Enxaqueca: Como me livrei dela
Desde pequena, sempre convivi com esse transtorno que foi crescendo junto comigo e que só na fase adulta consegui, sozinha, descobrir qual a causa.
Quando eu era criança sofria de problemas digestivos e o médico dizia que eu estava com anemia pois não conseguia me alimentar direito e era muito magrinha e chorava muito e minha mãe também não sabia o motivo e a recomendação médica era dar mamadeira, mingau, vitaminas, tudo com leite.
O médico tentava fazer com que eu conseguisse melhorar meu estado físico e fui até diagnosticada com anemia profunda, com risco de vida, tendo no máximo 3 meses de vida e foi recomendado que eu tomasse mais leite.
Minha mãe percebeu que essa dieta não estava dando certo e por conta dela sem dizer nada ao médico, mudou de leite para ovos e me dava ovos crus. Meu pai me entretia brincando comigo e quando eu me distraía minha mãe colocava um ovo cru inteiro em minha boca e eu engolia, no susto.
E foi assim que consegui superar a anemia e sobreviver, mas minha mãe não sabia que o leite não era bom para mim, simplesmente achou que os ovos acabaram com minha anemia.
Durante a infância continuei a ter problemas de dores de cabeça, mas não tão frequentes, - não tenho dados sobre como foi o percurso dessa fase e se foi alterado alguma forma na alimentação -
mas me lembro que achavam que as dores de cabeça poderiam ser por problema de vista, outro diagnóstico comum dos médicos naquela época, já que sempre gostei muito de estudar e também porque gostava de ficar na primeira carteira perto da lousa.
Outra opinião também ventilada - e dessa vez pela minha professora - era de que eu tinha o cabelo muito comprido e, por ser um cabelo pesado, achava que isso também influenciava nas dores de cabeça e, assim, tive que cortar o cabelo.
Como podem ver, passei por muitos caminhos e nenhum deles foi capaz de solucionar o meu problema da dor de cabeça e até mesmo os médicos que me atenderam na adolêscencia cogitaram a possibilidade
de ser devido ao fluxo menstrual intenso.
Depois que me casei, durante minha gravidez, as dores também foram diagnosticadas como sendo manifestação de TPM; portanto, opiniões eram o que não me faltavam.
Foi só na fase adulta que resolvi entender o que acontecia comigo e agora já sabia que não era dor de cabeça e sim enxaqueca, e começei a observar e anotar tudo que eu fazia e comia .
Um dia ouvi uma entrevista com uma especialista em alimentação que comentava sobre o leite e os seu derivados, e o quanto esse alimento é prejudicial à saúde de muitos seres humanos por ser um alimento específico pra os filhotes da vaca e também que cada pessoa tem o tipo sanguíneo diferente e cada tipo teve sua origem em regiões diferentes e se firmou naquele povo de acordo com o local e a atividade desenvolvida pelas pessoas daquela região (**).
Percebi que eu gostava e usava muito leite e seus derivados em minha alimentação e resolvi observar melhor minha dieta e, sendo mineira, consumia muitos queijos, coalhadas, iogurtes, requeijão, e todo tipo de doces e quitutes tudo feito com muito leite.
Naquele dia, ouvindo a entrevista, eu estava com uma forte enxaqueca e lembrei-me que tinha comido queijo pela manhã.
Resolvi então ficar 2 dias sem tomar leite e sem comer nada que levasse leite na receita.
E passei dois belos dias sem nenhuma dor - o que para mim era como estar no Paraíso- , mas era preciso confirmar .
Então, na manhã seguinte, resolvi tomar leite e, algumas horas depois, a enxaqueca estava de volta. Fiz esse teste de diferentes maneiras e constatei que se eu ficasse dois ou mais dias sem leite, ficava sem nenhuma dor, mas se eu voltasse com o leite ou algum derivado, tudo se repetia.
Constatei também que, se o tempo de abstinência fosse maior que 3 dias, eu até poderia tomar um iogurte ou uma fatia de queijo ou até uma taça de sorvete, mas depois precisaria ficar novamente sem comer nada de leite por uns 10 dias para que o organismo voltasse ao equilíbrio novamente, sem nada de lactose.
Isso já faz 7 anos e depois que entendi que tenho intolerância à lactose me livrei dessa dor horrível, que me deixava triste, mau-humorada, sem querer falar com ninguém, sem vontade de estudar ou mesmo de sair .
Agora posso ter uma vida com mais qualidade. Percebi também que se ficasse deitada, a dor piorava. Era melhor me levantar, movimentar e tentar fazer alguma coisa que eu gostasse. Às vezes, quando a dor incomodava era preciso tomar um analgésico e logo já estava tudo bem.
Outro detalhe era que, se eu estivesse de brincos, também piorava a dor e ao tirá-los e massagear a ponta da orelha eliminava a dor de maneira considerável.
Outro componente que também amenizava minha dor era tomar uma xícara de café - a cafeína é um dos componentes de alguns analgésicos para enxaqueca - e nada de ficar deitada em quarto escuro, isso só piorava.
Eu tinha aprendido que colocar rodelas de batata crua na testa podia ajudar a eliminar a dor. Até melhorava, pois refrescava, porém se eu me levantasse tomasse um banho, um café quentinho o resultado era bem mais rápido.
Também evitava ficar em locais onde tinha som ligado ou TV. Deixava para ligar o computador só depois que a dor passava .
Passei a consumir produtos à base de soja enriquecidos com cálcio.
Essa é minha experiência. Espero que você possa encontrar o que dá o gatilho para sua enxaqueca.
Algumas pessoas perceberam que bebidas alcoólicas, chocolate, embutidos como salame, calabreza e salsicha também estimulam a dor .
Faça uma observação e anote tudo. Vale a pena o sacrifício
(**) Livro recomendado : Você e seu Sangue - Heloísa Bernardes - HLB-Cursos e Serviços