A LIBERDADE... Fé demais atrapalha. "A Fé remove montanhas, mas para quem não está disposto a esperar milênios, a ajuda de alguns tratores e escavadeiras vai muito bem." Do poeta David Corrêa, (Recanto das Letras - RL).
Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)
A LIBERDADE de fumar...
20ª parte
DROGAS e MÍDIA - Evento faz análise crítica da cobertura da mídia sobre drogas e reúne experiências alternativas de comunicação. A parceria entre comunicação e prevenção, a cobertura pela mídia dos conflitos na região conhecida como Cracolândia, em São Paulo, e novas experiências de comunicação alternativa sobre esses temas foram discutidas durante o seminário Mídia, Drogas e HIV: Conflitos e Possibilidades, realizado na capital paulista em 14 de setembro de 2012. O encontro, promovido pelo Centro de Convivência É de Lei - organização da sociedade civil que atua na promoção da redução de danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas - reuniu pesquisadores, profissionais de comunicação e de saúde e ativistas de direitos humanos.
A pertinência da discussão foi destacada pelo representante do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, o psicólogo Caio Westin. Ele lembrou que a mídia que incentiva o uso de álcool é a mesma que ignora eventos relacionados à saúde, dando como exemplo, a novela Avenida Brasil, da TV Globo, na qual os personagens apareciam constantemente ingerindo bebidas alcoólicas. "Alguém viu alguma notícia sobre o Congresso Brasileiro de DST/Aids?", provocou, referindo-se ao evento realizado em agosto. Para o psicólogo Caio, ativistas devem estar atentos a essa "ação política". Ele acredita que a internet pode democratizar e ampliar os debates sobre drogas, a exemplo do que promoveu em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a aids. É preciso ainda, disse, ocupar os espaços midiáticos, como fizeram gays e lésbicas. "O usuário de drogas não fala por ele. A ação política deve abrir esse espaço". Falta na mídia, também, mais "humanização" dos usuários de drogas.
ESPETÁCULO DO MEDO - Pesquisador em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e integrante do coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR), o jornalista Júlio Delmanto alertou que a própria medicina define droga como qualquer substância que altera o organismo, incluindo-se álcool, tabaco e café. No entanto, somente algumas são "eleitas" ilegais. O coletivo defende que as substâncias não são benéficas ou maléficas, a priori. O problema, acreditam, está na proibição - "que não zela pela saúde pública, mas traz ingerência do Estado na vida do cidadão".
Para Júlio, a proibição traz como consequências o comércio violento (com mais mortes), a criminalização e o encarceramento da pobreza, o aumento dos lucros da INDÚSTRIA FARMACÊUTICA e das CLÍNICAS PARTICULARES, além do impedimento o uso das drogas em pesquisas científicas. O ativista criticou o sensacionalismo da imprensa brasileira, que não estimula a discussão política e, ao contrário, gera a "cultura do medo" e incentiva a venda dos equipamentos de proteção e segurança.
Reflete essa postura a linguagem utilizada pelos meios de comunicação: "Nem todo usuário é dependente", alertou, lembrando que o termo viciado é usado inadvertidamente. Júlio citou o caso do nadador olímpico americano Michael Phelps, flagrado fumando maconha. "Ele é usuário ou viciado?", questionou.
Ele lembrou que as políticas (e as matérias) associam o uso das drogas à violência, legitimando ações militares de ocupação de território e naturalizando o uso das drogas legais, como o álcool.
CRACOLÂNDIA - O psicólogo Paulo Kohara atuou 30 dias na região em uma unidade móvel da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, no início de 2012. O que viu foram inúmeros casos de violação dos direitos humanos, incluindo-se ofensas, revistas vexatórias, privação do direito de ir e vir e permanecer na rua, prisões irregulares, omissão de socorro, subtração de pertences, além de ameaças de prisão forjada e de morte. A força policial não se furtou ao uso de armas de fogo, cães, atropelamentos e bombas de gás.
Repórter da Folha de São Paulo, Laura Capriglione, salientou que as informações que tinha sobre o crack referiam-se a efeitos devastadores e justificavam ações enérgicas para seu combate - até as internações compulsórias. "Quem tinha o monopólio da fala sobre o craqueiro era a turma dos médicos e das clínicas particulares". Além de autorizados a falar sobre o assunto, eles estavam sempre disponíveis, situou.
Contribuía para essa visão, disse Laura, a maneira como os moradores do local (cracolândia), recebiam os repórteres, às vezes com pedradas. "A maior parte apedrejava defendendo seu direito à própria imagem". Os profissionais usavam os episódios para reforçar a tese de intervenção. A jornalista considera que sua experiência serviu para desconstruir mitos que cercavam os usuários do crack, "reféns dos discursos médicos". (1).
Observações do escriba - 1ª - Na 19ª e na 20ª partes sobre A LIBERDADE de fumar..., "ouvimos" a opinião de um cientista político, de dois psicólogos e de dois jornalistas sobre a polêmica das drogas de um modo geral, tanto sobre as drogas lícitas como sobre as drogas ilícitas. 2ª - Sobre o assunto, a indústria farmacêutica, os donos de clínicas particulares, e a classe médica de um modo geral, continuam surda, muda e cega. Será? 3ª - Gostaríamos de ouvir a opinião de cientistas químicos, de cientistas farmacêuticos, de cientistas botânicos ou de cientistas químicos farmacêuticos. Como eles não andam se manifestando de jeito nenhum, em algum momento, nos próximos artigos, tentaremos fazer o papel de um "cientista botânico-químico-farmacêutico".
A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
Aracaju, 5 de dezembro de 2014.
Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.
Fonte: (1) - Revista Radis - Comunicação e Saúde desde 1982. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - ENSP - FIOCRUZ - nº 122 - novembro de 2012 - páginas 20 e 21. Reportagem de Adriano De Lavor.