SUBJETIVO
Estou vivendo um estranho dilema, no mínimo curioso. Desde 2007 venho enfrentando muitos problemas, principalmente financeiros, que por conseqüência geram outros, familiares, de amizade, de relacionamento. Hoje estou com tudo praticamente resolvido, estou entrando numa área de conforto.
Mas, o que deveria ser motivo de satisfação, está me gerando algo que nunca experimentei. Estive ausente de muitas atividades sociais, parei de consumir álcool, parei de freqüentar algumas rodas de amigos, me isolei. Hábitos que mantinha a mais de 25 anos. Acho tudo muito sem graça e sem sentido, subjetivo.
Com este longo período de hibernação descobri novos valores, novas nuances, criei outros interesses, que a meu ver, são mais proveitosos e menos fúteis. Posso estar errado, mas é o que tenho pra hoje, como diz um ditado popular.
Estou enchendo meu tempo com trabalho, estou dando aula, escrevendo e fazendo uma pós-graduação, tudo prazeroso. Nada que force demais ou me deixe extenuado. Mas tenho uma família, mulher, uma filha adulta, outra adolescente e uma ainda criança, que com uma frase resume tudo o que passei: “Pai que bom vamos pagar todas as nossas dívidas”, palavras que ela ouviu muito nos últimos 5 anos. Tenho que deixá-las viverem e este meu estado não pode se refletir em nosso cotidiano, pois vou ser o chato, o estraga prazer, o inconveniente.
Temo que isto seja resquício de minha doença, pois tenho depressão e bipolaridade. Na minha próxima consulta pensei em pedir para diminuir meus medicamentos, mas confesso, criei certa dependência, uma bengala química para meus momentos inconvenientes, como providência, tomo meu tranqüilizante e vou dormir ou me recolho na solidão do silêncio.
Sei que foi um processo longo que me deixou assim e que revertê-lo vai demorar algum tempo, espero que não muito. Escrevo estes sentimentos todos, talvez por não ter alguém pra me ouvir, também , quem sabe repartir minhas angústias com quem passou ou está passando por situação parecida.