Amor que não é Romântico
As relações afetivas são como tecidos que vão tecendo bordados na medida em que decidimos não desistir do outro. Na medida em que temos consciência de aquele outro é a pessoa que escolhemos pra viver do nosso lado para sempre.Nessa hora assumimos a responsabilidade de investir naquela construção que será edificada até a hora da nossa morte. Isso pode-se se chamar de amor eterno. A textura da relação será maleável, e o material de substâncias inabaláveis, nada de evitar ser tocado la no fundo.Nada de medo de ser tocado porque o tempo irá nos dando a certeza de que somos amados. Ninguém quer ser tocado por alguém que não nos ama.Não é mesmo? As nossas digitais estarão impressas nessa teia, e desenhará as rendas que enfeitará nossos sonhos.Nada nada de arranhar a tela que esta tecendo nossos sentimento.Cuidado! Nossas unhas precisam ser lixadas frequentemente , nada de se desgastar com formas ou estilos. A tendência da moda no amor é a sempre a simplicidade. Sofisticação e requinte só quando for a dois Podem abusar das cores .Nada de respeitar limites quando se refere a alegria, tolerância, amizade e paciência. O respeito ter a sua hora quando tivermos que esperar pela singularidade de cada um, nada de não chegar muito perto, atravesse mesmo a facha vermelha quando a dor chegar e as dúvidas trouxerem insegurança e fragilidade. A obra de arte é sua, e nada de deixá-la ser maculada pela ira ou ressentimento.Muito cuidado com com as linhas da traição,o olhar tem sempre que estar perto um do outro. Não para controlar,mas para cuidar. O amor Romântico é diferente deste amor eterno do qual me refiro. Léon Dostoiévski disse:
“Ora veja… É o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples ideia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalamada por elas próprias, lhes mete um murro na cara.”
A eternidade do amor não esta no tempo,mas no compromisso de amar. O compromisso e a decisão de amar fará o amor eterno,pois o amor do qual me refiro,não é o amor romântico,mas o amor verdadeiro.Aquele que nos acorda pela manhã para nos certificar de que estamos seguros, e podemos descansar do futuro.É amor que nos da aquele chão que nos dispõe para a vida , pois ele se tornou solo de força e esperança para sonhar. São composições elaborados por dois indivíduos imperfeitos que decidiram se amar apesar de.É nesse amor que acredito,não naquela dos filmes de Hollywood. O amor eterno é feito de dia-a-dia, de cara amassada de manhã, de defeitos e faces horrorosas que preferíamos esconder, mas felizmente encontramos alguém para aceitá-las e ajudar-nos a sermos melhores.
Olavo Feijó fez uma colocação muito interessante sobre a Eternidade do Amor .Veja o texto abaixo:
"Aquilo que nós humanos chamamos de “amor” nada mais é do que sentimento. E dos sentimentos mais contraditórios. Porque, em nome do amor que dizemos sentir, tratamos nossos seres amados com possessividade e com egocentrismo. Consciente ou inconscientemente, este tipo de sentimento, que é imaturo, termina por fazer mal ao ser amado.O amor paixão, possessivo, romântico é neurótico. Não é o amor eterno, que Paulo e João nos ensinam. Se é que “Deus é amor”, a atitude de amar tem que ser vista com uma postura de aceitação da essência do Senhor introjetada em nós. O amor bíblico é eterno porque o Cristo, que nos capacita a amar, criou o universo a partir da Sua eternidade. É por isso que os relacionamentos humanos mais profundos e duradouros são aqueles alicerçados em Cristo. Seu amor é eterno.
A Primeira Carta aos Coríntios foi redigida por Paulo entre 54 e 55 D.C. A Primeira Carta de João deve ter sido escrita uns quarenta anos após. Paulo nos revelou que “o amor é eterno” (I Coríntios 13:8), e João explicou essa frase dizendo: “Deus é amor” (I João 4:8).
Tudo isso fica claro quando lemos em Coríntios a definição de amor. Veja o capítulo de Coríntios 13(uma carta do Apóstolo Paulo á Igreja de Coríntios na íntegra:
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado....Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.1 Coríntios 13:1-13
Para muitos entender este este texto é difícil,pois nem todas as pessoas conseguem amar o outro sem egoísmo ,individualismo, egocentrismo.O amor neurótico nos aprisiona a amar somente com algum ganho secundário. Seja pelo retorno afetivo que obterá do outro, ou seja pela por esconder alguma outra intenção inconsciente.Por exemplo.Muitas pessoas tem a tendencia de escolher parceiros que a rejeitarão.Elas repetem este padrão de comportamento durante toda a sua vida.Normalmente são parceiros que a fazem sofrer, e a pessoa ainda assim continua "amando" .Nesse caso, há um vínculo destrutivo .Este e outros exemplos denunciam uma incapacidade de escolher objetos de desejo que realmente sejam saudáveis e satisfaçam de forma legítima nossas necessidades.Não é saudável escolher viver do lado de alguém que não nos ama. Não há como amar alguém se não nos amamos primeiros. O amor cristão não é esse tipo de amor.O amor cristão é aquele onde próprio Deus mora em nós e nos leva ao lugar certo, na hora certa e da forma certa para sermos felizes , realizados e satisfeitos os suficiente para que possamos ter tanto amor que não será possível ficar sozinho com ele.Será impossível não querer amar. Nesse momento, onde estamos cheios de amor, ai sim, podemos amar aqueles que não se ama, podemos ser pontes e abrigos na tormenta e na tempestades para os que estão sozinho e ,fracos e insanos.
