REENFERMAGEM

A reinvenção da enfermagem

Uma abordagem a partir do ponto de vista de um paciente. Um cidadão com sinais e sintomas, e toda a paciência de esperar: por atos e altas; preenchimentos de formulários e prontuários; consultas e diagnósticos; preparações para exames, coletas de amostras para exames, e por fim a realização de exames. Depois esperar por laudos e resultados de exames realizados, surgem novos eventos e novas esperas. Esperar pacientemente as análises, os diagnósticos e os prognósticos. Esperar pelas atitudes e decisões do medico, esperar que ele exerça seus atos médicos, tão defendidos pela própria classe. Tomar uma medicação prescrita e esperar as respostas, e os resultados da medicação; das indicações médicas de MDH (mudanças de hábitos). E por fim ser paciente e esperar atingir uma cura.

Regras religiosas orientam a não adorar santos e imagens. E uma maioria dos pacientes adora um medico e um exame de imagem. Cenas comuns são observadas pelas ruas: pessoas portando grandes envelopes, estampados com nome de laboratório de exames com uso de imagens.

O grupo de enfermagem dentro de um hospital tem uma maior interatividade com os pacientes. Enfermeiros e enfermeiras, que sejam classificados de técnicos e auxiliares, ou de nível superior, é o grupo profissional mais próximo aos anseios e necessidades de um paciente hospitalizado. Entre o corpo médico e o paciente, e entre o paciente e a cozinha do hospital, é o grupo de enfermagem que faz um link. Alem do link entre o paciente e o posto de enfermagem hospitalar. Ao usar um sistema de alarme, solicitando uma ajuda ou um socorro imediato no leito, é um membro do grupo de enfermagem, o primeiro a chegar. Florence chegava com uma lâmpada em ambientes sem energia elétrica, e não iluminados, para atender pacientes.

Um home care é essencialmente composto por enfermeiros e enfermeiras. Um grupo especializado em atos de enfermaria, para aplicar os conhecimentos aprendidos na formação e na especialização. Aplicar conhecimentos em ambiente doméstico. Desde fornecer ao paciente um simples comprimido na hora determinada (pelo medico), a controlar sinais vitais sistematicamente (Enfermagem e Komunicologia). Com equipamentos de ultima geração se for preciso ou necessário. De um simples ambu em desuso, ao balão de oxigênio, o paciente é assistido pela enfermagem.

A lâmpada que simboliza a enfermagem é a lâmpada dos desejos do paciente. Enquanto o medico não chega, faça um pedido para solucionar suas dores e sofrimentos e a enfermeira o realizará. O ato de cuidar é intrínseco da profissão de enfermagem. Ainda que as decisões sejam médicas. E um paciente pode estar mais

próximo do corpo de enfermagem, observando e analisando seus espaços físicos e profissionais.

A busca de um novo MDH. Vez por outra a enfermagem é hospitalizada na tentativa de recuperar e reinventar seus espaços no quadro ambulatorial e hospitalar. Os espaços de dominação dos médicos. Espaços criados por médicos, para que outros médicos estabeleçam suas regras e suas normas, o seu conhecimento. Da triagem à consulta, acompanhada de exames laboratoriais. Da clinica geral as clinicas mais especificas das especializações. Da internação ao restabelecimento, com medicações e indicações no pós-alta.

A palavra hospital vem da mesma origem das palavras hóspede, hospedeiro e hospedagem. Lugares de espera para passar uma noite ou algumas noites. Um lugar para abrigar-se do tempo, o tempo marcado pelo relógio e o tempo ditado pelo clima. Abrigar-se e aguardar a melhora de um mal tempo. E o paciente se instala em um hospital para aguardar suas melhoras, procurar soluções para as marcas que o tempo deixou em seu corpo. Aguardar o seu dia clarear novamente.

