TEMPOS LOUCOS AQUELES... Do Manicômio para a casa

RECONHECIMENTOS

Nesta oportunidade primeiramente agradeço a Deus, a quem devo a vida e que no decorrer desta, até o presente momento, tenho visto ao final de cada etapa e mesmo na caminhada do dia a dia, a Sua bondosa mão que me orienta, protege, corrige e inspira abençoando com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo Jesus. Bem disse o sumo sacerdote Samuel do qual empresto as palavras: “ até aqui me ajudou o Senhor” (I SAMUEL 7.12) Agradeço a minha amorosa esposa Carmem Lúcia, mestre no ensino e manuseio das letras cujo exemplo me incentiva a escrever o que se vive, o que se pensa e o que se pratica, valorizando assim os percursos andados, os ruins e bons momentos da vida, a vitalidade e a fraqueza do ser humano. Agradeço aos filhos Mateus, Raquel e Priscila pelo tempo que, dependentes de mim, como pai me levaram a buscar alternativas para a subsistência de nossas vidas, pelo carinho, compreensão e companheirismo recíprocos. Agradeço aos demais familiares, reconhecendo quanto foram importantes desde a minha tenra idade no estender a mão e nas orações. Agradeço a Deus pela memória de dona Salvina, minha mãe, mulher que não teve professores, mas soube ensinar e cuidar com a sabedoria do coração de mãe o melhor de tudo. Agradeço às pessoas amigas, ministros com os quais andei e que ainda marcam presença em minha memória, pessoas que não sei dizer se me cativaram ou se eu as cativei, pois de muitas ouvi dizer: “... foi chegando de mansinho...” e momentos alegres e fraternais aconteceram num relacionamento sadio, também aos que se chamaram amigos e aos quais me dediquei mesmo que colhi danos, enganos, desilusões e lições que me serviram para avaliar, que mesmo assim vale apena investir no próximo. Agradeço, por fim, aqueles aos quais eu não consegui deixar uma boa impressão, aos quais faltei com o que esperavam de mim, talvez por ser um eterno aprendiz e como tal, imperfeito, ficando assim a dever mais do que apenas o amor, conforme deseja de todos nós o Mestre Jesus. A todos os moradores da Residência Terapêutica da qual fiz parte e colegas que ainda estão ali. A todos, reconheço que não tenho como pagar a cada qual o seu valor respectivo, mas eu “só peço a Deus” para que em tempo oportuno Àquele que tudo tem e tudo pode os alcance e recompense com Sua Maravilhosa Graça.

INTRODUÇÃO

Minhas experiências no S.R.T. Serviço Residencial Terapêutico – SP

O relato a seguir realmente serve para que eu mesmo não esqueça as experiências vividas na Residência Terapêutica com a finalidade de participar da reintegração na vida familiar de oito homens que eram internos de hospital psiquiátrico ou manicômio como também é chamado, o hoje abandonado e felizmente fechado hospital que leva o nome de um ilustre médico psiquiatra francês Charcot.

Inicialmente eram experiências assustadoras no sentido de que eu passava a conviver com pessoas com os tipos mais variados de transtornos mentais, mas que se revelaram como algo que valeu a pena acrescentar a minha vida e carreira humana. Bom seria se todos pudessem de alguma forma se envolver com algum tipo de comunidade onde a forma de vida foge ao comum, fora do seu mundo, mas que existe e tem que se enfrentar, entender, viver e ajudar. Dessa forma muito aprenderemos sobre a vida , a nossa vida também, diante dos sofrimentos nossos e os alheios.

Quando entrei para trabalhar com os moradores recém-chegados do Hospital Psiquiátrico Charcot, - hoje totalmente desativado - e que se localiza na região sul de São Paulo, onde eram internos, alguns por vários anos, deparei-me com situações e vivências daquelas pessoas que até então eram desconhecidas para mim sobre a questão da doença mental e seus transtornos. Se bem que havia observado alguns casos em pessoas conhecidas, mas não tão próximos, com exceção de um cunhado que teve problemas de perturbação mental, resultado do vício do alcoolismo, ficando assim com sua mente bem avariada, posteriormente passou por tratamento numa clínica de recuperação para alcoólicos e viciados em drogas, infelizmente faleceu devido a uma doença causada pelo vício, o câncer.

Assumindo esse novo trabalho como Acompanhante ou Cuidador Comunitário, chegou a minha vez de ter experiências reais, viver de perto o dia a dia, ou melhor, a noite a noite, pois foi esse o período de trabalho que escolhi para acompanhar, ajudar e até mesmo partilhar da vida de oito homens, não mais internos de um hospital, mas moradores de uma residência.

A residência terapêutica ou SRT, é uma casa como qualquer outra, num bairro comum e numa vivência, se possível, como uma família comum e de muitos irmãos.

