A Verdadeira Saúde
Por que ficamos doentes? Quando dizemos “ficar doentes” logicamente isto não se refere a todos os seres humanos, pois são inúmeros os casos de pessoas que passaram por aqui sem adoecerem uma vez sequer. Quando o famoso palhaço Carequinha, aos noventa anos de idade, foi internado para morrer, ficou, o médico que o atendera, abismado com a resposta da esposa do grande artista a sua exigência: “traga-me todos os exames que ele tem em casa para que eu possa melhor avaliá-lo”. Diante desta colocação, a mulher ficou sem saber o que faria. “Não tenho como lhe apresentar exames do meu marido, doutor, simplesmente porque ele nunca esteve doente na vida”.
Soube disto através de um jornal popular que estampou em duas páginas fotos e depoimentos sobre a vida e a carreira deste homem espetacular. Coincidentemente, havia eu estado com ele dias atrás nas
escadarias da Câmara Municipal Carioca, minutos antes da apresentação de um show popular, talvez o seu último. Eu, que nunca o havia encontrado, tive o privilégio inesquecível de com ele conversar um pouco e ter um de seus CDs autografado. Ainda hoje sinto a frustração de não ter podido ficar para a apresentação. Guardo o CD como uma recordação viva de quem tanto marcou a minha infância.
Carequinha foi, sem dúvida, um, de tantos exemplos de quem passou pela vida sem contrair doenças. Isto prova que ela não existe de fato, senão, todos, sem exceção, teriam que experienciá-la. Ela não existe, mas pode ser criada, esta é a grande realidade. No entanto, quem criou a doença? Foi Deus? Não creio. Penso que se Ele a tivesse criado de fato para o ser humano, todos, sem exceção, teriam que aceitá-la, se acostumar com ela e até não viver sem ela, como muitos gostam de fazer. Deus não criou a doença; se o tivesse feito de fato, nem os médicos, nem a ciência, teriam permissão para acabar com ela.
É um fato controvertido, mas, sem bem analisado, torna-se simples demais. Aliás, a vida em si é muito simples. Somos nós quem a dificultamos com a ilusão de achar que não existe aquilo que realmente existe e que existe aquilo que, na verdade, não existe de fato. O que pensamos torna-se realidade e a doença não foge a essa regra. No entanto, é muito difícil não pensar em doenças. É difícil, mas não é impossível. Podemos deixar de pensar em assaltos, em pobreza ou até em morte, mas em doença, pensamos. Mas, é possível e as provas são as já citadas. O homem vive pela mente e pela mente cria o seu destino. É impressionante como não se dá, no mundo de hoje, a devida importância à mente humana. Ela é tudo em nossas vidas e esse tudo vem com um enorme “T” maiúsculo. O mundo seria outro se as pessoas compreendessem e praticassem esse conceito.
Quando um médico cuida de um doente não é dado a ele, o médico, penetrar em sua vida particular a fim de identificar as reais causas de sua doença física; sendo assim, tratá-la-á a sua maneira, ou seja, usando remédios, embora sejam estes apenas um dos meios de se curar uma doença, ou melhor, de remediá-la; na verdade, todo e qualquer paciente começa a ficar verdadeiramente curado no momento em que deixa o consultório e não quando nele entra; como toda e qualquer doença inicia o seu processo de cura ao se manifestar. Isso mostra que há algo de errado no corpo, diria na mente, e o que é ruim precisa sair.
A verdadeira saúde adquiri-se nas coisas simples da vida. Melhor dizendo, adquirir não é nem o termo, isto porque o homem, sendo Filho de Deus, já é saudável por natureza. Não apenas a saúde, mas todas as boas qualidades pertencentes ao Pai são também pertencentes ao filho. Assim é na realidade e não há nada mais lógico nesta situação se for analisada profundamente e sem idéias preconcebidas. Há uma tendência geral no ser humano para a negatividade e o grande empecilho à verdadeira saúde está no fato de vermos e sentirmos com o coração sem nos darmos a chance de avaliarmos espiritualmente – e com os olhos da mente – o que há de errado conosco. Se dermos uma chance ao auto aperfeiçoamento a ponto de compreendermos, do fundo da alma, que somos filhos de Deus e seus herdeiros, compreenderemos que já somos perfeitos, pois da perfeição fomos gerados. Há, no entanto, um processo de busca, um caminho a ser percorrido até que alcancemos esta perfeição e dele faz parte a aceitação de certas verdades que insistimos em ignorar ou, quando as conhecemos, não lhes damos a devida importância, preferindo que continuem adormecidas no fundo do nosso subconsciente.
Não há problema em recorrer a médicos ou a tratamentos materiais em casos de doenças, contanto que não se torne este procedimento uma opção exclusiva ou, em certos casos, um empecilho ao desenvolvimento espiritual do indivíduo, pois é este o verdadeiro objetivo de nossas vidas.
