Ansiedade e Depressão

Em nosso cotidiano cada vez mais estressante, passamos por situações de constante ansiedade, desde o trânsito caótico até o pânico de parar nos semáforos e sofrer um assalto

E até em casa assistindo a televisão, numa situação aparentemente inocente, a ansiedade nos rodeia através da mídia que insisti a todo instante que sua casa é pequena, que seus móveis são antiquados, que seu aparelho de som é antigo e, todas estas informações vão formando uma aflição que se transforma em uma necessidade de trocar tudo em sua casa para que a pessoa se sinta socialmente aceita. Se você muda de canal, a questão agora é o visual. É preciso ter um corpo perfeito, nariz de princesa, seios avantajados, barriga chapada e então outra aflição toma conta de muitos por não estarem adequados a esse conceito de perfeição.

Parece que é exagero, mas estas situações de ansiedade podem levar pessoas a cometer gastos que não suportam seu orçamento, comprometendo-se com dívida que vai só aumentando, principalmente se assumida com instituições bancárias ou com clínicas particulares de cirurgias plásticas que podem em alguns casos, quando são clínicas desprovidas de ética, colocarem até sua vida em risco.

Estas ansiedades cotidianas são desprezadas, mas seu efeito ao longo dos anos trazem consequências tão sérias como as de uma perturbação súbita em uma situação de assalto, de acidente ou mesmo de uma agressão física sofrida pelo companheiro que chega em casa bêbado ou cheio de ciúmes.

A ansiedade se instala pela aflição, insegurança ou angústia da situação vivida e pode levar o indivíduo a duas atitudes: ou a de se defender e se livrar deste incômodo ou ficar sem reação e se conformar, se prejudicando, sofrendo as consequências, muitas vezes até sem comentar nada com ninguém, deixando o problema se agravar e tornar-se patológico.

A ansiedade é um sentimento desagradável, apreensivo, que acompanha uma sensação de opressão no peito, palpitação, dor de cabeça e falta de ar quando mediante o ocorrido ou quando está prestes a enfrentar o que causa este transtorno. Ansiedade é um sinal de alerta de que está chegando a hora de enfrentar uma situação que incomoda.

Quando os sintomas são de maior intensidade - diferente da ansiedade do dia a dia - são chamados de Transtornos de Ansiedade e merecem uma atenção especial com acompanhamento medicamentoso e tratamento psiquiátrico e/ou psicológico .

Os sintomas são variados e se manifestam em proporções diferentes em cada pessoa:

Vai desde uma preocupação (com saúde, dívida ou a demora de um filho que não chega) podendo chegar a uma tensão (estresse) e alcançar medos exagerados, onde a pessoa não consegue relaxar, ficando com uma sensação contínua de que algo muito ruim vai acontecer.

Existem também os medos extremos, como no caso de mulheres que são agredidas pelo companheiro, de crianças que são abusadas pelos pais dentro da própria casa ou de pais cujos filhos são agressivos e atormentados pelo vício de drogas pesadas onde vive-se sob a terrível sensação de que a qualquer momento tudo pode acontecer. A pessoa vive constantemente apavorada .

Esse sofrimento real pode afetar outros membros da família, que sofrem junto com a pessoa comprometida e essas são as "vítimas ocultas"- os filhos ou os pais- que muitas vezes são ignorados, porém um filho que presencia atos contra quem ama ou pais que são agredidos podem manifestar também sintomas de ansiedade como comportamentos agressivos ou inadequados na escola, no trabalho ou na vida pessoal e se não tiver um acompanhamento médico pode desenvolver para crises importantes como a Síndrome do Pânico.

A maior parte das pessoas com ansiedade começa a perceber a melhora e retoma suas atividades depois de algumas semanas de tratamento com medicamentos sob orientação de seu psiquiatra ou com terapias psicológicas. Por isso, é importante procurar ajuda especializada e em casos de agressões, principalmente das mulheres, procurar também a Delegacia da Mulher e instaurar um boletim de ocorrência. O diagnóstico precoce e preciso da ansiedade acompanhado do tratamento eficaz e o acompanhamento por um prazo longo são imprescindíveis para obter melhores resultados e menores prejuízos.