TREINAMENTO E VISITAÇÃO

Para entender-se melhor esse tempo, passo a descrever algumas caminhadas como o treinamento e visitações a hospitais e a vivência no dia a dia dos CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial.

Eu fazia parte de uma leva de homens e mulheres que se candidataram a fazer parte do Programa que visava esvaziar os Hospitais mantidos pelo SUS, isso no Município de São Paulo, mas que, como outros hospitais de diferentes Estados, há muito não estavam conseguindo no presente século, tratar de maneira humana e digna, do ponto de vista da medicina e do social, aqueles internos que na grande maioria, ou chegaram ali já desorientados e sem ideia alguma de sua própria identidade ou em outros casos foram deixados e abandonados ali por familiares e perderam os laços do relacionamento familiar e o sentimento do seu lugar no seio de uma família.

Participei de vários treinamentos, seminários e visitações a hospitais que estavam adequados ao novo programa e onde a questão de Residência já era uma realidade, inclusive moradores que já viviam de uma forma bem socializada, trabalhavam e se divertiam fazendo passeios e turismos. Ainda meus companheiros e eu fomos integrados a forma de trabalho no CAPS que, como um posto de saúde, recebe pessoas com problemas com deficiência mental, que moram com suas famílias, se cadastram e passam a visitar quase que diariamente para tratamento, consultas com psiquiatras, orientações, lazeres e terapia ocupacional. Ao final do dia retornam para suas casas.

Enquanto isso, em nível de diretoria e coordenação, já se faziam contatos com a direção do hospital de onde sairiam os oito moradores para a residência

Como a programa estabelecia oito pessoas, então vários grupos de oitos pessoas estavam sendo separados para diversas outras residências, portanto aguardávamos com ansiedade o dia de irmos visitar e conhecer os nossos “meninos”, visto que agora o hospital fazia a sua parte fazendo passar por exames médicos e outras conveniências de ordem burocrática. Naquela época, havia somente uma residência estabelecida no município de São Paulo na região da Lapa e era feminina.

PRIMEIRA VISITA NO HOSPITAL CHARCOT

Fomos recebidos pelos nossos futuros “moradores” numa área de recepção de visitantes, lá estavam eles, do jeito deles, nem tímidos nem ansiosos, do jeito que eles eram, curiosos ou indiferentes, afinal, possivelmente em muitas oportunidades de visitas esperavam ver seus parentes, alguém conhecido para levá-los para casa e nada, quem sabe até mesmo alguma promessa, mas o tempo passou e passou e nada aconteceu. Novamente a noite chegava e também a hora de voltarem aos seus alojamentos frios e fétidos, às suas roupas emboloradas e a porção de sempre dos remédios pesados.

Alguma informação sobre o nosso grupo já havia sido dada a eles, portanto nós chegamos e logo os cumprimentamos informando nossos nomes e conhecendo o deles, com simpatia e um fraternal envolvimento e interesse por eles. Eu não sei do que cada colega viveu daquele primeiro momento de encontro, a vista da realidade da vida ali. O local com imensa área cercada por muros altos, algumas árvores e estreitas alamedas por onde circulavam , mais como andantes comuns e orientados e conduzidos por exercícios, outros se deixavam ficar deitados na gramas em descanso, banho de sol ou para deixarem o tempo passar e passar. Para mim, nós teríamos que deixar de ser um pouco profissionais e nos mostrarmos como novas pessoas, embora desconhecidas, pessoas em que eles poderiam confiar. Nós os tiraríamos dali.

Nas nossas conversas, sempre descontraídas, porém sem forçar nada, lhes perguntávamos sobre seus gostos, suas vontades, os conhecimentos de alguma coisa lá de fora ou de dentro, sobre a família e locais de onde vieram. Alguns eram repetitivos em suas respostas, outros logo mudavam o assunto e até mesmo não se pronunciavam, outros entravam e saíam do recinto como crianças irrequietas. Entre eles o Gilberto que nem mesmo quis se assentar junto aos demais, pediu cigarro e saiu na dele em altas risadas e conversas com sua própria sombra pelas alamedas daquele espaço que rodeava, rodeava e chegava sempre no mesmo lugar, mas ele ainda seria um dos nossos.

QUE PENA! PERDEMOS UM

Marcelo, moço bonito, entre 25 a 30 anos, alegre, pelo menos ali conosco era bem sociável e simpático, de todas as conversas o que mais passou para nós foi a frase “ É bom! É bom! É bom! ” tudo parecia ser bom para aquele rapaz. Pouco mais de uma semana depois, ainda no hospital, Marcelo, foi o escolhido pelas circunstâncias do sofrimento mental, da hora e da situação, não havia enfermeiro próximo e nem mesmo médico de plantão quando ele veio a ter forte convulsão. Os próprios colegas saíram em busca de socorro, não havendo médico naquele momento teria de sair para Pronto Socorro externo, mas no caminho morreu.