O espaço da enfermagem se restringe aos corredores de ambulatórios e hospitais, com uma foto de uma enfermeira, em um gesto solicitando silencio. Uma imagem para quem esteja presente ao recinto. Uma imagem estática e sem som, um gesto de comunicação. Uma Komunikologia sem o uso de sons ou palavras. A mensagem segue implícita na imagem. A imagem de uma enfermeira incompleta, sem nome e sem o corpo; sem mobilidade para levar suas ideias. Tal como as atendentes que não se apresentam de pé, por trás de um balcão de atendimento.

No hospital, tal como a hospedagem, é necessário um silencio para descansar e dormir. Recuperar forças para seguir uma viagem, no tempo ou na vida. Uma noite de sono depois de uma passada em um restaurante para restaurar energias, com alimentos sólidos e líquidos, como um suco ou um refrigerante, para refrigerar as ideias.

O silencio é invocado e determinado pela imagem da enfermeira. O silencio que determina uma necessidade, um ambiente calmo e tranquilo. E o silencio que determina uma não discordância aos atos e comportamentos dos médicos. Ainda que nos corredores de hospitais, seja possível encontrar um posto de enfermagem, que funciona como um depósito drogadicto de farmacêuticos. E uma enfermeira chefe como fiel depositário das drogas ali armazenadas. Uma enfermeira chefe controla entradas e saídas de medicamentos, controlando estoques, quantidades prescritas (por médicos) e validades (por laboratórios). Usos e utilidades, indicações e contraindicações. Busca estratégias que atendam a falta de um ou outro medicamento ou equipamento.

A enfermagem começou suas teorias em um palco de guerra, com recursos de medicamentos e equipamentos escassos. Já começa com dificuldades logísticas, de asseio e dificuldades técnicas. E a profissão de enfermagem é predominantemente

de caráter feminino desde suas origens. A arte do cuidar saiu do lar e foi para a guerra, atuando na retaguarda das batalhas. A mulher deixa de cuidar do homem em casa para cuidar de outros homens em batalhas. Começou a nível nacional com Ana Nery participando da Guerra do Paraguai. E em nível internacional, com Florence Nightingale participando na Guerra da Crimeia.

E os arquétipos ocultos na enfermagem promovem sistematicamente guerras de ocupação em um espaço, o espaço do médico. Vivem nas retaguardas de corpos médicos que atacam e combatem doenças. Tentam manter e fincar suas posições nas retaguardas dos teatros de operações.

E as batalhas são vitoriosas quando podem declarar que adquiriram um conhecimento em ambientes hospitalares de oncologia, ou outras especialidades que possam ser declaradas como um top das especializações. A batalha é considerada vencida quando incorporam um conhecimento osmótico, transmitidos por médicos. Um conhecimento adquirido pelo dia-a-dia na lida com pacientes, mesmo que tabulado e cientificado pode não ser aceito como conduta médica.

Com os argumentos de Pierre Bourdieu enfermeiros professores levam a sociologia para o ambiente hospitalar. Procuram identificar seu habitus em uma sociologia restrita a um hospital. Aplicam uma sociologia com atores acamados e debilitados. Enquanto médicos e enfermeiros podem exercer o papel de atores sociais, os pacientes formam parte de um cenário.

Enfermeiros do corpo hospitalar e do corpo docente, vão em busca de ganhos simbólicos para conquistar um capital de conhecimento no campo da enfermagem. Com Key words e palabras-claves, constroem seus artigos com palavras chaves de Nursing e Enfermeria, em uma tentativa de uma projeção pela internet, descrevendo suas praticas como: Professional practice e Práctica profesional. Investigam a história com: History of nursing e Historia de la enfermeria.

Reviram as cinzas de Ana Nery e de Florence Nightingale, em busca de uma fênix. Parâmetros seculares que possam institucionalizar como o campo de trabalho da enfermagem e das enfermeiras, evitando um termo masculino de enfermeiros para não causar um conflito de gênero, em um campo considerado historicamente como feminino: a arte do cuidar.

Texto disponível em:

http://www.publikador.com/saude/maracaja/2014/10/reenfermagem/

Rio de Janeiro/RJ ─ 24/10/2014 Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

Key Words: management; quality; knowledge

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Roberto Cardoso Desenvolvedor

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 03/11/2015
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