Síndrome do Pânico - um Medo Oculto.
De repente, alguém sem motivo aparente diz estar sentindo falta de ar, boca seca, sensação que vai desmaiar, as pernas tremem, ondas de calor ou de frio, sensação estranha no peito, sufocamento e medo de morrer.
Estes são alguns dos sintomas mencionados para as pessoas acometidas pela Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico, mais um dos transtornos psicológicos gerados pela intolerância e sobressaltos da vida moderna e que eu defino como: Medo Oculto.
Algumas vezes, tudo é confundido com os sintomas de Ansiedade frente a situações novas ou que causam estresse, porém na Síndrome do Pânico que é uma doença psiquiátrica, suas manifestações são mais intensas e surgem inesperadamente, sem que a pessoa tenha nada de novo acontecendo em sua vida. Ela estava bem e em questão de segundos surge essa sensação que a pessoa julga estar enlouquecendo ou que vai morrer, com isso o sistema normal do organismo dispara um alerta para que a pessoa possa reagir a essa ameaça e como não tem nenhuma ameaça iminente, o alerta dado foi desencadeado desnecessariamente, causando então o descontrole das sensações e o medo irracional por algo que não está acontecendo.
Ansiedade é um estado emocional normal e comum. Todos nós sentimos e passamos quase todos os dias por um ou outro motivo como as preocupações geradas pela vida agitada, desemprego, dívidas, provas de vestibular, doenças em família, morte de pessoas queridas etc... Ela surge por receio de não conseguir realizar a atividade no tempo previsto, de não ser aprovado ou qualquer outro fracasso, mas são situações contornadas e muitas vezes até sem a necessidade de medicamentos. Já quando a ansiedade é patológica, ou seja, deixa de ser uma preocupação e sim um sofrimento intenso, causando prejuízo em sua vida produtiva, afetiva e social, passa a ser um dos sintomas agravante da Síndrome do Pânico.
O Transtorno do Pânico é mais comum em jovens e mulheres, com frequência menor em homens. Atribui-se os fatos de problemas de alterações hormonais e instabilidade emocional contribuírem para as crises nas mulheres, devido ao registro de maior de incidência de casos nessa fase, porém não se tem comprovação científica.
Não se sabe o porque isso ocorre já que não é em decorrência de problemas físicos. Surge subitamente com ou sem fatores desencadeantes, se instala causando muitos prejuízos ao paciente e, mesmo depois de um tempo sem as crises, os ataques de pânico poderão ser recorrentes dependendo da situação que o paciente enfrentar - ou com um problema semelhante ao que gerou a situação original ou com um outro episódio que cause novo transtorno. O que para muitos pode ser uma situação corriqueira, para quem está com o Transtorno do Pânico pode ser um sofrimento terrível. O que sabemos com certeza é que uma mudança radical ocorre na vida do indivíduo. A pessoa que tinha uma vida tranquila e despreocupada, depois do transtorno se torna mais atenciosa e mais atenta a tudo, com medo que possa voltar a acontecer, e a pessoa que era agitada e confiante agora fica insegura, mais reservada se preservando ou se isolando com medo de ficar em algum lugar público, sozinha, sem poder resolver a situação e ficar sem ajuda.
Existe o caso em que a Síndrome do Pânico pode ser instalada por uso indevido de medicamentos como os que são usados para emagrecer, sem nenhum controle ou orientação médica ou em casos de uso de psico-estimulantes como drogas e, nesses casos, o Transtorno do Pânico é originário de forma secundária, ou seja, foi provocado e surgiu devido aos efeitos de anfetaminas usadas de maneira indevida pela pessoa, sendo que, nesse caso, o pânico foi decorrente de outra patologia.
É importante um diagnóstico preciso para se possa ter um resultado satisfatório no tratamento que deve ser aliado a uma terapia comportamental que seja de maneira gradual e progressiva, sem causar sofrimento ainda maior ao paciente, preparando-o para enfrentar as situações que originaram esse trauma e ao mesmo tempo que seja capaz de retornar à sua vida sem os receios que bloqueiam suas atividades.
O tratamento pode variar a intensidade de acordo com a reação de cada paciente. Normalmente, o tratamento pode chegar até 1 ano e no início a sensação é que está piorando, mas depois de 3 a 4 semanas os efeitos de melhora começam lentamente a aparecer, só agravando se o tratamento for interrompido .
Em saúde mental, o conceito de cura tem uma conotação diferenciada, pois a importância primordial está em devolver a qualidade de vida ao paciente. Os transtornos mentais são amenizados e controlados pelos medicamentos e, dependendo do que foi usado, poderá causar dependência, caso não tenha acompanhamento do psiquiatra. O que não pode haver é automedicação.
A família sempre tem importância fundamental no tratamento e consequente resultado na recuperação do paciente. O apoio sem cobranças, a participação nas atividades incentivando o paciente a retornar ao que gosta, respeitando seu limite e o resultado do tratamento. Verificar se o paciente não irá fazer uso de drogas durante o tratamento, pois poderá desencadear novas crises de pânico. Portanto, se o tratamento for o correto, a melhora poderá ocorrer.