Este fato seria, quem sabe, um pouco da vivência que teríamos de enfrentar, por isso a proposta que passamos para eles é que seria uma casa deles e para eles, onde nós seriamos apenas os acompanhantes para prover a cada dia, atenção, presença constante e amiga, enfim, fazermos a diferença na vida daquelas pessoas dali para frente.

MAIS UM SUSTO

Enquanto continuávamos aguardando para buscarmos definitivamente os internos do hospital recebemos uma comunicação de que um deles, o Sr. Benedito, um dos mais idosos, tivera convulsões um tanto graves, tanto que foi levado para a enfermaria e já se encontrava lá por vários dias. Ouvimos de uma das Terapeutas internas que não seria aconselhável a sua saída para a residência visto a possível necessidade de permanecer recebendo cuidados especiais, tipo os recebidos na enfermaria.

Fomos visita-lo, embora somente dois dos nossos companheiros mais a nossa coordenadora puderam vê-lo. Segundo eles o Sr. Benedito mantinha a esperança de sair dali, pois esboçou reações que confirmavam a sua ansiedade de fazer parte do grupo.

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DEIXADO PARA TRÁS, MANICÔMIO NUNCA MAIS...

A folha do calendário virou de vez e o dia 30 de Julho de 2008 enfim chegou e foi com alegria que nós Cuidadores vimos o veículo parar de fronte a Residência Terapêutica e descerem e entre eles o Sr Benedito recuperado na sua saúde. Nota: Como dos oito aos quais visitamos no hospital o Marcelo faleceu, foi colocado em seu lugar um novo participante naquele grupo, o Sr Geraldo.

A CASA

A casa locada pela Associação a qual fazíamos parte se localiza num bairro residencial chamado de Morro do Querozene na região do Butantã, capital de São Paulo. No período que antecedeu, a equipe foi reconhecer a casa e verificar a necessidade de se fazer alguma adaptação devido a facilitar a locomoção de todos. Com uma sala ampla, três quartos e um banheiro interno e outro externo ao fundo, mais área de estar coberta e lugar suficiente para estender roupas lavadas e finalmente uma varanda a frente da casa dando total visão da rua e casas vizinhas as quais todos nós da equipe fomos nos apresentar e falar da residência e seus futuros moradores, isso para quebrarmos o gelo e estranheza de alguns se eventualmente houvesse algum momento de crise e alteração no comportamento dos moradores, mas para a nossa alegria, ao passo que explicávamos o objetivo, várias pessoas se mostraram compreensivas e incentivadoras, inclusive se colocando a disposição para qualquer coisa.

Todas as mobílias foram escolhidas nas lojas e compradas com a melhor das opiniões da equipe, evidentemente uma boa mobília, porém sem exagero nos preços. Um jogo de sofá para a sala, camas de solteiro para os quartos (8); para a sala ainda um rack e televisão, um aparelho de som com rádio e toca CDs e ventiladores. Para a cozinha, um fogão de quatro bocas, uma geladeira, uma mesa de seis cadeiras e todos os utensílios necessários como panelas e jogos de pratos e copos, talheres em geral. Para área de serviço, uma máquina de lavar e mesa maior com oito cadeiras. A primeira compra de gêneros alimentícios foi feita pela equipe, sendo que dai para frente todas as idas ao mercado, padaria e farmácia teria a presença de moradores que estivessem dispostos a andar e acompanhados por um cuidador. Para o dia haveria dois da equipe, sendo um homem e uma mulher e para a noite apenas um homem. O objetivo de ter dois acompanhantes no dia seria em razão de se prever mais atenção enquanto eles estavam acordados, também seriam acompanhados para consultas periódicas no Centro de Saúde próximo, vacinações e idas ao CAPS, bem como passeios para conhecerem o bairro e aos parques da região. Para isso era necessário ter sempre um acompanhante a mais do que a noite, se bem que a noite se fosse necessário, em razão de alguma emergência, podia se chamar e obter a ajuda do Cuidador que morasse mais próximo.

CASA NOVA, VIDA NOVA

Uma vez todos instalados, agora era hora de colocarmos em prática tudo que tínhamos aprendido e nos adaptarmos ao estilo de cada um e por precaução estar atentos a qualquer alteração. O primeiro dia foi uma festa, todos estavam bem e correspondiam com certo prazer a nova vida. Suas camas novas, guarda-roupas e utensílios de higiene próprias. A primeira noite seria a também a minha primeira participação e sozinho no convívio com que duraria por dez meses com aqueles moradores.

