores ecológicos determinantes, existem aqueles que, ao coincidir em um momento dado, ocasionam a abundante presença do transmissor.
Assim, por exemplo, as precipitações fluviais prolongadas e copiosas influirão favoravelmente na reprodução de MOSQUITOS cuja sobrevivência estará, por outro lado, governada por fatores como o clima e a umidade.
Uma das epidemiologias das infecções por ARBOVÍRUS mais bem conhecida é a FEBRE AMARELA. Nela se descrevem dois ciclos de transmissão: o CICLO URBANO e o SELVAGEM. No primeiro intervêm exclusivamente o Aedes aegypti e o homem. O CICLO SELVAGEM se compõe de algumas espécies de Haemagogus que são VETORES, macacos que representam os hóspedes suscetíveis e marsupiais que eventualmente atuam como reservatórios.
PATOLOGIA – As lesões histopatológicas das doenças produzidas por ARBOVÍRUS variam segundo o tipo delas. No caso da FEBRE AMARELA, vários órgãos podem apresentar lesões, sendo um dos mais regularmente atacados, o fígado.
No que diz respeito aos quadros encefalíticos que são ocasionados por ARBOVÍRUS, a imagem histológica que se encontra nos tecidos é comum tanto nas causadas por eles, como nas que são produzidas por outros vírus encefalitogênicos e consiste essencialmente na presença de edema, infiltração perivascular por células mononucleares, diferentes graus de degeneração neuronal e nódulos de glia formados principalmente por micróglia. O Sistema Nervoso Central pode estar atacado em todos os níveis, mas as lesões predominam nos gânglios basais, no córtex cerebral e no cerebelo.
Na biópsia de tecidos das lesões exantemáticas do Dengue, encontra-se uma infiltração de células mononucleares, vascularite intensa com edema endotelial e perivascular, conforme observou Sabin em 1952.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS – Nas zonas endêmicas, os ARBOVÍRUS, ao infectar o homem, podem provocar-lhe apenas uma resposta IMUNOLOGICA que não se acompanha de sintomas clínicos. (...).
... Sob circunstâncias ecológicas especiais, os ARBOVÍRUS provocam quadros nosológicos graves, como a FEBRE AMARELA, as ENCEFALOMIELITES e as FEBRES HEMORRÁGICAS. (...).
... A grande maioria dos ARBOVÍRUS é capaz de produzir quadros febris. Em alguns casos, acompanham a síndrome descrita, manifestações exantemáticas e dores articulares como acontece nas infecções pelo vírus CHIKUNGUNYA na África, na Tailândia e na Índia. Outros ARBOVÍRUS que intervêm na produção de quadros exantemáticos febris são os dengues 1 e 2 bem como o vírus da febre do oeste do Nilo, onde é frequente o aparecimento de adenopatias. (...).
... Uma das enfermidades ocasionadas pelos ARBOVÍRUS e que se conhece há vários séculos é a FEBRE AMARELA. Nas formas clínicas de curso regular, observam-se durante o período a tríade: hematêmese, icterícia e albuminúria. (...).
DIAGNÓSTICO de LABORATÓRIO – O diagnóstico de laboratório das infecções por ARBOVÍRUS é feito por dois procedimentos fundamentais: 1) - Isolamento do VÍRUS. 2) – Sorologia. (...).
... A identificação de um ARBOVÍRUS isolado dever ser feito pela sorologia, isto é, empregando-se soros IMUNES conhecidos. No diagnóstico sorológico, é preciso considerar os ARBOVÍRUS como material ANTIGENICO capaz de produzir resposta IMUNOLÓGICA que se traduz pelo aparecimento de anticorpos responsáveis por um estado IMUNITÁRIO com a duração de vários anos (anticorpos neutralizantes). Portanto, para o diagnóstico se investigam anticorpos no soro sanguíneo do paciente. As provas sorológicas que se empregam são: 1) – Inibição da hemaglutinação. 2) – Fixação do complemento. 3) – Neutralização. (...).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – (...). O diagnóstico dos processos encefalomielíticos por ARBOVÍRUS se fará à luz dos antecedentes epidemiológicos e ecológicos, obtendo-se a certeza etiológica apenas pelo isolamento do VÍRUS ou pelo resultado das provas sorológicas já assinaladas anteriormente. Do ponto de vista clínico, é muito difícil diferenciar as encefalites por ARBOVÍRUS daquelas causadas por outros VÍRUS como os da POLIOMIELITE, ECHO e alguns Coxsackie, ou ainda aqueles quadros encefalíticos pós-infecciosos provocados pelo VÍRUS do sarampo, da parotidite ou herpes simples. (...).
... TRATAMENTO – Não existe tratamento específico para as moléstias causadas por ARBOVÍRUS, e as únicas medidas terapêuticas que se adotam são as sintomáticas e de manutenção. No emprego de corticosteroides é preciso lembrar o efeito inibitório que exercem sobre a produção do INTERFERON, segundo estudos feitos por Kilbourne e colaboradores em 1961. (...).
... PROFILAXIA – Como medidas de controle existem aquelas que estão destinadas a interromper o CICLO de TRANSMISSÃO das moléstias causadas por ARBOVÍRUS. Tal é o caso do Aedes aegypti que, quando se consegue, traz como resultado a interrupção do CICLO URBANO da enfermidade e, portanto, o desaparecimento da mesma. (...).
... Exceção feita à VACINA ANTIAMARÍLICA, não existem outros recursos profiláticos realmente efetivos.
Observações do escriba: 1ª – Na página 211 existe o Quadro I, no qual encontramos a Classificação dos ARBOVÍRUS por grupos IMUNOLÓGICOS, distribuição geográfica e principais ARBOVÍRUS PATOGÊNICOS para o HOMEM.
2ª – O CHIKUNGUNYA vírus aparece no grupo A, ao lado da Encefalite equina do Leste, Encefalite equina do Oeste e Encefalite equina venezuelana. 3ª – O CHIKUNGUNYA vírus é apontado com capaz de causar apenas febre e exantema.
4ª – O CHIKUNGUNYA vírus é associado à Tailândia, segundo consta no livro.
5ª – Em TODO o TEXTO não EXISTE absolutamente o vocábulo MICROCEFALIA. 6ª – O (a) Dengue (1 a 4) aparece no grupo B ao lado de outras enfermidades, e é apontado como capaz de causar febre, exantema e febre hemorrágica. 7ª – A expressão Zika vírus NÃO é MENCIONADA no TEXTO. 8ª – Ao final do Capítulo 21, na BIBLIOGRAFIA, estão disponíveis 30 referências. Entre as referências mencionaremos apenas duas: 1ª - SABIN, Albert Bruce – 1952 – Research on Dengue during world war II, Am. J. Trop. Med. And Hyg., 1:30-50. 2ª – THEILER, MAX – 1957 – Action of Sodium desoxycholate on arthropod-borne viruses. Proc. Soc. Ex. Biol. And Med., 96:380-382. O 1º cientista ligado à VACINA contra a POLIOMIELITE e, o 2º, ligado à VACINA contra a FEBRE AMARELA.
A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura e bom dia.
Aracaju, capital de Sergipe (“O futuro PAÍS da BOMBA ATÔMICA”), terça-feira, 26 de janeiro de 2016.
Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.
Fontes: (1) – Livro de DOENÇAS INFECCIOSAS e PARASITÁRIAS (de 1972), Capítulo 21 – ARBOVÍRUS – páginas 210, 211, 212, 213, 214, 215 e 216. (2) – Outras fontes.