Legalização do Aborto - Mais que uma decisão. Um direito!

Sou a favor do aborto legalizado, e por uma questão simples de entender: Se um casal não quer ou não se sente capacitado para gerar um filho indesejável, porque eles devem ser obrigados a manter essa gestação, se estão em comum acordo em não levar a situação adiante?

Entendo que isso é cercear o direito de escolha dos cidadãos, que muitas vezes não tem o menor preparo emocional e financeiro para educar uma criança. E desta feita, ao impor a gestação indesejada, o Estado não só impossibilita o direito de escolha, como diretamente usa o caráter punitivo e coercitivo ao descuido de quem se vê coagido a assumir uma obrigatoriedade moral, religiosa e social, ao se tornarem pais não por opção, mas por pura determinação.

Não há dúvidas que para muitos, essa é uma opinião difícil de se admitir. Porém, penso que antes de se levantar um debate saudável sobre o tema, deve-se ter em mente que o melhor caminho é o da prevenção, sempre.

Hoje as pessoas simplesmente querem ir pra cama e fim de papo.

O sexo casual já virou um modismo, não só entre os mais jovens, mas se estende como uma autoafirmação necessária na chamada liberação do próprio entendimento. Onde não há diálogo, não há planos para o futuro, não há busca de conhecimento sobre o outro, muito menos interesse em informação nem cuidados.

A ordem geral que impera no subconsciente de boa parte da população sexualizada, é a do sexo por sexo - Tirar a roupa, sentir prazer e tchau!

Nesse contexto, a mídia cumpre um papel decisivo. Pois é ela que em geral influencia e enaltece esse tipo de comportamento, principalmente entre a turma dos não questionadores do senso comum.

Seja no jogo de marketing televisivo, cinematográfico ou musical... Não importa. A mensagem subentendida e muitas vezes escancarada está lá, para os menos ou mais entendidos no assunto.

Na nossa sociedade cada vez mais machista, homens e mulheres aprendem desde muito cedo que a quantidade de pegação numa noite na balada, conta pontos na visualização social de quem almeja atingir o status de descolado(a), popular e moderninho.

O Governo por sua vez, fecha os olhos, empurrando o problema pra debaixo do tapete, tentando encontrar um culpado extra-oficial com quem possa se afiliar; seja a família, a religião, a sociedade desregrada ou a escola, cada vez mais ineficiente e incapaz.

Dificilmente se vê, por exemplo, uma única campanha do Governo Federal falando ou incentivando o planejamento familiar entre os cidadãos brasileiros. Pelo contrário.

A sensação é que se espera que esse país continue sendo cada vez mais povoado e alimentado por Bolsas Famílias, e outros projetos sociais que garantem a inabilidade ao trabalho digno e ao esforço produtivo. Porque mais gente significa mais número de votos de futuros eleitores, que possam ser usados pela máquina política, que movimenta o populismo da nossa nação.

Não se deve pensar aqui em restrição de liberdade e direitos. Mas sim em conscientização das massas quanto as responsabilidades que uma vida sexual ativa implica.

Sexo é bom, é gostoso e todo mundo precisa - infelizmente. Porque esse é o mal do nosso tempo: a busca incansável pelo prazer físico, que cumina numa variante troca de parcerias à disposição de quem está solto na pista.

Porém, o importante é saber que o melhor do sexo é se sentir seguro, em tudo. E não há nada que possa nos possibilitar isso que a prevenção.

E o que não nos falta em nossos dias são recursos; meios práticos, acessíveis e eficientes para que homens e mulheres se programem e se protejam com antecedência sobre as causas e os efeitos de seus momentos íntimos.

Em casos de acidentes - a que todos estamos sujeitos - mantenho a minha opinião favorável sim ao aborto legalizado, com os devidos cuidados geridos por uma equipe médica qualificada, que possibilite todas as condições necessárias ao bom atendimento de suas pacientes.

Todavia, sou totalmente contra qualquer tipo de banalização quanto ao assunto. Pois é preciso entender que acima de tudo estamos falando de atos e suas consequências, que acabam envolvendo não apenas parceiros de cama, mas familiares, amigos, conhecidos... dentre outros.

Onde sabe-se que uma decisão mal tomada e mal resolvida, pode surtir dissabores por toda uma vida.

Por isso, a dica que fica é:

Façamos amor. Mas com toda a responsabilidade possível... por favor!

* Para saber mais, acesse:

I - Não há princípios morais ou filosóficos que justifiquem o sofrimento e morte de tantas meninas e mães de famílias de baixa renda no Brasil. É fácil proibir o abortamento, enquanto esperamos o consenso de todos os brasileiros a respeito do instante em que a alma se instala num agrupamento de células embrionárias, quando quem está morrendo são as filhas dos outros. Os legisladores precisam abandonar a imobilidade e encarar o aborto como um problema grave de saúde pública, que exige solução urgente. Dr. Drauzio Varella: http://drauziovarella.com.br/mulher-2/gravidez/a-questao-do-aborto/

II - Conselho Federal de Medicina (CFM) deu um passo histórico para que o País avance nas discussões sobre o tema. Em decisão inédita, a entidade, que representa 400 mil médicos, anunciou na quinta-feira 21 que enviará à comissão especial do Senado que analisa as reformas no Código Penal um parecer no qual sugere a ampliação da lista de situações em que o aborto é permitido. O CFM defende que o procedimento também possa ser feito sem nenhuma penalização até a 12ª semana de gestação por vontade da mulher, se o feto tiver anomalias genéticas que inviabilizem a vida fora do útero, quando houver risco à saúde da gestante ou se a gravidez tiver sido produto do emprego não consentido de técnicas de reprodução assistida (se ela não concordou com o uso de óvulos ou espermatozoides doados, por exemplo): http://www.istoe.com.br/reportagens/285170_ABORTO+ESTA+NA+HORA+DE+O+BRASIL+ENCARAR+ESSE+TEMA

III - Adolescente de 17 anos confessa matar filha por ser impedida de ir a festas em Rio Largo (AL) - De acordo com o depoimento da mãe, ela decidiu matar a filha por considerar a pequena um fardo em sua vida.

“Ela contou que desde o nascimento da filha ficou presa e que a menina vinha atrapalhando seu caminho. Além disso, a adolescente relatou que matou a filha com três pedradas na cabeça, deixando o corpo no local”, disse o delegado de homicídios Antônio Edson Souza: http://www.correiodealagoas.com.br/noticia/13759/policia/2013/07/16/adolescente-confessa-matar-filha-por-ser-impedida-de-ir-a-festas-em-rio-largo.html