A vida é um dom divino e uma oportunidade outorgada ao nosso espírito a fim de que se aprimore. A saúde perfeita é inerente à ela, um dom natural. O tratamento médico é um auxílio ao restabelecimento do estado natural, logo ele é perfeitamente válido. O problema é que, após este, considerando-se verdadeiramente curado – e em muitos casos isto realmente acontece – acomoda-se o paciente, julgando que nada precisa fazer em relação a sua cura. Se a mente não se endireitar pode ocorrer a reincidência do mal. Toda doença começa e termina na mente. Portanto, precisamos, através da mente, descobrir a sua causa. O comportamento negativo do dia a dia em relação à saúde não é, em absoluto, a causa direta da doença, mas a consequência de uma insatisfação, um medo, consciente ou não, uma fuga, uma tentativa de encobrimento, ou qualquer outro sentimento negativo que necessita ser amenizado. Resumindo, toda e qualquer doença possui relação com alguma espécie de descontrole emocional; é este que precisa de tratamento. Vou mais longe: é a causa do descontrole emocional que deve ser investigada e eliminada porque no fundo de qualquer doença existe uma causa primária, um desconforto, uma idéia fixa, e é esta anomalia a origem de todo o mal. Sendo assim, não é um simples medicamento que vai eliminar a causa real da doença; consegue este, quando muito, amenizar o sofrimento até que a auto cura se faça presente. É por isso que se tem chamado remédio.
Por isso, insisto: não há nada melhor para a cura definitiva de uma doença do que o tratamento espiritual. Quando me refiro a tratamento espiritual não estou enfatizando esta ou aquela religião, isto já é um outro fator, digno de uma dissertação à parte. O tratamento espiritual consiste em acreditar no Deus verdadeiro, Nosso Pai Criador e convencer-se do fundo da alma que Ele almeja um Filho perfeito, isento de todo mal, sem a doença, que não foi criação d’Ele, mas nossa. A mente é a causa de tudo. Pensar é criar. Se você pensar em doença é doença que você vai ter, se pensar em saúde terá saúde. Qual escolher? Ao criar o universo, viu Deus que tudo era bom e ficou muito satisfeito. O que precisamos fazer é ficar satisfeitos junto com ele e comemorar este dom maravilhoso que é a vida, aproveitando a saúde que veio incluída no pacote. Tirar o máximo de tudo isso significa viver corretamente em todos os sentidos. Eu me esforço diariamente a fim de colocar em prática aquilo que escrevo, procurando vigiar e corrigir meus pensamentos.
Não deve ser uma questão de acreditar em Deus ou não para por em prática certas verdades. Há muitas pessoas que passam pela vida sem nunca terem adoecido e sem nunca terem orado a Deus. Mas, se tivermos a chance de conviver com elas, veremos que manifestam Deus no seu dia a dia; no comportamento, nas palavras, enfim, em todas as suas ações. Deus existe de fato, isto porque tudo possui uma causa e a causa primária de tudo seria Deus; ou outro nome que se queira dar; e a sintonia com esta causa primária parte de nós, do nosso interior, por isso dizemos que Deus está dentro de nós.
Realisticamente, Ele está, também, dentro de nós. Isto, porque não existe, em nenhum ponto do universo, um milímetro sequer falto da presença de Deus. Conscientizar-se desta perfeição cósmica é manter a saúde, é ter ações na vida que estejam par a par com esta convicção. Como posso crer em Deus e desejar o mal do meu semelhante e não viver uma vida que valha a pena ser vivida? Se eu desperdiço o meu tempo, estou jogando fora uma oportunidade que me foi concedida; de fazer um pequeno esforço que seja para tornar o mundo um pouquinho melhor. Se tivermos a mente ocupada, pensando grande, não daremos espaço a que pensamentos vis penetrem no nosso território mental. A busca da saúde não tem que ser um esforço constante, posto já ser, a saúde, um direito adquirido do ser humano. A manutenção dela, esta sim, pode, e deve, ser uma prioridade e vem como resultado de uma mente positiva em todos os sentidos.
Os esforços que se fazem para uma manutenção externa da saúde, tão propalados ultimamente, são válidos até certo ponto, até que a mente se expanda no sentido de buscar aquele algo mais que irá completar o indivíduo, espiritualmente falando. Quando falamos em mente, referimo-nos à Mente Universal; à Mente Divina, que não está sujeita a qualquer tipo de deturpação, como pode ser o caso da mente humana. É esta um produto daquela, que, ainda imatura, precisa ser trabalhada.
É o encontro de Pai e Filho, a volta do filho pródigo. É para isto que estamos aqui neste mundo material. Cumprindo a nossa missão. Cheios de ferramentas. E a saúde é a principal de todas elas.