A LIBERDADE... (...). "MICROCEFALIA: RUBÉOLA, Zika vírus ou outras causas?" - "Três livros dizem: A SÍFILIS não causa a MICROCEFALIA!". "A Imprensa disse: O Zika vírus pode ser transmitido sexualmente!".

AUTO-HEMOTERAPIA, Dr. Fleming e os antibióticos...

Artigo Extra.

MICROCEFALIA: RUBÉOLA, Zika vírus ou outras causas?

SÍFILIS.

O que alguns livros nos ensinam.

Introdução - A SÍFILIS é uma doença infecciosa causada pelo Treponema pallidum, determinando lesões cutâneas polimorfas, podendo comprometer também outros sistemas, particularmente o cardiovascular e o nervoso. Além da SÍFILIS, outras treponematoses são a bouba causada pelo Treponema pertenue e a pinta determinada pelo Treponema carateum. O bejel que ocorre na Ásia Menor, a SÍFILIS endêmica dos Balcãs e certas formas encontradas na África, denominados “djovera”, “siti” ou “dichuchva” são treponematoses consideradas como formas clínicas da SÍFILIS. As diferenças entre estas formas clínicas e as SÍFILIS são fundamentalmente o fato do contágio não ser nelas habitualmente venéreo, a maior ocorrência na infância e o curso clínico mais benigno.

Histórico – O aparecimento da SÍFILIS, na Europa, ocorreu após a descoberta da América. Admite-se hoje que a doença teria sido levada à Europa pelos marinheiros de Colombo (foco inicial nas Antilhas), propagando-se rapidamente, devido às condições da época, por toda a Europa. Constituiu então doença das mais graves, pela mortalidade e incapacidade que ocasionava, agravada pela ausência de recursos terapêuticos.

O único tratamento existente era com os derivados de mercúrio, bastante tóxicos e pouco eficientes. Esse fato, aliado à ausência de conhecimentos sobre a moléstia, explica o terror que a palavra SÍFILIS ou LUES trazia.

Somente neste século, - (o autor refere-se ao século XX) - com a descoberta do agente etiológico por Schaudinn e Hoffmann (1905), da sorologia por Wassermann (1906) e os estudos dos derivados arsenicais por Erlich (1909), ocorreram os primeiros progressos reais do conhecimento da moléstia. Entretanto, a despeito da introdução do bismuto, em 1922, a SÍFILIS ainda constituía problema sanitário “major”, responsável por elevada mortalidade e incapacidade.

SÍFILIS CONGÊNITA e SÍFILIS Adquirida – De acordo com a forma de contágio, há duas formas de moléstia: A – CONGÊNITA, na qual a infecção do FETO pela MÃE sifilítica ocorre, por via hematogênica, através da PLACENTA, a partir do 4º mês da vida FETAL. B – Adquirida, na qual há transmissão direta, de indivíduo para indivíduo, por contato de pele e mucosas, geralmente pelas relações sexuais. A possibilidade de transmissão indireta da SÍFILIS, por objetos, é considerada excepcional.

SÍFILIS CONGÊNITA – Até ao 4º mês, o FETO não é infectado pela MÃE, abortos antes dessa época não são devidos à SÍFILIS. A partir do 4º mês, a infecção do FETO pode determinar, segundo a gravidade e a extensão da infecção, abortos ou natimortos. Se a penetração do treponema é mais tardia e/ou em pequeno número, a criança pode nascer com sinais clínicos que constituem a SÍFILIS CONGÊNITA recente virulenta. Se a infecção FETAL foi muito discreta ou por treponemas pouco virulentos ou devido ao ESTADO IMUNITÁRIO que se desenvolveu, a CRIANÇA nasce, aparentemente sadia, porém, no curso do seu desenvolvimento, surgem manifestações clínicas que constituem a SÍFILIS CONGÊNITA tardia distrófica.

Quadro Clínico – 1º - SÍFILIS CONGÊNITA recente virulenta: além de lesões cutâneas como placas mucosas, bôlhas palmo-plantares, fissuras radiadas periorificiais e outros elementos, há, a salientar, a rinite sanguinolenta, a hepatoesplenomegalia e a osteocondrite (a dor resultante determina a imobilidade do membro, conhecida como pseudoparalisia de Parrot). 2º - SÍFILIS CONGÊNITA tardia distrófica: os sinais clínicos mais frequentes são: a ceratite parenquimatosa, a surdez labiríntica, os dentes de Hutchinson (que constam de entalhes semilunares na borda constante dos incisivos centrais superiores), o nariz em cela, a fronte olímpica, a tíbia em lâmina de sabre, os tubérculos de Carabelli, além de outros. Os três primeiros constituem a chamada tríade de Hutchinson. Ainda, em relação às formas tardias da SÍFILIS CONGÊNITA, devem ser lembradas as frequentes localizações ósseas (gomas) e nervosas (tabes e paralisia geral).

Observações do escriba: 1ª – A SÍFILIS ou LUES é uma doença infecciosa causada por espiroquetídeos entre os quais destacamos: Leptospiroses, Pinta, Bouba e Febre por Mordida de Rato. 2ª – De fato, conforme consta no livro, a CRIANÇA pode nascer com defeitos CONGÊNITOS produzidos pela SÍFILIS, ou seja, pelo Treponema pallidum (agente etiológico). 3ª – Não há relatos de casos de MICROCEFALIA provocados pelo Treponema pallidum, em nenhum dos três livros por nós pesquisados, a saber:

- 1º - O que foi escrito acima consta no Livro “Doenças Infecciosas e Parasitárias”, capítulo 78, páginas 814, 815, 816, 817, 818, 819 e 820. O texto é de autoria de Sebastião Almeida Prado Sampaio, Professor de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Como já informamos em outras ocasiões o Livro é de 1972.

- 2º - No livro de MICROBIOLOGIA MÉDICA, de 1970, também não existem relatos de casos de MICROCEFALIA causados pela SÍFILIS (Treponema pallidum). Capítulo 21... Espiroquetas e Outros Microrganismos Espiralados, páginas 249, 250, 251, 252, 253, 254, 255 e 256. Livro escrito por três estudiosos norte-americanos já mencionados.

- 3º - Tratado de Medicina Interna de Cecil-Loeb e Beeson McDermott (Livro de 1975) – Capítulo 246 – Doenças Treponematosas – SÍFILIS – Páginas 542, 543, 544, 545, 546, 547, 548, 549, 550, 551, 552, 553, 554 e 555. Por Thorstein Guthe – Chefe do Departamento Médico, Elkem-Spigerverket, Oslo, Norway. Ex-Diretor Médico-Chefe, Doenças Venéreas e Treponematoses, Organização Mundial de Saúde, Geneva, Switzerland. Neste livro, também não há relação entre MICROCEFALIA e SÍFILIS.

4ª Observação – Como a SÍFILIS é uma doença sexualmente transmissível e como o Zika vírus já foi apontado que é capaz de ser transmitido através do ato sexual, seria de bom tom que o Médico Sergipano Dr. Almir Santana se pronunciasse sobre o assunto. Segundo foi divulgado pela imprensa, apenas um caso foi comprovado nos E. U. A. Mas, como costumam dizer: “Se tem fumaça pode existir fogo”.

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, domingo, 17 de janeiro de 2016.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: As três fontes foram mencionadas acima.