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AUTO-HEMOTERAPIA, Dr. Fleming e os antibióticos...
Artigo Extra.
MICROCEFALIA: RUBÉOLA, Zika vírus ou outras causas?
4ª parte do 2º LIVRO.
O que nos ensinam alguns livros de MEDICINA.
No presente artigo iremos escrever alguma coisa sobre a RUBÉOLA, fundamentado nas informações contidas no Livro DOENÇAS INFECCIOSAS e PARASITÁRIAS, que é de 1972, e que foi escrito por cinco dezenas de médicos e pesquisadores (e não de cinco centenas, como escrevemos erroneamente em um artigo anterior).
INTRODUÇÃO sobre a RUBÉOLA – A RUBÉOLA foi reconhecida como entidade clínica, pela primeira vez, em 1815, quando Maton apresentou ao Colégio Real de Médicos a descrição de um “exantema confundível com a escarlatina”. Durante os cem anos subsequentes foram apresentados somente descrições clínicas dessa infecção exantemática.
Contudo, nos últimos 25 anos, três grandes progressos ocorreram: Primeiro, foi reconhecido que a RUBÉOLA, precocemente na GRAVIDEZ, pode produzir MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS. Segundo, surgiram métodos de laboratório para o isolamento do vírus e titulagens de anticorpos. Terceiro, descobriu-se que a RUBÉOLA MATERNA pode transmitir-se ao FETO.
Descobriu-se, nos últimos anos, que além das malformações dos olhos e coração, surdez, MICROCEFALIA e retardo mental, a RUBÉOLA CONGÊNITA pode determinar, também, hepatomegalia, trombocitopenia, icterícia, pneumonite, desmineralização dos ossos longos e infecção crônica durante o período neonatal.
A epidemia de RUBÉOLA, que ocorreu há 25 anos na Austrália, resultou no primeiro reconhecimento da importância desta infecção como causa de crianças defeituosas. Foi em seguida a esta epidemia que o oftalmologista Sir Norman Gregg constatou uma alta frequência de cataratas em crianças e reconheceu a associação entre a RUBÉOLA no primeiro trimestre de gravidez e a lesão dos olhos. Desde então, grande número de trabalhos confirmou e ampliou estas observações.
A chave que conduz ao diagnóstico exato da RUBÉOLA e, daí, à definição da frequência de suas consequências e aos métodos adequados de preveni-las, foi consequência do isolamento do vírus, conseguido em 1962, por Parkman e colaboradores, Weller e Neva e Sever e colaboradores. De lá para cá, muitos grupos apresentaram métodos para detectar e avaliar o vírus. De 1964 a 1965 uma epidemia, de grandes proporções, ocorreu nos Estados Unidos e na Inglaterra. Novas técnicas de laboratório surgiram para auxiliar os pesquisadores a resolver os vários problemas associados com a RUBÉOLA.
Etiologia da RUBÉOLA – Métodos de filtração em gradocol e filtros especiais demonstraram que o vírus da RUBÉOLA tem dimensões entre 100 e 200 milimicra de diâmetro. O vírus demonstrou estabilidade a 4° centígrados, por, pelo menos, sete dias. A 37° centígrados o vírus é inativado em 48 horas. A 56° centígrados, dentro de 30 minutos. A 70° centígrados, em quatro minutos e a 100°C, em dois minutos. O vírus demonstrou ser estável à – 70° centígrados por, pelo menos, 180 dias.
A núcleo-proteína do vírus da RUBÉOLA é um ácido ribonucleico (RNA). O vírus da RUBÉOLA pode ser adaptado a uma ampla variedade de linhagens celulares incluindo o rim de macaco verde africano; rim de coelho (linhagem contínua RK-13 e RK-1); rim de hamster latente; células diplóides de pulmão humano; córnea de coelho; embrião primário de coelho; embrião de pato; embrião de galinha; linhagem contínua de rim de macaco e rim de cão.
Dois antígenos fixadores do complemento foram descritos: o antígeno associado a células e o antígeno fluido concentrado de células infectadas e demonstrando o máximo de efeito citopatogênico. De cada uma destas preparações extraiu-se um antígeno não sedimentável e um sedimentável. Mais recentemente foi descrito um antígeno hemaglutinante.
Epidemiologia da RUBÉOLA – A frequência de MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS na GRAVIDEZ é de, aproximadamente, 50 por cento, se a RUBÉOLA ocorre no primeiro mês de GRAVIDEZ, 22 por cento se no segundo mês e seis por cento se ocorre no terceiro mês.
A RUBÉOLA ocorre, principalmente, na primavera de cada ano, na maioria dos países. As epidemias, geralmente, ocorrem com intervalos de sete a doze anos. Algumas das maiores epidemias têm coincidido com períodos de mobilização militar. A maioria das infecções ocorre em crianças abaixo de 15 anos de idade, entre estas, principalmente entre escolares. A RUBÉOLA é menos contagiosa que o sarampo e a varicela.
