Sinusite na visão antroposófica

Publicado originalmente no Jornal Lotus, Ano 25, No. 273, Outubro 2011, pg. 14.

http://www.jornallotusbemestar.com.br/jornal/guia-saude/sinusite-na-visao-antroposofica

A sinusite é a inflamação das cavidades situadas dentro dos ossos do rosto, que umedecem o ar que respiramos. Em épocas de seca, ou em lugares mais secos como Brasília, elas ficam mais inflamadas e mais expostas aos germes.

O tratamento convencional consiste de medicamentos descongestionantes, basicamente de dois grupos: corticoides e vasoconstritores. Eles imitam os hormônios produzidos naturalmente pelo organismo em situações de perigo, a fim de acelerar a respiração e facilitar a fuga. Porém esta abordagem farmacológica leva em conta somente os aspectos físicos da doença. Ela alivia os sintomas, enquanto muitas vezes a causa pode estar em outro lugar. A divisão da medicina em especialidades foi necessária para um aprofundamento do conhecimento médico; mas, com isso perdeu-se a noção do todo, do holos.

A medicina antroposófica resgata o conceito de holismo, tal como a homeopatia, a medicina chinesa e a ayurveda. Nessa abordagem, todo o corpo é convidado a responder e fortalecer suas defesas1. Tudo está interligado: Não apenas a parte física, mas toda a nossa constituição vital, anímica e espiritual.

A título de ilustração: um medicamento antroposófico indicado a um paciente com sinusite curiosamente pode ser indicado a outra pessoa com um distúrbio urinário. Um médico alopata irá se perguntar: Por que? Qual a relação? Isto é fruto de extensas pesquisas que obviamente não caberiam neste pequeno artigo. Por isso daremos apenas uma ideia de como o médico e o farmacêutico antroposófico chegam a essa conclusão, com base no método dedutivo desenvolvido por Goethe e aprimorado por Rudolf Steiner.

O ser humano possui quatro corpos ou organizações: físico, etérico (ou vital), astral (anímico) e eu2. Cada um deles está ligado a um elemento da natureza (respectivamente: terra, água, ar e fogo). A saúde é resultado desse equilíbrio de forças, e a doença do seu desarranjo. Na sinusite o corpo não consegue dominar adequadamente os líquidos. Aquilo que deveria ser oco e cheio de ar, pelo contrário, é cheio de mucos e catarros. Uma das causas pode ser a sobrecarga das vias aéreas devido ao ar excessivamente seco.

Com base nessa correlação entre a natureza e o ser humano, são desenvolvidos medicamentos dinamizados a partir de substâncias dos três reinos (mineral, vegetal e animal). No caso da sinusite, são escolhidos elementos que evidenciam uma ligação arquetípica com os elementos ar e água, como por exemplo, o Berberis vulgaris, um arbusto espinhoso e de fruto muito ácido. O processo vegetativo (predominantemente aquoso) encontra-se fortemente permeado por forças do âmbito astral (aéreo). Outro exemplo: A prata (Argentum) é o metal que melhor reflete a luz; e o quartzo (Silicea) uma rocha que permite passar a luz. Essas características físico-químicas refletem uma profunda ligação com o sistema nervoso e com os órgãos dos sentidos, situados predominantemente na cabeça3. Em linhas gerais, este é o racional para se desenvolver um medicamento antroposófico.

ATENÇÃO: ESTE TEXTO TEM CARÁTER INFORMATIVO. NÃO USE PLANTAS MEDICINAIS OU MEDICAMENTOS SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO.

Referências bibliográficas:

1. Hamre, H.J. et al. Anthroposophic vs. conventional therapy of acute respiratory and ear infections: a prospective outcomes study. Wien Klin Wochenschr Vol. 117, No.7–8, pp. 256–268, 2005.

2. Moraes, W. A. Medicina Antroposófica: Um paradigma para o século XXI. São Paulo: Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, 2005. 384 p.

3. Pelikan, W. The Secrets of Metals. 2ª ed., Herndon: Lindisfarne Books, 2006. 228 p.

Rodolfo Schleier é farmacêutico-bioquímico (USP) e especialista em fitoterapia (FACIS-IBEHE). Desde 2005 atua no Departamento Médico-Científico do Laboratório Weleda.

Dr. Samir Rahme é médico (UFJF) especialista em Clínica Médica. Atua como médico antroposófico há 30 anos. Presidente da ABMA entre 1991 e 1998. Consultor Médico da Weleda do Brasil desde 2009.