A Tese de Osvaldo Cruz
Há mais de 100 anos, Osvaldo Cruz defendia sua tese a que deu o título de “A água como Veículo dos Micróbios.” Combateu o mosquito causador da febre amarela, uma epidemia que assolou o rio de Janeiro, à época. Hoje, sanitaristas e infectologistas chegam a dizer que “ele pode estar se remexendo no túmulo”, ao ver que, com todo o avanço da ciência e da tecnologia, o homem não está conseguindo combater o mosquito da dengue. E eis que outras doenças ele está provocando, a exemplo da microcefalia, conforme inúmeros casos já constatados em todo o Brasil, com predominância no Nordeste, e mais ainda em Pernambuco, o estado mais desenvolvido da Região.
Nada foge de sua tese, quando aponta que o caminho é a água. Lamentavelmente, o homem, no século XXI, o século da civilidade, no terceiro milênio, ainda não aprendeu a cuidar da água, a condutora desse mosquito que afeta nossas cidades. Sendo um mal predominantemente urbano, ver-se que quanto mais nobre o bairro, maior o índice da proliferação do mosquito da dengue, numa verdadeira proporção inversa entre conhecimento e sua aplicação. As maiores mansões, cujos proprietários as deixam abandonadas, quando em passeios para o exterior, são verdadeiros focos de mosquito, muitas vezes necessitando de intervenção da justiça para que a vigilância sanitária ali possa adentrar. Em outros casos, o próprio poder público não impede o surgimento de vertedouros do mosquito, em poças d’água nas ruas, em razão do desnível do calçamento, algo muito simples de corrigir, mas levado ao descaso.
Para não ir muito longe, cito o caso de minha rua, onde foi construído um edifício empresarial, funcionando ali as mais diversas atividades na área de serviços, inclusive imobiliárias. Uma delas adquiriu algumas casas que serão demolidas para construção de um edifício residencial. Com todo o dever de zelar pelas que já estão fechadas e outras demolidas, cuja área deve ser isolada por tapumes, deixam-na abertas e ali jogam todo tipo de lixo, obrigando-nos a constantes protestos, em razão do risco de surgimento de novos focos do mosquito. Uma iniciativa que deveria ser deles fica a depender da gritaria da vizinhança. Esse é o nosso Brasil, ainda carente de conscientização ambiental.