Manifestações Clínicas da RUBÉOLA – Fase aguda: A RUBÉOLA é uma doença exantemática com duração de três a quatro dias, que ocorre mais frequentemente na infância, ou na adolescência. O período de incubação varia entre uma e duas semanas. Pode haver um período prodrômico caracterizado por discreta febre, cefaleia, arrepios de frio, dores generalizadas e aumento de gânglios do pescoço, mastoides e occipitais.
O exantema surge na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se daí para o tronco e membros. É constituído por pequenas máculas róseas, principalmente nas costas e nádegas. A duração do exantema pode ir de 24 horas (formas leves) até quatro dias (formas intensas). A febre é, quase sempre, pouco intensa, podendo mesmo estar ausente. Raramente atinge mais de 39°C. Os sintomas catarrais, quando presentes, não assumem a intensidade comumente encontrada no sarampo.
Entre as complicações da RUBÉOLA, as encefalites são as mais importantes e surgem na proporção de um para 6.000 casos. A infecção com o vírus da RUBÉOLA quase sempre confere imunidade permanente e completa, conforme ficou demonstrado pela persistência de altos níveis de anticorpos neutralizantes, anos após a infecção.
SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA – A infecção crônica do FETO e da CRIANÇA ocorre em MULHERES que tiveram RUBÉOLA precocemente na GRAVIDEZ. Em estudos cuidadosos de casos de RUBÉOLA MATERNA todas as PLACENTAS se apresentaram infectadas e aproximadamente 30 por cento dos FETOS estavam infectados. A infecção persiste na CRIANÇA, após o nascimento, por meses e até anos. O vírus pode ser facilmente isolado da garganta, assim como do líquor e de quase todos os tecidos.
... As CRIANÇAS com infecção CONGÊNITA podem manifestar doença aguda, inclusive trombocitopenia, com petéquias e equimoses, hepatoesplenomegalia, pneumonia e desmineralização dos ossos longos. Em alguns casos também ocorre hepatite, miocardite ou ENCEFALITE, as quais podem ser fatais.
Diagnóstico diferencial da RUBÉOLA – As doenças que mais frequentemente são confundidas coma RUBÉOLA são as seguintes: sarampo, escarlatina benigna, mononucleose infecciosa com exantema, “exantema de Boston”, exantemas por vírus ECHO, roséola infantum, doença do soro, reações exantemáticas por antibióticos e outros medicamentos.
Tratamento da RUBÉOLA – Não existe tratamento específico para a RUBÉOLA. Nenhum antibiótico é eficaz contra o vírus. O tratamento se resume em algumas drogas para combater certos sintomas incomodativos.
Mecanismo da TERATOGÊNESE da RUBÉOLA – Através de estudos intensivos para o isolamento do vírus da RUBÉOLA do FETO e a recente demonstração de um sistema animal modelo tornou possível avaliar a patogenia da infecção RUBEÓLICA. A RUBÉOLA é capaz de infectar a PLACENTA e o FETO, nos primeiros meses de GRAVIDEZ. Esta infecção, frequentemente, persiste no FETO após o nascimento e no recém-nascido. (...).
... Uma vez que a forma disseminada da infecção é encontrada em recém-nascidos com SÍNDROME de RUBÉOLA CONGÊNITA, parece provável que somente essa forma (disseminada) é responsável pela indução de MALFORMAÇÕES. Estudos recentes têm demonstrado que CRIANÇAS com RUBÉOLA CNGÊNITA são pequenas no tamanho, devido a um retardamento no crescimento intrauterino, e a base do retardo no crescimento é um número subnormal de células em muitos órgãos. Foi sugerido que o distúrbio do crescimento seja devido ao crescimento do vírus que inibe a multiplicação celular.
Diagnóstico de laboratório da RUBÉOLA – O vírus da RUBÉOLA pode ser detectado pela sua capacidade em interferir no surgimento das alterações citopáticas (CPE) produzidas pela superinfecção em culturas de tecido de rim de macaco verde africano com o vírus ECHO 11 ou vírus Coxsackie A-9. (...).
... Depois do isolamento do vírus, o agente que interfere é identificado pelos testes de neutralização empregando-se soro animal hiperimune específico. Anticorpos neutralizantes podem ser detectados pelo emprego da técnica da interferência de enterovírus em culturas de tecidos de rim de macaco verde africano, ou por técnicas que utilizam o efeito citopático diretamente (CPE) em sistemas de culturas de tecido de células RK-1 ou RK-13. A determinação de anticorpos fluorescentes pode ser feita empregando-se culturas de tecido, infectadas cronicamente, de ALC-MK2.
