Para eliminar o medo
Penso que, de todos os sentimentos negativos que nos acometem, o medo é o pior deles. Não é muito fácil controlá-lo nem eliminá-lo de vez. Pode-se conviver com ele, mas quanto mais esforços se faz para abandoná-lo parece que pior é porque se acaba tendo medo do medo, o que vem a ser desastroso. Isaias disse que o que ele mais temia acabou-lhe acontecendo e parece que isto é verdade; o medo atrai o objeto temido. Existem pessoas mais e menos temerosas e isto deve ser uma questão de talento ou não para dominar o medo ou uma espécie de treino. Acredito mais nessa segunda hipótese.
Se dermos trela ao medo e não agirmos por causa dele isto vai acabar repercutindo negativamente em tudo que fizermos e, inconscientemente, todas as nossas ações serão em função de evitar contato com aquilo que é temido. Há um sábio conselho que diz: “Faça aquilo que é temido e a morte do medo será certa”. Agir mesmo sentindo medo pode ser uma ótima estratégia porque a consequência é que tudo de ruim acontecerá se não fizermos nada para dominar ou superar o medo. Medo e coragem estão na mesma balança. O domínio ou a superação de um aumenta a outra e é assim que se vai, aos poucos, adquirindo mais autoconfiança e controle da própria vida.
O medo está presente em tudo na vida. Todavia, se pararmos para analisar friamente a questão, concluiremos que isto representa não mais do que uma falta de fé. Já se diz que medo é o oposto da fé. Pela ótica cientifica, ele pode ser eliminado através da pesquisa psicológica, em que uma investigação do subconsciente procura trazer à tona acontecimentos passados que deixaram marcas profundas. Daí utiliza-se técnicas muito bem elaboradas para reverter os sintomas do medo, colocando o objeto temido frente a frente com o paciente a fim de que seja desmascarado. Em muitos casos isto realmente funciona porque se elimina a causa do medo.
A psicanálise trabalha com medos adquiridos, mais especificamente as fobias. Contudo, não é dessas formas separadas de medo que quero tratar aqui. Pretendo falar do medo de forma geral; que afeta a todos, sem exceção em determinados momentos da vida ou mesmo a vida inteira. Agimos inconscientemente sem nos darmos conta de que é o medo lá no fundo do subconsciente que nos está levando a certas ações. O homem que vive sua vida na certeza de que um poder maior o assiste e protege já deu o passo mais importante para se libertar de qualquer tipo de medo. Agora, se ele prefere apoiar-se em sua própria força, humana e limitada, aí ele vai precaver-se constantemente contra a influência de todos os outros seres. Se somos filhos de Deus - e eu acredito nisto e nisto ponho minha convicção - não precisamos nada temer, pois já estamos protegidos em toda e qualquer situação.
O medo é um sentimento destrutivo e, na grande maioria das vezes, o que tememos jamais acontecerá, o que prova ser ele um produto da nossa imaginação. Se pararmos para analisar, as coisas que temíamos no passado, o que temíamos ontem e o que temíamos hoje antes de sairmos de casa; nada aconteceu. Então o problema não é o medo em si, mas a nossa postura em relação a ele. Medo do futuro resume-se em preocupação exagerada, uma mórbida insegurança por falta de iniciativas hoje. Se vivermos o presente exclusivamente, plantando boas sementes não há razão para se ter medo do futuro.
Quanto ao medo real do tipo: medo da doença, nossa ou de algum ente querido, medo de acidentes, de ser assaltado, sequestrado, atropelado e outros semelhantes também se resume em falta de fé e atitude de viver o dia de hoje de forma sadia, confiante, enchendo a mente de bons pensamentos. O fato de crermos em Deus significa que depositamos nossa vida em uma força que está acima de nós; que quer o nosso bem, não quer que soframos por coisas que não precisamos sofrer, a não ser que plantemos hoje sementes que gerem esses frutos não desejáveis. Há situações na vida pelas quais teremos que passar e que têm o mesmo sentido de um aprendizado escolar a fim de galgarmos um nível mais elevado. Não é preciso temê-las porque não representam sofrimento, mas um aprimoramento para a alma.
Quem não reconhece a si próprio como um filho de Deus, que está aqui para o cumprimento de uma missão que tem por princípio trabalhar para a evolução planetária e prefere levar sua vida depositando na matéria a sua adoração sem dar o valor necessário às coisas do espírito, terá que garantir-se nessa matéria para dominar as intempéries da vida. Irá combater violência com violência, ameaças com ameaças, colocar proteção em volta da casa, no automóvel, precaver-se contra o bandido, o assaltante e até o colega de trabalho ao lado. Isto porque acredita que há nesse mundo coisas ou elementos que possam lhe fazer mal. E isto é lamentável. Obviamente não vamos abusar da proteção. Seria inocência negar que existam essas anomalias no mundo. Mas, tudo se atrai.
Nenhum mal nos atinge de fora quando não há a força de atração. Essa força de atração pode ser o pensamento insistente no mal, o medo doentio ou exagerado e, principalmente, na falta de fé ou crença num Deus poderoso e protetor. Os semelhantes se atraem; esta é uma verdade incontestável. Se eu temo o outro é porque existe uma parcela de mal em meu pensamento que gerou esse temor. O amor é o maior dos sentimentos. Tudo que é reconhecido pela mente tende a manifestar-se, tanto para o que é bom quanto para o que não o é. Se eu elevar o meu pensamento para um mundo belo, em que todas as pessoas são boas e querem colaborar comigo isto significa que estou reconciliado com o céu e a Terra. Quando eu reconheço, com a minha mente, que tudo é criação de Deus e que Ele só criou o que é bom estou manifestando dentro de mim o paraíso e, como reflexo desse pensamento, tudo em minha vida será paradisíaco e não haverá razões para medo de espécie alguma.