A relação médico paciente ao longo dos anos






Relação médico paciente ao longo dos anos



A medicina ,após sair do curandeirismo,teve em Hipocrates o primeiro grande nome a explorar a doença do paciente,procurando,exaustivamente,chegar a um diagnóstico.Sucedeu-lhe Galeno que ,através de dissecções em animais,contribuiu para a evolução da ciência médica.
Contudo,quando cursava o Colégio Pedro II e,já idealizava me formar em medicina,encantou-me,ao ler o famoso livro de Acquarone. “Os grandes benfeitores da humanidade”,que citava a experiência do grande cirurgião francês Ambroise Paré idealizador de técnicas operatórias,mas, que,realmente, se notabilizou,desabafando sua angústia ante a dor humana,por ocasião das amputações de soldados durante a guerra,inspiraria o progresso da anestesia.É sua a frase;”Eu tratei,Deus curou”.
Entramos,enfim,no século passado e a figura do médico,utilizando a casaca negra,suja,símbolo de sua atuação,mas que conduzia,muitas vezes ao óbito,por carrear miríades de microorganismos,rivalizava com a figura divina.A entrada de um médico numa residência provocava,previamente,um ‘movimento energético’ no paciente,provocando-lhe a cura esperada.Resgato a figura de um médico,em especial Dr Carlos da Silva Freire,simplesmente, Dr Freire.Ao adentrar em seu consultório,percebia-lhe poderes supra conscientes,míticos.A dor desaparecia como encanto sobrenatural. A razão singela deste fato residia em que o médico clinico não dispunha de recursos técnicos de imagem ou laboratorial e aprofundava a anamnese em mínimos detalhes,examinava o paciente,minuciosamente,tocando-o,auscultando,encontrando pequenos sinais patognomônicos .Lembremos,ainda,que os hospitais eram casas com nomes de santos,cujo objetivo era assegurar conforto para a sua morte.Lá,encontrávamos zelosas freiras com suas vestes brancas,rigorosamente engomadas.O paciente sentia-se,pois,acolhido por aquele profissional semi deus.
Lamentavelmente,uma combinação de acontecimentos,levaram a profunda crise na relação médico paciente.O surgimento de procedimentos técnicos de diagnostico por imagem,a formação precária ,  sub especialização e,principalmente,o advento da medicina de grupo,transformaram em impessoal,frio este atendimento.O médico se vê na contin gência de atender um grande número de ‘clientes’ e não de pacientes,para ter compensação financeira,pois o “convênio’ paga-lhe pouco! O doente,sequer lembra o nome do médico.Os processos profissionais se multiplicam,quer pela imperícia,quer pela negligência ou,simplesmente,pela ‘desatenção do medico.A midia colabora degradando,responsabilizando e,porque não dizer,isentando  a culpa das políticas publicas equivocadas,corruptas,eleitoreiras.
Porem,inspirado no grande Victor Frankel que apoiado nos ombros de Alfred Adler e Freud que previa a logo terapia ,venho transmitir aos colegas que o futuro da medicina em sua relação médico paciente,se fará de uma forma intuitivo dedutiva em que o médico ,através de seu ‘logos” curará o ego enfermo...Quando orientava os internos da UFRJ ,costumava aconselhá-los a ler poemas,ouvir musica clássica,pintar etc.O objetivo básico e o de desenvolver a sensibilidade,tornando o profissional receptivo a pequenas nuances que fogem ao examinador superficial.
O paciente voltará a perceber no profissional ,não um semi deus onipotente,mas um amigo que divide com ele suas angustias,incertezas.
Reitero,freqüentemente,a máxima de que:”O corpo é a lixeira da alma” Somente,auscultando a alma do doente é que poderemos curá-lo...