Prevenção da RUBÉOLA – Os esforços estão, agora, sendo concentrados no desenvolvimento de VACINAS que sejam seguras e eficazes contra a RUBÉOLA. Após as pesquisas iniciais para atenuação do vírus da RUBÉOLA muitas raças de VACINAS atenuadas foram conseguidas. Cada uma delas produz anticorpos dosáveis pelos testes de neutralização ou IH e pouca, ou mesmo nenhuma, manifestação clínica. As VACINAS atuais, frequentemente, resultam na eliminação de vírus vivo pelas secreções da nasofaringe dos indivíduos VACINADOS. Muitas das pesquisas, todavia, têm mencionado que não há transmissão aos contatos suscetíveis. Contudo um número relativamente pequeno de indivíduos tem sido incluído nessas pesquisas, e a contaminação da GESTANTE não tem sido estudada. A segurança das VACINAS com relação ao FETO não foi determinada. Infelizmente as culturas de tecidos, empregadas para a propagação das amostras de vírus candidatas à VACINA, comumente albergam vírus latentes, alguns dos quais, quando inoculados subcutâneamente, podem ser ONCOGÊNICOS para animais. (...).
... A segurança das VACINAS para as MULHERES de idade procriativa e os possíveis perigos da transmissão do vírus à GESTANTE pelos VACINADOS devem ser estudados intensamente.
Perguntas do escriba ao desgoverno do Partido dos Trambiqueiros (PT) – 1ª – Em relação à RUBÉOLA qual a verdadeira COBERTURA VACINAL das MULHERES brasileiras? 2ª – Qual a verdadeira SEGURANÇA e EFICÁCIA da VACINA contra a RUBÉOLA usada atualmente no Brasil?
... Em conclusão temos que o vírus da RUBÉOLA pode produzir uma doença exantemática aguda e limitada, em adultos e crianças, ou uma infecção crônica iniciada no útero e acompanhada de MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS. (...).
... Os achados mais importantes são: catarata, cardiopatia CONGÊNITA, surdez, MICROCEFALIA e retardo mental.
APÊNDICE – Conduta a ser Adotada Quando uma Mulher Grávida teve Contato com Doente de RUBÉOLA. (Por Ricardo Veronesi).
Várias possibilidades devem ser aventadas a fim de servir de orientação na conduta indicada para cada caso.
1ª – As MULHERES que já ultrapassaram o terceiro mês de GRAVIDEZ estão com seus filhos protegidos, uma vez que a fase crítica da ORGANOGÊNESE já ficou para trás. (...).
2ª – As MULHERES que estão dentro dos três primeiros meses de GESTAÇÃO e têm contato com doentes de RUBÉOLA deverão estar a par das possibilidades de DEFEITOS CONGÊNITOS em seus filhos. (...).
... As medidas a serem tomadas se enquadram entre as seguintes: (...).
... 5ª – Interrupção da GRAVIDEZ – Esta poderá ocorrer espontaneamente em face das lesões do FETO ou poderá ser provocada (aborto terapêutico). No caso de aborto terapêutico é necessário que três especialistas concordem com a solução. De maneira alguma deverá ser indicada em todos os casos de contato de GESTANTE com RUBEOLOSO.
6ª – Aguardar, sem qualquer intervenção terapêutica, a evolução natural da GRAVIDEZ e que poderá terminar em um dos quatro itens abaixo:
A – A MÃE não contrai RUBÉOLA e a CRIANÇA não sofre risco de nascer com DEFEITO CONGÊNITO. Não esquecer, todavia, que existe RUBÉOLA sem exantema.
B – A MÃE contrai RUBÉOLA e nada acontece à CRIANÇA. A literatura refere 220 MULHERES que contraíram RUBÉOLA, e, embora a metade delas estivesse dentro do “período crítico” dos três primeiros meses de GESTAÇÃO, nenhum DEFEITO CONGÊNITO foi verificado em seus FILHOS. (Gregg, 1941). (*).
C – A MÃE contrai RUBÉOLA (com ou sem exantema) e a CRIANÇA nasce com algum DEFEITO CONGÊNITO.
D – A MÃE contrai RUBÉOLA e, em consequência, ocorre parto prematuro com CRIANÇA inviável ou um NATIMORTO.
(Gregg, 1941). (*). – Gregg, N. – 1941 – Congenital catarat following german measles in the mother. Trans. Ophtal. Soc. Aust. 3:35.
A bibliografia do capítulo 5 – RUBÉOLA - Contém 51 referências.
A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia, ou a qualquer momento. Boa leitura e bom dia.
Aracaju, quinta-feira, 07 de janeiro de 2016.
Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.
Fonte: (1) – Livro de DOENÇAS INFECCIOSAS e PARASITÁRIAS de 1972. Trata-se do capítulo 5 – E é sobre RUBÉOLA – Páginas 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51 e 52. Autores: 1º - Gary L. Gitnick (Assistente da Seção de Doenças Infecciosas, Divisão de Pesquisas Perinatais, Instituto Nacional de Saúde, Bethesda, Maryland, U. S. A.). 2º - John L. Sever (Chefe da Divisão de Pesquisas Perinatais, Seção de Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Saúde, Bethesda, Maryland, U. S. A.). 3º - Dr. Ricardo Veronesi, escreveu o Apêndice. Bibliografia do Apêndice – Krugman, S. e colaboradores – 1953 – Studies on rubella immunization. Demonstration of rubella without rash. J. A. M. A., 151:285.