CONHECENDO UM POUCO DE CADA MORADOR

Seria para mim até tentador escrever as muitas minúcias de cada um dos oito moradores, visto que nos meus plantões pude observar o cotidiano de cada um, cheio de altos e baixos, porém cabe esclarecer aqui que não usarei nenhum termo técnico comum à médicos e psicóçogos e pessoas com conhecimento profundo da área visto que como leigo eu incorreria em erros, também não viso tirar nenhum proveito desse tempo com exceção de manifestar a gratidão pela oportunidade das experiências vividas junto àqueles irmãos.

Havia hora em que estavam tranquilos, porém alterações no comportamento podiam acontecer por pequenas causas ou inesperadamente até mesmo quando estavam dormindo, para alguns deles.

É claro que depois de 10 meses teria muito ainda a descobrir e aprender, talvez agradável quanto desagradável. Conforme ouvimos em palestras e treinamentos de médicos psiquiatras, ainda não se sabe tudo sobre o celebro humano, muito menos em como trazer de volta à perfeita razão uma pessoa que chega a passar 10 ou mais anos de sua vida internados num hospital como o Charcot. São os moradores os senhores: Vicente, Gilberto, Jorge, Ortiz, Edson, Geraldo, Benedito e Isaías. Portanto, vale a pena dedicarmos algumas palavras sobre estes moradores.

Cada um deles é diferente do outro, não somente na fisionomia , mas também no jeito de ser e de apresentar a faceta de seu sofrimento.

- Inicio pelo JORGE, um moço, na época uns trinta anos. Quando ele estava bem conversava muito, inclusive puxava assuntos e em geral fazia perguntas e colocações de certa Inteligência. Nessa fase ele chegava a ser brincalhão tentando falar coisas engraçadas a qual ele mesmo sorria. Andava devagar com pequenos passos, como se sempre sentisse frio, as mãos cruzadas à altura do queixo. Magro, rosto fino, lábios fechados sob os dentes superiores e grandes, quase não conseguia fechar a boca. Os seus assuntos exigiam de nós um pouco de atenção, pois ele parecia ter tido conhecimentos sobre diversas áreas, especialmente cultura, literatura, pessoas do passado com destaque na vida cultural, também a religiosa, não exatamente católica ou evangélica. O pouco que ficava quieto parecia estar pensando em algo e logo propunha uma conversa. Esse moço se mostrava totalmente alheio a qualquer tipo de agressividade ou rispidez, se isso acontecesse era por que estava entrando numa outra área, o que se poderia dizer uma crise. No entanto, o que se podia dizer de suas crises é que o deixavam totalmente debilitado, era quando nem saia da cama e ficava longas horas sem falar nada, pouco comia e se isolava dos demais, na verdade, naquela atitude, afastada do mundo, da vivência dos demais, ele parecia estar num lugar ou num mundo só seu, assim se tornava inofensivo, porém, também vulnerável a qualquer eventual importunação ou ataque de colegas.

- Seu VICENTE, aparentemente era o mais idoso. Cadeirante, teve um problema nas pernas e mal se apoiava para vestir sua roupa, era de pouco falar, mas prestava atenção em tudo o que se dizia ao seu redor. Em alguns momentos era solícito em conversar, mas sua idade (?) revelava lembranças de coisas antigas sem seguimentos com o mundo atual. Em bom estado era ágil e ele mesmo controlava a sua cadeira de rodas pelos corredores e ambientes, inclusive a guiava para ir até a mesa para fazer as refeições e ir ao banheiro. Contudo vi com preocupação durante a noite enquanto dormia muitos sobressaltos e delírios. Sê pesadelo não sei, mas o mesmo dava muitos chutes no seu cobertor e falava e xingava alto como se uma ou mais pessoas o estivessem atormentando ou mesmo crianças traquinas que não o deixavam em paz. Às vezes amanhecia mal humorado contudo aprendemos a respeitar esse momento dele, e assim, aos poucos conseguíamos envolve-lo nas atividades de relacionamentos e no ritmo da casa.

- Seu ORTIZ, de pequena estatura como o seu Vicente, aparentava uma certa idade, mas ágil para andar, pessoa de fácil amizade e tranquila, porém podia inesperadamente se tornar agressivo e ríspido à menor resistência para algo que ele achasse ser normal. Não conversava muito, era mais observador, no entanto aceitava as nossas conversas e se afeiçoava facilmente e fazia elogios, tipo: - “ seu Orlando eu gosto muito do senhor”. Aprendi que ele precisava mais de atenção quando ficava inquieto e pouco parava no mesmo lugar, tipo vendo televisão. A inquietação associada ao andar tremendo as mãos soltas e penduradas ao lado do corpo, sua boca murcha devido a falta de dentes apertava botando para dentro os lábios, seus olhinhos diminuíam mais ainda dando a ideia de uma criança que carecia de cuidados e afeto.