"Não existe possibilidade de (relacionamento afetivo) com o outro, se não (nos relacionarmos ) antes com nós mesmos. Conjugar o verbo amar exige capacidade extremamente complexa de, ao legitimar-se na própria singularidade, legitimar a existência do outro. Existem outros verbos, que não o amar, para conjugarmos quando a legitimação do outro não é possível, por exemplo, apaixonar-se, mistura-se, controlar, desejar, etc." (COLOMBO, p.35, São Paulo:Vetor, 2006)
A teoria da motivação de Maslow nos ajuda a entender um pouco sobre a diferença entre Necessidade e Desejo.Nos ajuda também a esclarecer esta dinâmica da Motivação.Ou seja, como e porque um indivíduo escolhe um objeto de desejo e abandona o outro, que pode ser tão agradável e tão positivo quanto o escolhido. Uma das teorias da motivação que mais me identifico é a de Abraham Maslow (1908-1970). Esta teoria acredita que todo ser humano possui diversas necessidades hierarquizadas como uma pirâmide. Uma pessoa se sente motivada em função desta hierarquia .É necessário e fundamental identificarmos em qual categoria estamos para que possamos refletir e trabalhar em direção daquilo que desejamos alcançar. Ela serve como orientação para as escolhas que fazemos não somente no cotidiano, como em situações extremamente importantes de nossa vida.
Este processo não acontece da mesma forma tão organizada e tão estática. Nem sempre esta hierarquia se manifesta para nós com tanta clareza e de forma consciente. Esta hierarquia com muita frequência se encontra misturada e disfarçadas de desejos ou fantasia. Eu gosto muito de um exemplo que nos ajuda bastante a entender este processo.Por exemplo, se estou com sede,minha necessidade é a água.A homeostase , que é a busca de um equilíbrio orgânico e emocional, prepara o organismo no sentido de ir em busca de um copo de água. Corpo e mente trabalham juntos nesse sentido. Por outro lado, o condicionamento, a aprendizagem e a o processo simbólico desenvolve em nós uma busca mais elaborada que fará com nessa hora, uns comprem uma lata de coca-cola,outro tomem um cerveja gelada, outros vá em direção a água de coco. É nessa hora que o sentido de orientação, como citado por Fritz entra em ação. O exemplo que dei,obviamente é bem simplório,mas a adulteração dessa necessidade acontece no processo da interação entre indivíduo e meio.Por isso, muitos desvios de escolha e orientação atravessa o fenômeno da percepção obstruindo nossos sentidos e subvertendo a capacidade de escolha. É necessário trabalhar arduamente pra entender esta dinâmica , e muita vezes é necessário obter ajuda profissional pra entender melhor e tornar isso consciente.
Em função dessa premissa de Maslow pode-se entender a complexidade que existe no processo de escolha e permanência de objetivos na vida. Eu posso fazer uma escolha acertada e feliz numa determinada época da minha vida, mas eu posso me perder pelo caminho e não saber mais conservar e permanecer nesta escolha.Por outro lado, posso fazer uma escolha desacertada e no meio do caminho ,no processo de amadurecimento descobrir qual era exatamente a minha verdadeira necessidade.E em ambos os casos o objeto escolhido será trocado ou abandonado por ter se tornado uma catéxis negativa.
O fato é que atualmente estamos presenciando literalmente um “mal estar” onde o indivíduo se sente inadequado ao seu meio,mas não por falta de liberdade,mas por incapacidade de escolha.É como se ele não estivesse onde deveria estar, como se ele não fosse aquilo que ele deseja ser .É o ideal em constante conflito com o essencial.Um desacordo entre o Ter e Ser. Uma desarmonia de valores , uma insatisfação permanente entre desejo insaciável e ofertas de consumo inalcançáveis . O corpo em conflito com a mente, a alma se distanciando do espírito .A família depois do prazer; o trabalho sendo utilizado a serviço da ganância. Relacionamento íntimo em desconexão com o sagrado. Sintomas cada vez mais desconhecidos; o adoecimento na prateleira da ciência que não acompanha sua evolução.Em todas as áreas o ser humano esta á margem de seu transitar no mundo.A doença se apresenta como incapacidade de amar , e a sociedade não consegue atender essas novas demandas.
A verdade é que amor nem sempre é o que parece ser, e o motivo de amar nem sempre esta de acordo com a real necessidade. O caminho é longo, e o futuro chegará com certeza. Mas os desvios estão por toda a parte, em cada esquina que dobramos na vida que escolhemos ter .Por isso, trabalhe suas escolhas, permaneça com o que te faz feliz Não deixe ir embora aquilo que fez você saber quem você verdade verdade.
Enfim, o amor eterno perpassa a complexa teoria de Maslow, capacita a percorrer a hierarquia de uma pirâmide que nos desorganiza para nos estabelecer como sujeito ativo numa relação de segurança, realização, força, esperança e vida eterna.Deixo uma reflexão de ricardo Gondim: "No caminho da existência, as decisões chegam de instante em instante e nesse átimo, os destinos vão se desenhando."
Referência:
Abordagem Gestaltica e Testemunha Ocular da Terapia. PERLS,Fritz.Pag.38