Distimia: a doença do mau humor

Não é que ele seja preguiçoso, é que geralmente tem um problema com o sono, dorme mal e por isso anda sem disposição, parece sempre meio desinteressado e vive reclamando da vida. Mal humorado, pessimista, vive se queixando de estar cansado. Algumas pessoas dizem que ele tem um gênio muito difícil, difícil mesmo de se conviver ele.

Se você conhece alguém assim, saiba que no Brasil existem entre 5 a 11 milhões de pessoas que sofrem sem saber que são portadores de um transtorno chamado “distimia”. Para muitas pessoas o mau humor constante é um traço de personalidade e o mal-humorado sempre culpa o ambiente a seu redor, o chefe, a sogra ou até mesmo o tempo.

A diferença entre o distímico e outros mal-humorados é que os outros ficam alegres e satisfeitos assim que conseguem resolver o problema que o causou. O distímico, ao contrário, reclama até quando ganha na loteria, por que sempre está pensando no lado negativo, na possibilidade de ser sequestrado ou de ser assaltado por exemplo.

O mau humor pode ser uma doença, um transtorno mental que se manifesta em forma de uma rabugice que parece eterna. Reconhecida pela medicina nos anos 80, a distimia é considerada uma forma crônica da depressão com sintomas mais leves. Enquanto a depressão paralisa o cotidiano de uma pessoa, a distimia permite que a pessoa continue tocando normalmente a sua vida embora com muito sofrimento e sempre reclamando.

A distimia atinge pelo menos 180 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela não deve ser negligenciada, pois o portador corre o risco 30% maior de desenvolver quadros depressivos mais graves e outras comorbidades, sem contar que ela pode levar as pessoas ao abuso de álcool e outras drogas se iludindo na esperança de assim acabar com a irritação.

Diferente da depressão, a distimia costuma deixar o indivíduo com a sensação de que esse é o seu jeito de ser. Constantemente sofre com sonolência ou insônia, dificuldade de concentrar-se e de tomar decisões, desenvolve pensamentos de não ter valor ou de ser incapaz. Isso somado ao desinteresse em várias áreas da vida pode levar ao isolamento ou a uma vida limitada com poucos relacionamentos sociais e dificuldades profissionais e familiares.

A distimia tem um forte componente genético, e pode ser desencadeada por um acontecimento marcante, geralmente se inicia na adolescência ou no início da vida adulta o que facilita a confusão com o jeito de ser da pessoa. Quem tem distimia costuma procurar ajuda somente quando a doença já evoluiu para um quadro mais grave. Elas aprendem a viver sempre irritadas e acreditam que por ser um traço da personalidade é um problema imutável. O que é um erro.

Se você tem um amigo mal humorado lembre-se: o mau humor não precisa ser eterno. Pode ser tratado por meio de uma psicoterapia com um psicólogo especializado. Nos casos de distimia a psicoterapia é fundamental no tratamento e o resultado costuma ser mais rápido e melhor sucedido quando associado com medicamentos antidepressivos.

Hiromi
Enviado por Hiromi em 13/01/2013
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