MÉDICOS ESTRANGEIROS E O FLAGRANTE "CABO DE GUERRA'

O título eu me inspirei em uma matéria que li hoje no site terra.

Sucede que toda a vez que surge um problema de nível estatal a tendência é que as pessoas critiquem a leniência ou a falta de vontade política no sentido de que os gestores públicos assumam ou admitam a responsabilidade. É a falta de mecanismos que possam solucionar esse problema que levam às críticas generalizadas.

Entretanto, no que tange aos problemas da saúde pública temos de admitir que o Governo Federal está assumindo posturas e pondo em prática planejamento que a meu ver irá beneficiar a população carente e aqueles que estão longe dos grandes centros. Quanto à falta de estrutura física para o atendimento desses médicos existem os orçamentos próprios, tanto dos Municípios como dos Estados. Se não há estrutura adequada a culpa, convenhamos, não é só do Governo Federal.

Já foram aparadas as arestas quanto à nova frente de luta estabelecida pelo Governo Federal para resolver o problema de falta de médicos. Aquela polêmica questão que estendia a formação desses profissionais foi abolida e a discussão se esvaziou já que, a meu ver, era o único entrave.

Eu estou muito apreensivo quanto aos acontecimentos que envolvem a classe médica do País. Os movimentos que eles se propuseram a fazer até este momento é de defesa intransigente quanto ao poder de monopólio que exercem até hoje na área de saúde. Exemplo disso é o escândalo do Hospital do Câncer aqui em Campo Grande. Ou seja, grupos minoritários têm o poder de comando e isso gera desequilíbrio no atendimento da população que acaba pagando um preço alto que é a vida.

Hoje fiquei estarrecido com a atitude de algumas jovens médicas que estavam no aeroporto quando desembarcou de Cuba um médico negro. Elas simplesmente vaiaram o dito profissional e a palavra de ordem era a referência grotesca de que a presença de médico estrangeiro no Brasil representa regime de escravidão. Elas exibiam rostos bonitos e certa jovialidade. Entretanto, os aspectos externos de suas condutas demonstravam que por dentro são pessoas esnobes e prepotentes. Ou melhor, certamente em início de carreira ao invés de estarem nos hospitais mostrando que podem concorrer, mas com trabalho e com dedicação, usaram aqueles preciosos minutos para recepcionar os médicos estrangeiros com gestos de má educação.

E o estarrecedor é que isso está acontecendo em quase todas as esferas da classe médica. No início eles se defendiam falando que não havia infraestrutura física para acolher os médicos. Hoje, vendo que esse discurso é evasivo procuram atacar a questão da revalida.

Alguns especialistas dizem que a revalida em casos tais deveria funcionar como um agente que potencializa o conhecimento técnico do profissional, mas, infelizmente, não é isso que tem ocorrido na prática, visto que essa prova de admissão tem sido burlada no sentido de criar empecilho para o médico. Dizem alguns que a prova é feita com tanta dificuldade para se alcançar sucesso que se o mesmo teste fosse oferecido para um médico brasileiro que esteja trabalhando ele iria encontrar sérios embaraços para ser aprovado. Assim, não se trata de um método que visa reconhecer a aptidão, mas sim de um subterfúgio para não deixar o médico estrangeiro chegar ao Brasil.

Soa paradoxal reconhecer na personalidade de tais profissionais a sede pelos bens materiais. Eles lidam com a vida num país capitalista e só quem pode pagar bem são os aquinhoados pela sorte. A maioria da população brasileira é carente e depende de um serviço público efetivo e de qualidade. Se os médicos não estão dispostos a trabalhar com as condições que o serviço público oferece, teriam de reconhecer que outros profissionais podem preencher essa lacuna mesmo sendo de outras nacionalidades.

É hora de união. Não existe nenhum risco para os médicos competentes. O que não se pode admitir é que as inúmeras vidas sejam colocadas em risco por um sistema de exclusão por uma classe acostumada a ter regalias.

Como dizem as piadinhas de ocasião: Se é para receitar ‘paracetamol’ para os rápidos diagnósticos de virose talvez os médicos estrangeiros tenham um diagnóstico menos imediatista já que a própria dificuldade da língua lhes fará exigir exames mais precisos.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 27/08/2013
Código do texto: T4454347
Classificação de conteúdo: seguro