Certa vez, de noite, ele passou a descascar umas laranjas após o jantar, depois de ter chupado duas delas ofereceu uma laranja já descascada com seus gomos escorrendo o caldo ao seu BENEDITO que, quieto varria a cozinha. Ofereceu a laranja, de novo, seu Benê recusou, ele ofereceu de novo, o outro recusou novamente a receber, então ele se irritou e forçou a barra partindo para cima do colega insistindo – ” ...por que você não quer , eu sei que você gosta...”. – Eu me encontrava por perto e vi quando o seu Benê se preparava para revidar com o cabo de vassoura se realmente ele fosse para cima com a faca que usava para descascar a laranja em punho. Fui obrigado a abraçá-lo por trás para tirá-lo de diante do colega agredido verbalmente e ele resistindo o corpo a corpo para sair caímos no chão e assim consegui mobilizá-lo sem me ferir e principalmente a ele mesmo. Felizmente o seu Benê, apesar de ter ficado irritado, deixou para lá a coisa e saiu de perto. Enquanto eu o levantava apaziguando seu ânimo ele voltou a elogiar a minha pessoa - “ seu Orlando, o senhor é muito bom, eu gosto muito do senhor”. Graças a Deus tudo ficou bem. Nestes atos de agressão de um para o outro, uma coisa era certa os demais não entravam, não se envolviam nem para, pelo menos defender um ou outro e melhor ainda, não incentivavam os desentendimentos. Aqui, como , talvez, também era lá no hospital, cada um tinha muitos problemas seus mesmos, tinha o seu próprio pensamento, lembranças e sofrimentos, tipo assim: “Não mexendo comigo é o quanto basta”.

-EDSON, moço forte, parecia ser o mais novo, entre 25 a 30 anos, tinha um problema na perna, mas andava razoavelmente bem, também na mão, por isso não conseguia segurar com jeito a colher ou garfo para se alimentar. Era muito curioso e como uma criança queria saber de tudo e também mexer em tudo, tocar, os colegas nem sempre tinham paciência com ele, no entanto no seu estado tranquilo era bom companheiro, pode se dizer, como um adolescente pela casa a fora. Ele no passado, em algum momento de transtorno, tivera um de seus olhos afetado, então olhava com dificuldade com o outro olho arregalando-o, dormia e se alimentava bem. Esse moço, porém tinha mudanças de humor muito fáceis e por pouca coisa, bastava ser contrariado ou não conseguir algo que desejava, tornava-se agressivo, truculento e nessa hora cuidávamos para com as facas ficarem longe de seu alcance, pois ele de posse de alguma cortava suas roupas ou rasgava a força e ficava em algum canto mal humorado. Nesse tempo ali conosco ele teve várias alterações nervosas chegando ao ponto de cair e se machucar, por isso as suas cicatrizes de ferimento tanto no rosto como braços e pernas. Contudo, com o tempo, aceitava bem a nossa intervenção sempre cuidadosa e logo voltava às boas.

- O GILBERTO, aquele pequeno, esguio e irrequieto moço com toda característica nordestina, era assim, rápido no falar e difícil de se fazer entender devido a pronunciar palavras quase que sem abrir a boca e dentes cerrados, mudava rapidamente de assunto e não se prendia a nada, parecia que tudo no cérebro dele era um vai e vem de coisas. A mente dele parecia estar sempre ativa a tal ponto de ele mesmo não saber o que fazia. Ele também não parava quieto, pouco se assentava e falava muito sozinho como que tirando um “sarro” de alguém ou dando risadas em deboche de alguma situação. Às vezes se tornava teimoso em estremo e nossas atenções tinha que se desdobrar para com ele. Ora, era esperto por demais tentando fazer coisas, erradas por sinal, onde invadia o campo dos demais colegas, na questão de roupas e mexer nos objetos pessoais por exemplo. No seu momento de transtorno mental perdia completamente o equilíbrio do pode ou não pode. Mesmo depois de jantar e lembrando que todos por volta de 19 horas tomavam os seus remédios e aos poucos iam dormir, mas para este moço parecia que eles não faziam efeito. Quando estava mesmo naquele clima de transtorno, caia-lhe um sono, sono profundo de roncar, mas que nada, quando menos se percebia, lá estava ele em pé rondando pela casa toda e o mais preocupante era quando ia para a cozinha e direto para o fogão ou geladeira e literalmente invadia metendo a mão em qualquer coisa, panela ou vasilha e de qualquer jeito. Preocupava-me, pois a noite, mesmo que os outros estivessem dormindo, a teimosia dele era tal que não adiantava falar nada. Era como falar com uma porta e para impedi-lo tinha mesmo que tomar forçadamente de sua mão alguma vasilha, assim ele parecia estar a dias sem comer nada , sem noção sequer de peso no estômago. Este tinha o quadro mais agressivo, não que metesse medo, mas por ser sorrateiro, andava rápido e como um gato logo entrava num quarto do outro e parece que sempre sabia quem era o mais inofensivo dos colegas, assim era o Jorge a vítima preferida para suas perturbações, inclusive em termos de molestá-lo sexualmente. É comum que pessoas com problemas mentais quando em crise se desfazer de suas roupas ou não perceberem a necessidade delas, mas este moço ficava de tal maneira que não percebia a sua calça caindo até os pés ao andar para lá e para cá. Sempre falando de algo, sorrindo, parecia ter sempre alguns invisíveis coleguinhas traquinos ao seu lado e pelo jeito ele era o líder deles.