Já a depressão afeta o humor do indivíduo e a sua forma de ver o mundo. A pessoa deprimida quase sempre está triste ou preocupada e geralmente está ansiosa ou irritada. Muitas pessoas com depressão também apresentam a autoestima diminuída e pensamentos negativos que devem ser levados em conta e podem ser preocupantes, como é o caso da vontade de desistir de tudo, que pode ir desde não querer mais se alimentar, se trancar num quarto e até tirar a própria vida.

A depressão apresenta muitos sintomas diferentes, alguns são fáceis de reconhecer e outros mais difíceis.

O primeiro sinal de depressão geralmente é uma mudança brusca no comportamento habitual.

Os sintomas comuns de depressão incluem:

Sentimentos tristes e melancólicos com choro fácil;

Perda do interesse por atividades que antes eram prazerosas;

Alteração do apetite com perda ou ganho de peso;

Excesso de sono ou a falta dele;

Sentimento constante de cansaço e indisposição;

Sentimentos de inferioridade ou culpa;

Dificuldade de tomar decisões, pensamentos desordenados, memória prejudicada;

Pensamentos de morte ou suicídio.

Algumas pessoas apresentam um tipo diferente de transtorno do humor conhecido atualmente como Transtorno Bipolar ou Psicose Maníaco-Depressiva, onde pode ocorrer um ou mais episódios maníacos, com humor anormal caracterizado por alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade que podem ser acompanhados de uma crise depressiva maior.

A pessoa deprimida apresenta também sentimentos diversos como de frustração por não conseguir reagir; de culpa por achar que tudo aconteceu por sua incompetência e até de raiva de todos á sua volta por aceitarem os acontecimentos passivamente. São sentimentos normais para quem está deprimido, mas que com tratamento tudo pode ser revertido pois a depressão é uma condição tratável e se obtém bons resultados no tratamento.

Importante notar que as pessoas deprimidas não olham diretamente nos olhos, falam mais devagar e sem qualquer entusiasmo e quase sempre seu discurso pode ser dominado por pensamentos negativos, melancólicos e com falta de esperança.

O tratamento deve ser seguido rigorosamente sob orientação de um psiquiatra e também de um psicólogo. Em algumas pessoas, os antidepressivos podem causar náusea, diarreia, tremores, insônia e outros efeitos adversos. Muitos destes efeitos desaparecem ou diminuem ao longo do tempo. De um modo geral, esses medicamentos são bem tolerados pela maioria das pessoas e as terapias ajudam o indivíduo a retomar seu equilíbrio mental, emocional, sua postura frente a si próprio resgatando seu humor e sua vitalidade.

Uma ajuda importante para o tratamento é o envolvimento da família fornecendo apoio ao indivíduo deprimido ao invés de ficar procurando culpados, mas tentar conhecer o processo da doença e ajudar na recuperação. Tente não chamar a atenção do paciente deprimido para seus desapontamentos e evite pressionar o paciente para que se recupere logo. Cada pessoa tem seu tempo.

As pessoas com depressão estão sob risco potencial de suicídio. Se um membro da família com depressão expressar pensamentos suicidas, comunique ao psiquiatra imediatamente. Não entre em pânico nesta situação, não subestime ou espere a crise passar. Mantenha-se atento, fazendo perguntas diretas e que expressem preocupação. Deixe a pessoa deprimida saber que a sua vida é muito importante e valiosa. Lembre-a de que estes pensamentos suicidas são sintomas de uma doença, porém quando não for possível evitar o pensamento suicida, remova tudo que possa estar ao seu alcance e facilitar o estímulo dessa ideia obsessiva como: armas, álcool e medicamentos.

Observe também as crianças pois são muito sensíveis a tudo que acontece em casa e na maneira como os pais se relacionam entre si e, geralmente percebem quando alguma coisa está errada. Além disso, a maioria das crianças tem imaginação ativa e criam fantasias julgando que a culpa de todo o ocorrido é delas e sofrem com isso. É preciso ficar atento também para este fato, procurando um profissional ou familiar querido e confiável que julgar mais adequado para estar próximo das crianças nesta fase. A idade e maturidade das crianças decidirão o quanto e como contar tudo que está acontecendo.

Lidar com a depressão na família pode ser um grande desafio, mas pode também representar uma oportunidade de aproximação para aqueles que se amam e maior entendimento de suas vitórias e fraquezas. Quando um casal ou família participam interessados em superar os momentos difíceis, todos se beneficiam. No caminho para a recuperação, o apoio e a ajuda de outras pessoas, como amigos próximos, podem ser também de grande valor.