A LIBERDADE...

Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...

11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...

14ª parte

16.6 - Tipos de FUMANTES

FUMAR é um comportamento complexo alimentado por processos bioquímicos, fisiopatológicos, atitudinais e cognitivos, associados geralmente a reflexos condicionados adquiridos por influências e/ou pressões sociais.

Na Inglaterra, o Medical Research Council classifica os FUMANTES em três categorias de consumidores de CIGARROS diários, a saber: a) FUMANTES leves, 1 a 10 CIGARROS. b) FUMANTES moderados, 11 a 14 CIGARROS. c) FUMANTES pesados, 15 ou mais CIGARROS.

Entre nós geralmente são chamados FUMANTES moderados os consumidores de até 20 CIGARROS diários, e imoderados acima disso.

O último relatório do Royal College of Physicians da Inglaterra, calcados nos estudos de Caon, McKennel, Russel, Tomkins e outros, alinha sete tipos de TABAGISTAS:

1º - Os que FUMAM só em situações especiais, como reuniões sociais.

2º - FUMANTES pelo prazer sensorial e pelo ritual da manipulação do CIGARRO.

3º - Os que FUMAM para aumentar o prazer de situações por si só agradáveis. Estima-se que esta seja a forma mais comum. Esses podem passar horas sem FUMAR até que se apresente outra situação convidativa.

4º - Os que FUMAM para facilitar a aceitação de situações desagradáveis; pela distensão que lhes proporciona o FUMAR, pela derivação da emotividade e pela satisfação do ritual da manipulação do CIGARRO.

5º - Os que buscam os efeitos estimulantes da NICOTINA para lhes dar a impressão de ajuda na concentração do trabalho mental, ou de acalmia para manter o desempenho durante tarefas monótonas, ou ainda para vencer situações de tensão.

6º - Os que são impulsionados a FUMAR cada 15 ou 30 minutos para aliviar ou evitar os sintomas desagradáveis da falta de NICOTINA.

7º - Os que automaticamente acendem um CIGARRO após outro e só se sentem seguros com um CIGARRO na mão.

Os três primeiros tipos não estão farmacologicamente presos ao TABACO; os quatro últimos já são NICOTINO-dependentes, sendo os dois últimos em grau maior, podendo ser classificados como TABACÔMANOS.

Por sua vez, a Sociedade Americana de Câncer identifica quatro maneiras de FUMAR: 1º - por hábito, sendo o automatismo tão predominante que se trata praticamente de um ato inconsciente. 2º - Por efeito positivo, sob o pretexto de que FUMAR estimula ou distende. 3º - Por efeito negativo, ajudando a suportar as preocupações, o medo, etc. 4º - Por intoxicação, pela necessidade mental e busca da distensão temporária.

Os FUMANTES em geral são maiores consumidores de café (cafeína), bebidas alcoólicas e aspirina. Nos TABAGISTAS imoderados tem-se encontrado maior propensão para o uso de psicotrópicos e outras drogas. É, todavia, difícil estabelecer uma correlação e interpretação científica.

A propalada versão de os TABAGISTAS serem pessoas "nervosas" ou "neurastênicas" ocasionou centenas de investigações. Eysenck acentua que homens neuróticos têm menor tendência a abandonar o CIGARRO, não encontrando nas mulheres relação entre TABAGISMO e neurastenia. Alguns autores, como Russel, consideram os estados leves de "neuroticismo" consequência do TABAGISMO, e não este resultante daqueles. Por outro lado, a reconhecida maior prevalência de FUMANTES entre pessoas "neuróticas", evidentemente, faz parte da tendência que elas têm de consumir álcool, psicotrópicos e outras drogas.

16.7 - Produção e demanda mundial do TABACO. Conforme dados da FAO, o TABACO é cultivado atualmente em 120 países de todos os continentes, para consumo interior e exportação. Entre os principais produtores, alinham-se a China, com mais de 1 milhão de toneladas anuais, Estados Unidos 960.000, Índia 380.000, União Soviética 318.000, Turquia 300.000, Brasil 253.000, Bulgária e Japão 165.000 cada, Grécia 127.000, Itália e Polônia 100.000 cada.

A indústria do TABACO é controlada mundialmente por sete multinacionais em todas as suas fases, desde a cadeia de produção até a venda de CIGARROS. (1).

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, 23 de novembro de 2014.

Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.

Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 251, 252 e 253.