- GERALDO, um homem forte, daquele tipo troncudo, também um jeitão de pessoa de origem nordestina. Apresentava certa dificuldade nos lábios ou dentes, por isso sempre falava meio cerrando os dentes. Não tinha muito desenvoltura no corpo, aparentemente pesado o que dificultava no seu andar.

Esse homem, mais na parte do dia, era possível vê-lo bem ativo, solícito às tarefas da casa. Das tarefas rotineiras limpar o banheiro e lavar as louças após o almoço e jantar nem precisávamos pedir , era com ele mesmo. Gostava muito de conversar e fazer perguntas, saber das coisas. Certo tempo ficou bastante ansioso quando a equipe do CAPS que dava apoio com a assistente social descobriu, através das próprias informações colhidas por nós os cuidadores, a região onde moravam seus parentes, aliás um bairro não tão longe dali. Como conversar com eles quando estavam a vontade era também nosso trabalho descobrir algo, qualquer detalhe que pudesse ser útil para encontrar seus familiares, amigos e enfim qualquer pessoa que pudesse dar maiores informações, devido a maioria terem perdido documentos e em consequência laços familiares. O sr. Geraldo então, fazia repetidas perguntas sobre a possibilidade de voltar à casa de sua mãe.

Certa vez, a assistente social e alguns dos nossos, o levaram de carro num passeio por locais onde ele demonstrava ter alguma lembrança e graças a Deus e a boa vontade desses colegas aos poucos foram conseguindo maiores dados até que a família dele foi identificada. Houve então um processo de abordagem para que eles viessem á residência visitá-lo. Nesse ínterim foi muito grande a ansiedade desse homem. Finalmente vieram seus parentes e deixaram a promessa de que ele iria passar alguns dias com eles. Mais ansiedade, porém nada desagradável, era algo tão natural como qualquer criança teria ao lhe ser prometida um presente ou passeio. Assim ele foi a primeira pessoa daquela casa a ter novo contato com seus familiares de origem. No entanto, eles confirmaram o que já sabíamos esse morador quando em crise era tremendamente agressivo. No tempo em morou com a família teve várias alterações de comportamento chegando a agredir o próprio pai com uma ferramenta, de modo que a família sentiu-se sem nenhuma estrutura para conviver com ele devido o grau de seus transtornos mentais.

- JOSÉ BENEDITO entrou na casa sem lenço e sem documentos, de pouco falar, mas interessante. Lembramos o seu estado desde a primeira visita ao hospital Charcot ele estava no grupo previamente separado para serem moradores da Residência Terapêutica e veio a sofrer aquele momento difícil citado anteriormente.

Sempre tranquilo, logo se dispôs a fazer os serviços caseiros, e varrer a casa e áreas externas parecia ser até uma terapia. Porém se percebia que nos seus pensamentos sempre havia algo, alguma lembrança, alguma coisa que procurava trazer a tona. Mexia , sorrateiramente com as mulheres que passavam pela rua, e por vezes se atrevia a alguns toques em relação ás colegas. Seu ISAÍAS, cerca de cinquenta anos, forte e gordo, muito sossegado, mantinha o seu espaço e não se envolvia com ninguém contanto que sempre tivesse a sua cota de cigarros. (Estes eram permitidos e comprados pela Residência) Na possível falta destes chegava a guardar as “bitucas” para eventual necessidade. Pela manhã, após acordar, saia para a área do fundo e ligava o radio. Era o único a se interessar por isso e as músicas tipo, tempos dourados e jovem guarda, eram as suas favoritas. Não poucas vezes, se punha a cantar soltando um vozeirão a - la Agnaldo Timóteo. Ele ficava feliz quando eu demonstrava gostar de suas canções, e aí ele se abria em causos e delírios. - Certa vez, dizia ele, “Elvis Presley que era seu parente foi visitar seu pai e eles cantaram juntos...” apesar de falar bem e estar sempre se lembrando de alguma passagem de sua vida ou lugar , não conseguíamos descobrir o fio da meada, pois ele era muito confuso para explicar e quanto mais tentávamos, mais ele se perdia nos caminhos. Diante desse seu jeito sossegado não era homem de pegar em vassoura e nem se aproximar de pratos e panelas para ajudar a lavar, muito pelo contrário algumas vezes chegava a zombar dos colegas que faziam isso, “ - Vocês são otários...” mas no final das contas não dava trabalho nenhum, embora o que nos preocupava era sua obesidade cada vez mais crescente devido a falta de atividade e rejeição a ir ao médico era a pior hora quando tínhamos que levá-lo para consultas previamente marcadas. Assim era o Isaías o cantor bonachão que antes, na primeira vez que visitamos o Charcot parecia ser o cara, muito simpático, respondia a tudo e passou a idéia de ser pau pra toda obra, mas o que posteriormente vimos era um homem preso a lembranças do passado que se chocavam entre si. Lembranças sem datas, sem fio de meada para puxar, sem nexos muitas vezes, assim era o sofrimento do Isaías.

