INTIMIDADE x SIMBIOSE
Há que se não confundir simbiose com Intimidade! A simbiose constitui-se em uma espécie de mistura, de perda de fronteira, como se um Eu e um Tu fossem praticamente a mesma coisa. Por definição uma relação simbiótica é mutuamente vantajosa em caso de se apresentar momentaneamente e ou em estágios evolutivos, naturalmente superáveis.
Esse encantamento mútuo é o que se busca e o que se encontra no estágio da paixão. Assim como acontece com os bebês, o adulto tornar-se-ia prisioneiro se não conseguisse ultrapassar, em seus relacionamentos, o apaixonamento. E, mais do que isso, o Tu e o Eu não teriam a menor oportunidade de tomarem forma, saindo daquele mar de névoas que envolve uma relação de caráter simbiótico.
Estar relativamente separado e manter certa distância são condição para que o Eu e o Tu enxerguem-se, reconheçam-se e desenvolvam-se. Porém, o oposto é igualmente verdadeiro: que estejam juntos, apoiando-se, estimulando-se, trocando garantias é condição para que se enxerguem, reconheçam-se, compreendam-se, assumam-se e desenvolvam-se.
Para que o Eu e o Tu tornem-se íntimos, em lugar de simbióticos, é preciso que estejam separados. Intimidade pressupõe diferença. Pressupõe distância. Paradoxalmente, pressupõe semelhanças e proximidades. O amor maduro, ao contrário da paixão, não tolera mistura, confusão de identidade, imposições..
As semelhanças permitem:
Que se fale a mesma língua;
Que se saiba expressar o que se quer;
Que se saiba ouvir o que o Outro tenta transmitir;
Que se saiba compreender;
....e fazer-se compreender.
O referencial está lá no fundo, no mais íntimo de cada um. A sintonia consegue mesmo, com o que se tem de mais pessoal, estabelece um canal de contatos e aquilo que o Outro demonstra faz sentido, bem como faz sentido o que a ele estamos tentando demonstrar. Nós nos entendemos a partir daquilo que temos em comum.
No entanto, nem tudo é igual e nem mesmo semelhante; corremos o risco de interpretarmos erroneamente quando tomamos a nossa ótica pessoal como referência única, ou de termos diferentes interesses, valores diferentes, sentimentos até opostos.
Um grupo de pessoas pode ter vivido junto durante a vida inteira, tendo muitas histórias em comum para contar; ainda assim, suas histórias não são as mesmas. E muitos de nós entramos em sofrimento quando percebermos nossas desigualdades. É como se elas nos empurrassem para a mais negra solidão. Nesses casos, é como se, não havendo mistura nem igualdade, aumentasse a distância, diluindo-se também as semelhanças e os pontos em comum. A oposição pode tornar-se o sentimento dominante.
Algumas pessoas, então, calam-se. Outras tentam, com todas as suas energias, restabelecer o que tem em comum. Outras rompem o elo e definitivamente, se afastam...
Alice Pinto
Há que se não confundir simbiose com Intimidade! A simbiose constitui-se em uma espécie de mistura, de perda de fronteira, como se um Eu e um Tu fossem praticamente a mesma coisa. Por definição uma relação simbiótica é mutuamente vantajosa em caso de se apresentar momentaneamente e ou em estágios evolutivos, naturalmente superáveis.
Esse encantamento mútuo é o que se busca e o que se encontra no estágio da paixão. Assim como acontece com os bebês, o adulto tornar-se-ia prisioneiro se não conseguisse ultrapassar, em seus relacionamentos, o apaixonamento. E, mais do que isso, o Tu e o Eu não teriam a menor oportunidade de tomarem forma, saindo daquele mar de névoas que envolve uma relação de caráter simbiótico.
Estar relativamente separado e manter certa distância são condição para que o Eu e o Tu enxerguem-se, reconheçam-se e desenvolvam-se. Porém, o oposto é igualmente verdadeiro: que estejam juntos, apoiando-se, estimulando-se, trocando garantias é condição para que se enxerguem, reconheçam-se, compreendam-se, assumam-se e desenvolvam-se.
Para que o Eu e o Tu tornem-se íntimos, em lugar de simbióticos, é preciso que estejam separados. Intimidade pressupõe diferença. Pressupõe distância. Paradoxalmente, pressupõe semelhanças e proximidades. O amor maduro, ao contrário da paixão, não tolera mistura, confusão de identidade, imposições..
As semelhanças permitem:
Que se fale a mesma língua;
Que se saiba expressar o que se quer;
Que se saiba ouvir o que o Outro tenta transmitir;
Que se saiba compreender;
....e fazer-se compreender.
O referencial está lá no fundo, no mais íntimo de cada um. A sintonia consegue mesmo, com o que se tem de mais pessoal, estabelece um canal de contatos e aquilo que o Outro demonstra faz sentido, bem como faz sentido o que a ele estamos tentando demonstrar. Nós nos entendemos a partir daquilo que temos em comum.
No entanto, nem tudo é igual e nem mesmo semelhante; corremos o risco de interpretarmos erroneamente quando tomamos a nossa ótica pessoal como referência única, ou de termos diferentes interesses, valores diferentes, sentimentos até opostos.
Um grupo de pessoas pode ter vivido junto durante a vida inteira, tendo muitas histórias em comum para contar; ainda assim, suas histórias não são as mesmas. E muitos de nós entramos em sofrimento quando percebermos nossas desigualdades. É como se elas nos empurrassem para a mais negra solidão. Nesses casos, é como se, não havendo mistura nem igualdade, aumentasse a distância, diluindo-se também as semelhanças e os pontos em comum. A oposição pode tornar-se o sentimento dominante.
Algumas pessoas, então, calam-se. Outras tentam, com todas as suas energias, restabelecer o que tem em comum. Outras rompem o elo e definitivamente, se afastam...
Alice Pinto