A LIBERDADE...

Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...

11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...

10ª parte

O reinado do CHARUTO ocorreria no século passado (século XIX). Desde os anos seiscentos os rolos e cilindros de folhas de TABACO dos índios americanos eram descritos pelos naturalistas e viajantes. Os primitivos e toscos CHARUTOS se espalharam pela Espanha e depois Itália, sobretudo Nápoles, então sob o domínio da primeira. O CHARUTO penetrou na França e na Inglaterra depois da guerra peninsular napoleônica em 1814 (século XIX), trazido que foi da Espanha. Em 1821 (século XIX) o parlamento inglês promulgou o Ato submetendo a manufatura do CHARUTO ao controle governamental. O CHARUTO se difundiu em todos os continentes, e em meados do século passado (século XIX) seu consumo era praticamente universal. Tornou-se cada vez mais longo e volumoso. As mulheres foram encorajadas a FUMAR CHARUTOS pequenos chamados queens. Se o povo FUMAVA CHARUTOS baratos, os abastados saboreavam os havanas e os holandeses. Em 1870 (século XIX), nos Estados Unidos, praticamente todos os homens de negócios, políticos e dirigentes governamentais FUMAVAM CHARUTOS. Este era, como ainda é, a ostentação do poder. A popularidade do CHARUTO cresceu ainda mais quando sua confecção passou a ser feita a máquina, barateando a produção. Nessa época as estradas de ferro passaram a manter nos trens compartimentos reservados aos FUMANTES. A vendagem de CHARUTOS nos Estados Unidos subiu de 4 bilhões em 1890 (século XIX) a 8 bilhões em 1920 (século XX).

Não obstante essa ascensão, a indústria CHARUTEIRA estava apreensiva, e com razão, pois uma nova modalidade de FUMAR, mais prática e mais "democrática", vinha conquistando as populações: o CIGARRO, que assumiu o reinado no presente século (século XX).

O precursor do CIGARRO data do início do século XVII, quando na Espanha já se consumiam rolos de TABACO capeados com papel tosco, denominados "papelitos" ou "papeletes". Por volta de 1840 e 1850 (século XIX), surgem descrições da nova moda de FUMAR, apreciada pelas mulheres dos salões galantes parisienses; tratava-se do "cigarette". Este difundiu-se rapidamente, implantando-se na Inglaterra em 1852 (século XIX). O CIGARRO logo espalhou-se por toda a Europa e Oriente. TABACOS cada vez mais puros (envolvidos em papel delicado), especialmente os orientais, turcos e egípcios, faziam concorrência às manufaturas inglesas e americanas. No último quartel do século passado (século XIX), a produção de CIGARROS subiu extraordinariamente com a inovação de maquinaria capaz de produzir centenas de milhares por dia. À medida que aumentava o consumo de CIGARROS, diminuía o de CHARUTOS. A luta entre as duas indústrias nos Estados Unidos tornou-se aguda. A última fazia crer serem os CIGARROS drogados com ópio (a) e morfina (b), confeccionados com tocos recolhidos das sarjetas e manipulados por leprosos chineses. John Sullivan (c), campeão mundial de box, foi contratado para fazer a apologia da masculinidade do CHARUTO, alardeando ser o CIGARRO efeminado e portanto não se coadunar com pugilistas fortes. Os fabricantes de CIGARROS, para facilitar sua aceitação, distribuíram aos compradores cupons com direito a prêmios. Aos poucos o CIGARRO dominou o mercado. Constituíram-se os cartéis. Em 1910 (século XX) a sua produção, nos Estados Unidos, era o dobro de 1896 (século XIX).

Na Europa, antes da Primeira Guerra Mundial (1914/1918 - século XX), o consumo de CIGARROS não chegava a um sexto da produção mundial. Foi durante essa conflagração mundial e logo depois que houve a primeira grande expansão, neste século (século XX), do hábito de FUMAR CIGARROS. A tensão permanente das populações, as alterações dos padrões de vida e dos métodos de trabalho constituíram fatores a favorecer o consumo do CIGARRO. Além disso, este era mais econômico, mais cômodo de FUMAR nas trincheiras, nos abrigos, nos locais de aglomeração e de trabalho, coadunando-se melhor, enfim, com a nova vida agitada. O CIGARRO passou a ser consumido por maior número de mulheres. Estas tiveram de trabalhar até em ocupações sempre reservadas aos homens, e sua participação foi então muito maior no comércio, nos escritórios, nas fábricas, etc. As rápidas transformações sociais aceleraram a emancipação do sexo feminino, que passou a ter hábitos de maior independência, e FUMAR CIGARROS foi um deles. Assim, após a guerra, na década de 20, as mulheres TABAGISTAS aumentaram consideravelmente, sobretudo nas cidades.

Durante os 350 anos da história do TABAGISMO aqui sintetizada, literatos, poetas, filósofos, naturalistas e governantes exaltaram ou estigmatizaram o TABACO. Campanhas antiTABAGISTAS, exortações, conselhos, restrições, proibições totais, excomunhões, não impediram a marcha ascensional do hábito de FUMAR. Raros foram os pronunciamentos médicos acusando o TABACO de nocivo. Em 1798 (século XVIII), Rush, médico norte-americano, publicou observações sobre os perigos do TABACO para a saúde. A primeira advertência científica do efeito nocivo do FUMO do TABACO surge em 1859 (século XIX), quando Bouisson, clínico francês, elabora o primeiro estudo bem documentado de 68 doentes do Hospital Montpellier, com câncer dos lábios, da mucosa bucal e da língua, dos quais 66 fumavam CACHIMBO. As demonstrações científicas irrefutáveis e convincentes da nocividade do TABAGISMO só se estabeleceram neste século (século XX), a partir de 1930. (1).