OS FINALMENTES

Boas lembranças essas daqueles tempos loucos. Embora, na época tenha recebido algumas criticas de algumas pessoas. “ Você esta louco Orlando? Não tinha nada melhor para fazer? Ou então” Orlando te conhecendo do jeito que te conheço rapaz, não vá se envolver com essas pessoas você tem coração aberto, seja frio e profissional.” Sim, pareciam ser conselhos corretos e cheios de cuidados para comigo, mas foi nessa época que ali, contemplando a vida, o entusiasmos e o sofrimento daqueles homens que aprendi que eles não mentem, não enganam, são mais verdadeiros do que nós na nossa sobriedade e consciência. São como crianças, por isso disse no início “nossos meninos”. Após esse tempo, relembrando a frase que diz ”de médico e louco todo mundo tem um pouco” vi que ali entre eles eu, também era pelo menos um pouco louco, louco por mim, pelo ser humano, pelos sonhos sonhados e não vividos, por não deixar extravasar, pelo menos um pouco de meu sofrimento, de meus problemas pessoais e carências, de ter de ficar quieto, frio, aparentar não ter sentimentos, ser dono de minha razão. Na verdade podia ser um pouco louco ali, porque eu era de um mundo diferente, um mundo real, com suas guerras, indiferenças, ódio, mentiras, falsidade, orgulho de ser alguém e medo de ser ninguém. Ali, eu me achava um pouco louco também.

Com tudo isso, agradeço a Deus que me ajudou a ter forças para compreendê-los, abaixar até a cama ou ao chão para levantá-los enquanto fazia minha oração silenciosa... “ Senhor me ajuda nessa hora em que não sei o que fazer, o desconhecimento do que passa na mente desse homem, o por que dessa crise, Senhor põe a tua mão e controla esse ser; trás a calma novamente, entra com providencias neste lugar e que minha presença aqui seja a mão amiga, compreensiva e a esperança viva de que vale a pena viver”. E assim voltavam a dormir. Até o dia seguinte. Tudo de novo novamente.

Hoje me pergunto: Como estarão aqueles meninos? E os meus colegas? Que Deus esteja com todos.

COMPLEMENTOS RECOLHIDOS NA INTERNET E DE SITES COMO REFERÊNCIAS

A seguir, deixo para complementação do entendimento de quem desejar saber mais a respeito da história dos hospitais psiquiátricos, história que deixaram marcas negras. Lembro que na minha infância se falava em mandar alguém para o Juquiri era como falar em mandar para uma prisão, (Juquiri era um manicômio no município de Franco da Rocha a oeste de São Paulo. No Rio de Janeiro ainda se usa a expressão “ você está ficando Pinel, para dizer que a pessoa estava ficando louca – PINEL era como se chamava um famoso psiquiatra. Mas vale a pena saber um pouco mais para se valorizar a vida, seja de qualquer um , doente ou não, todos merecem algo melhor e as Residências Terapêuticas é algo bom, eu vivi em uma delas.

REFORMA PSIQUIÁTRICA

http://www.youtube.com/watch?v=lKapLNREdrE

Hoje o local de onde foram tirados os oito moradores para a Residência Terapêutica 1

VÍDEOS QUE FALAM SOBRE O ASSUNTO PSIQUIÁTRICO

http://www.youtube.com/watch?v=-KSVNWJcJLo&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=-2O0WlW5pFc&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lZC6IsEdxmk#t=100

http://www.youtube.com/watch?v=eKwWKov3J9g&feature=player_embedded#t=424

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FigpVwvjaM0

http://www.youtube.com/watch?v=JOtetSU5AUk&feature=player_embedded#t=172

O QUE É CAPS?