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15ª parte

1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FUMO DO CIGARRO - O FUMO (*) do CIGARRO resulta da combustão incompleta do TABACO. Só a extremidade acesa do CIGARRO, cuja temperatura é cerca de 850 graus centígrados sofre combustão completa, por ter oxigênio suficiente. À medida que se afasta dessa zona incandescente, o ar se empobrece de oxigênio, a combustão se torna incompleta, formando-se produtos progressivamente menos oxidados. O FUMO do TABACO constitui uma mistura heterogênea resultante de três fatores: a) PIRÓLISE, que consiste na decomposição térmica do TABACO, resultando em substâncias orgânicas fracionadas em pequenas moléculas; b) PIROSSÍNTESE, quando elementos fracionados se recombinam formando novas substâncias originariamente não existentes no TABACO; c) DESTILAÇÃO DE CERTOS COMPONENTES, como a NICOTINA. Duas fases fundamentais se distinguem no FUMO do TABACO: a fase particulada (condensado) e a fase gasosa.

1.1 - Processos de análise do FUMO

A análise química da fase gasosa e condensada do CIGARRO é feita por meio de "máquinas de FUMAR". Dado que as concentrações dos componentes químicos na queima do TABACO variam conforme o número e o tempo das aspirações (tragadas) feitas com o CIGARRO, as máquinas de FUMAR são previamente reguladas para "FUMAR" os CIGARROS dentro de parâmetros que representem a média estatística de centenas de milhares de tragadas realizadas normalmente por FUMANTES. Um CIGARRO que pesa um grama é FUMADO em média durante 10 minutos, com 8 a 10 tragadas. Cada tragada utiliza 35 ml de FUMO, dando o volume total de cerca de 250 ml por CIGARRO. É evidente que o comportamento no ato de FUMAR varia enormemente com os indivíduos, ambientes, condicionamentos sociais e regiões geográficas.

(*) FUMO aqui está entendido como sinônimo de FUMAÇA e não de TABACO, como às vezes é empregado.

As diferenças de concentrações de diversos componentes do FUMO, que se elevam das primeiras para as últimas tragadas, são devidas a diversos fatores, notadamente a elevação progressiva da temperatura e ao fato de os produtos condensados desde o início na ponta do CIGARRO se vaporizarem e pirolizarem quando o segmento ou zona incandescente se aproxima da boca.

As máquinas de FUMAR são reguladas para recolher os produtos da combustão do CIGARRO de acordo com todas essas variações. A tragada se compõe de um "condensado" que é retido nos filtros, dos quais é retirado por diversos processos, conforme o caso, como seja a precipitação eletrostática. Este condensado é um verdadeiro aerossol, contendo por milímetro cúbico um milhão de micelas de 0,1 a 0,8 mícron de diâmetro. Outro componente do FUMO tragado é gasoso, aquele que passa pelo filtro. Os filtros geralmente retém 99,9% das partículas com diâmetro igual ou superior a 0,3 mícron. O componente gasoso, apesar de ter sido filtrado, é, como o condensado, de composição muito complexa. Condensado e componente gasoso são recolhidos em sistemas analisadores químicos e físico-químicos sofisticados e em câmaras especiais, onde se colocam animais vivos, órgãos isolados desses animais, etc. sobre os quais também são estudados os efeitos dos componentes identificados. Processos altamente complexos, como, por exemplo, a cromatografia, a espectrografia de massa e o infravermelho, permitem a identificação dos elementos e suas concentrações.

1.2 - Constituintes do FUMO

Mais de 1.200 substâncias foram isoladas, com muita constância, do FUMO do CIGARRO, sendo 95% da fase particular (condensado). A composição pode variar conforme o tipo do TABACO, a região, o modo como é cultivado, e em função dos processos de seu preparo, das variações de temperatura e do modo de fermentação. Os tipos de TABACO influem no teor dos componentes. Também influem na composição os métodos de fracionamento químico, etc. Não é exagero dizer que, somando-se todos os compostos já identificados no FUMO do TABACO, o total atinge cerca de 4.000.

As substâncias melhor estudadas são:

A - No condensado: NICOTINA, fenóis, cresóis, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e outros, benzopireno, criseno, aldeídos, cetonas, ácidos orgânicos, álcoois e polióis.

B - Na fase gasosa: Nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono, MONÓXIDO de CARBONO, hidrogênio, argônio, metana, hidrocarbonetos saturados e não saturados, carbonilas, ácido cianídrico, outros compostos gasosos, vapor d'água. Além desses, é de interesse mencionar uma série de outros componentes na fase gasosa, em quantidades menores: óxido e dióxido de nitrogênio, amônia, formaldeído, acetaldeído, acroleína, propionaldeído, isovaliraldeído, acetona, metiletilcetona, butanona, furfural, dimetil, e metilfuran, ácido acético, acetonitrila, benzeno, tolueno, xileno, cloreto de metila, derivados carbonilas e ácidos orgânicos diversos. (1).

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, 23 de novembro de 2014.

Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.

Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 13, 14, 16 e 17.