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, 23 de novembro de 2014.

Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.

Fontes: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 228, 229 e 230. (2) - (a) e (b) - Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa - Encyclopaedia Britannica do Brasil - Companhia Melhoramentos de São Paulo - 11ª edição - 1989 - páginas 1239 e 1170. (a) - Ópio, substantivo masculino (gr. opion). 1. Botânica - Látex da papoula dormideira (Papaver somniferum). 2. Mistura complexa de alcalóides de três grupos: papaverina, morfina e narcotina. 3. Aquilo que causa entorpecimento moral. - Ópio em lágrimas: o ópio tal como é extraído por incisão das cabeças das papoulas. (b) - Morfina, substantivo feminino (fr. morphine, formado sobre o gr. Morphos, deus do sono). Química. Base amarga cristalina narcótica, que forma hábito, (C17, H19 NO3); principal alcalóide do ópio em quantidade de 15% produz poderosos efeitos complexos, fisiológicos e psíquicos, semelhantes sob alguns aspectos aos do ópio; é usado em medicina na forma de sal solúvel, principalmente como analgésico e sedativo, em casos de síndromes dolorosas não resolvíveis por outros meios. (3) - (c) - Dra. Internet, Dr. Google e Dra. Wikipédia - (c) - John Sullivan (1858-1918) - Jonhn Lawrence Sullivan - Pugilista americano, considerado o 1º campeão mundial de box, categoria pesos-pesados. Na época o box era praticado com as mãos nuas.

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11ª parte

16.2 - Generalização do TABAGISMO.

Com dissemos no item anterior, a primeira grande expansão do consumo de CIGARROS data da Primeira Guerra Mundial, tendo ocorrido generalização ainda maior depois da Segunda Guerra Mundial.

Nos Estados Unidos (os dados mencionados neste capítulo foram colhidos nos relatórios do Departamento de Saúde, Educação e Bem-estar e de outros órgãos desse país), em 1920, o consumo anual de CIGARROS para cada adulto era 750, elevando-se em 1960 a 3900. A média de consumo diário de CIGARROS para cada habitante era em torno de 9 em 1947, chegando a 12 entre 1963 e 1964. Segundo dados do National Clearinghouse for Smokink and Health, em 1977, enquanto os homens FUMAVAM em média 23 CIGARROS por dia, as mulheres FUMAVAM 19.

Na Inglaterra, segundo informa o Royal College of Physicians, em 1958 eram TABAGISTAS 72% dos homens e 39% das mulheres. Inquéritos ulteriores revelaram o aumento progressivo da prevalência de FUMANTES no sexo feminino em um período de 50 anos, com elevação mais aguda nos últimos 20 anos. Segundo Wald, nesse país, o consumo anual de CIGARROS por pessoa acima dos 14 anos de idade, no período de 1920 a 1940, cresceu nos homens em números médios de 2000 a pouco menos de 4000, assim se mantendo até 1970; contrariamente, nas mulheres subiu de praticamente zero a 2000. Na meticulosa análise desse autor é apontada a estabilização do TABAGISMO nos homens adultos nos últimos quarenta anos, com elevação progressiva das mulheres. Dado alarmante forneceu o inquérito entre 1972 e 1973, revelando que em Londres, dos escolares de 10 a 11 anos e meio de idade, 6,9% dos meninos e 2,6% das meninas FUMAVAM pelo menos 1 CIGARRO por dia.

Na França, segundo Arnoud, em 1976 consignaram-se 31% de mulheres TABAGISTAS; no ano seguinte a taxa subiu para 43% entre os 12 e 18 anos, sendo de 29% acima dessa idade; há 40 anos as adolescentes FUMAVAM três vezes menos que os rapazes, e hoje a prevalência nessas idades, nos dois sexos, se iguala. Um inquérito realizado em julho de 1979 indica que entre os TABAGISTAS de 50 a 64 anos há uma mulher para cinco homens, enquanto aos 17 e 18 anos a prevalência nos dois sexos é praticamente igual.

Na União Soviética, segundo Loranskij, 82,4% começam a FUMAR até aos 19 anos e destes 16,9% aos 8 e 9 anos. Das mulheres, 27% ingressam no TABAGISMO entre os 8 e os 17 anos.

Dos dados colhidos nos diversos países extraem-se algumas conclusões gerais importantes, a seguir sintetizadas:

1ª - Entre os homens de nível cultural mais elevado, a prevalência de TABAGISTAS é inferior à dos trabalhadores, sobretudo braçais, verificando-se o inverso nas mulheres.

2ª - As mulheres passam progressivamente a FUMAR mais e se iniciam mais cedo no TABAGISMO, sendo entre as jovens a prevalência de TABAGISTAS, em muitas regiões, igual e até superior à dos homens; isso ocorre pela emancipação da mulher e pelas novas atitudes sociais em relação às mulheres FUMANTES.

3ª - Nos países onde há programas nacionais permanentes de luta contra o TABACO com apoio de legislação adequada, resultados positivos barrando a marcha do TABAGISMO têm sido verificados, sobretudo na população adulta.

4ª - Os jovens, entretanto, estão FUMANDO cada vez mais e iniciando-se mais cedo no TABAGISMO. Um dos fenômenos mais notáveis dos últimos 20 anos foi o extraordinário aumento da prevalência de FUMANTES entre as jovens, igualando e até sobrepassando a do sexo oposto.

5ª - Os dados acumulados mostram ainda que o número de FUMANTES adultos de um país é quase igual ao percentual de FUMANTES existentes aos 20 anos de idade. (1).

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, 23 de novembro de 2014.

Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.

Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 230, 232, 233 e 234.