Síndrome de Burnout: a insatisfação levada à exaustão
A verdade é que não suporto mais o meu trabalho. Todas aquelas pessoas falando ao mesmo tempo, pedindo, reclamando e o meu superior olhando de lado e sempre me criticando. Quando acordo de manhã e penso que tenho de levantar para ir ao trabalho bate um desespero... Tenho vontade de morrer.
Para piorar a situação, ultimamente não tenho conseguido conciliar no sono, fico rolando na cama até altas horas da madrugada e quando consigo dormir sou frequentemente acordada por pesadelos. Dor de cabeça, resfriados, dor de estômago e desarranjos intestinais estão se tornando frequentes, não consigo mais me concentrar, estou ficando esquecida e já não dou mais conta de fazer o meu trabalho direito, o que acaba causando mais aborrecimento.
No trabalho é um horror, fecho a cara e fico o dia inteiro tentando não discutir com ninguém, mas é quase impossível com tanta gente atrás de mim pedindo coisas que eu não consigo atender. Meu interesse por outras pessoas desapareceu, meu contato social está restrito ao mínimo necessário.
Todos os dias eu chego em casa tão cansada, tão exausta que por qualquer coisa a raiva explode. Minha relação com meu marido está péssima, minha filha já não fala mais comigo e até o meu cachorro se esconde de mim. Sei que minha família não tem culpa do que está acontecendo comigo no meu trabalho, mas não consigo evitar. Fico
desesperada porque eu preciso do meu trabalho, mas ele está destruindo a minha vida, não estou mais suportando tudo isso.
Se você está se sentindo assim, pode ser que esteja sofrendo da
síndrome de Burnout. Atualmente, existe um número expressivo de pessoas à beira de um colapso sem saber onde buscar ajuda. Reconhecido como risco ocupacional para profissionais da saúde, educação e serviços humanos desde 1999, a síndrome de Burnout pode ser considerada o grande problema do mundo profissional do momento.
Estudos mais recentes sugerem que o stress pode ser mortal, no Brasil
cerca de 70% da população economicamente ativa sofre as consequências do excesso de trabalho ou mal-estar em relação a sua profissão, e entre eles, 30% são vítimas do burnout que parece ser mais prevalente entre as mulheres talvez em razão da jornada dupla de trabalho.
O tratamento da síndrome de Burnout por meio de uma psicoterapia com um psicólogo especialista nesta área costuma ser bastante eficaz. Quanto mais cedo procurar uma ajuda especializada maiores são as chances de escapar.
Muitas vezes pode ser necessária uma abordagem multiprofissional, com a ajuda de um médico para um tratamento medicamentoso voltado a combater os sintomas físicos, as comorbidades e podem incluir antidepressivos e ansiolíticos. Além disso, a alteração dos hábitos com novas práticas cotidianas como o exercício físico e o relaxamento parece fundamental