Fotos com os moradores do SRT (Serviço Residencial Terapêutico)e de atividades através do CAPS, no Butantan/São Paulo.

http://www.flickr.com/photos/capsbutanta/2864584249/

http://www.youtube.com/watch?v=fJR3p6Jpno8

Para completar este trabalho, uma visita que vale a pena para conhecer um hospital em São José dos Campos SP, onde há um Lar Abrigado, uma espécie de Residência Terapêutica com um número maior de moradores. Veja esta matéria da LIGA, onde mostra o que atualmente esta sendo feito em termos de um atendimento mais humano a essas pessoas que são ajudadas a viver de maneira normal respeitando-se suas necessidades.

http://www.youtube.com/watch?v=vnl8G6iT-e4

RESIDENCIAS TERAPEUTICAS

(http://www.ccs.saude.gov.br/vpc/residencias.html )

Os Serviços Residenciais Terapêuticos, também conhecidos como Residências Terapêuticas, são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às suas famílias de origem.

As Residências Terapêuticas foram instituídas pela Portaria/GM nº 106 de fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Esses dispositivos, inseridos no âmbito do Sistema Único de Saúde/SUS, são centrais no processo de desinstitucionalização e reinserção social dos egressos dos hospitais psiquiátricos.

Tais casas são mantidas com recursos financeiros anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, para cada morador de hospital psiquiátrico transferido para a residência terapêutica, um igual número de leitos psiquiátricos deve ser descredenciado do SUS e os recursos financeiros que os mantinham devem ser realocados para os fundos financeiros do estado ou do município para fins de manutenção dos Serviços Residenciais Terapêuticos. Em todo o território nacional existem mais de 470 residências terapêuticas.

O PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA

O Programa de Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas.

O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania.

Além disso, o De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 que determina que os pacientes longamente internados ou para os quais se caracteriza a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida.

Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o programa conta hoje com mais de "2600" beneficiários em todo o território nacional, os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00. ( Nota: Esse valor pode ter sido atualizado)

Em conjunto com o Programa de Redução de Leitos Hospitalares de longa permanência e os Serviços Residenciais Terapêuticos, o Programa de Volta para Casa forma o tripé essencial para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas acometidas por transtornos mentais submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros.

O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pelo Programa de Volta para Casa, também tem um caráter indenizatório àqueles que, por falta de alternativas, foram submetidos a tratamentos aviltantes e privados de seus direitos básicos de cidadania.

MAIS...

http://saudementalecidadania.blogspot.com.br/2010/03/o-cotidiano-das-residencias.html

VÍDEOS QUE FALAM SOBRE O ASSUNTO PSIQUIÁTRICO

http://www.youtube.com/watch?v=-KSVNWJcJLo&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=-2O0WlW5pFc&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lZC6IsEdxmk#t=100

http://www.youtube.com/watch?v=eKwWKov3J9g&feature=player_embedded#t=424

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FigpVwvjaM0

http://www.youtube.com/watch?v=JOtetSU5AUk&feature=player_embedded#t=172

Nota: Hospitais são um bom pano de fundo para filmes de terror, especialmente se forem psiquiátricos e estiverem desativados. E o Charcot, na Vila Liviero em São Bernardo do campo – SP, não ficaria devendo em nada a seus parentes mais ilustres das telonas. Foi construído em 1941 e desativado em 2008, devido a denúncias de maus tratos aos pacientes. Desde então, nada foi construído no lugar, e o hospital continua em pé, cada vez mais decrépito, atraindo animais e insetos dos mais desagradáveis.

http://blogs.estadao.com.br/luiz-zanin/augustine-e-charcot-a-ciencia-e-a-mulher/

http://super.abril.com.br/ciencia/charcot-neurologia-anatomia-loucura-439817.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Martin_Charcot - Jean-Martin Charcot (Paris, 29 de Novembro de 1825 - † Montsauche-les-Settons, 16 de Agostode 1893) foi um médico e cientista francês; alcançou fama no terreno da psiquiatria na segunda metade do século XIX. Foi um dos maiores clínicos e professores de medicina da França e, juntamente com Guillaume Duchenne, o fundador da moderna neurologia. Suas maiores contribuições para o conhecimento das doenças do cérebro foram o estudo da afasia e a descoberta do aneurisma cerebral e das causas de hemorragia cerebral.

Durante as suas investigações, Charcot concluiu que a hipnose era um método que permitia tratar diversas perturbações psíquicas, em especial a histeria.

Charcot é tão famoso quanto seus alunos: Sigmund Freud, Joseph Babinski, Pierre Janet, Albert Londe e Alfred Binet. A Síndrome de Tourette, por exemplo, foi batizada por Charcot em homenagem a um de seus alunos, Georges Gilles de la Tourette, assim com o Mal de Parkinson foi nomeado por este médico como homenagem a James Parkinson.

Meu abraço aos meus amigos e famílias que tem um membro que sofre de distúrbios psiquiátricos, que essa pessoa seja especial para nós como somos especiais para eles...

Orlando Souza Cirqueira
Enviado por Orlando Souza Cirqueira em 06/10/2013
Reeditado em 20/04/2022
Código do texto: T4514012
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