Distúrbios da Comunicação Infantil
O desenvolvimento da linguagem é o que nos diferencia na categoria de seres inteligentes.Esse desenvolvimento obedece a estágios da comunicação oral e, quando ocorrem prováveis distúrbios, esses devem ser observados, avaliados e trabalhados antes que interfiram em outros estágios do desenvolvimento da criança.
A linguagem e a fala acontecem, geralmente, nos seguintes períodos:
• até 2 meses: choro reflexo e sons inexpressivos:
Considera-se, aqui, a atenção dada a essa criança, onde as pessoas que lhe são próximas devem conversam com o bêbe, gesticulando, sorrindo, fazendo brincadeiras olhando nos olhos da criança e estimulando-a a acompanhar os movimentos.
• até 6 meses: sons monossilábicos e vogais:
Em muitos casos, a criança, ou já está num berçário, numa creche ou fica sob os cuidados de terceiros quando a mãe retorna ao trabalho e esse é um momento importante onde podem surgir as primeiras alterações, caso essas pessoas responsáveis pelo cuidado não estimulem a atenção da criança como estava sendo feito até esse momento pela mãe. Porém, pode acontecer também com mães que não trabalham e que não estimulam seu bebê, mantendo-o sempre dormindo ou no colo, sem brincar ou conversar com a criança.
• até 8 meses: sons polissilábicos e balbucios:
Esse momento já é preciso, além de conversar, também interagir com o bêbe, deve-se apresentar objetos que emitam sons e movimentos para ativar a reação da criança que irá pedir "mais", bater palminhas, dar risadas, apontar para que seja repetido a brincadeira e irá tentar imitar os sons dos objetos ou da fala de quem está com ela.
• até 18 meses: primeiras palavras compreensíveis:
São usadas por volta de até 20 palavras.
Se não estiver acontecendo esses primeiros sons já é um sinal de que alguma coisa está acontecendo, ou a estimulação está inadequada ou se a criança não estiver apresentando interesse, deve-se investigar desde o nível audiométrico até o comportamento de quem cuida e também do ambiente em que o bebê fica durante todo o tempo. Normalmente em creches onde o número de crianças é grande, pode acontecer da criança que é mais tranquila ou que usa a chupeta o tempo todo ficar esquecida em detrimento de outras crianças mais agitadas ou que choram muito para chamar a atenção.
• até 24 meses: são usadas poucas palavras-frase:
O vocabulário contendo aproximadamente 200 palavras é o esperado. As crianças conectam palavras em frases curtas.
Uma situação comum também e que pode alterar o quadro de desenvolvimento da linguagem nesse estágio é quando o bêbe tem pais estrangeiros e cada um fala um idioma ou se expressam com sotaques, isso poderá retardar a emissão das primeiras palavras, sendo que muitas vezes a criança emite sons parecidos com o que os pais falam, porém sendo incompreensíveis.
• até 36 meses: formam sentenças combinando 3 a 5 palavras, e já usa algumas palavras no plural.
Outras vezes, quando é perguntado algo à criança ela responde com a entonação que deveria e até no tempo de algumas palavras para aquela resposta, porém o que diz é embolado, ocorrendo apenas uma ou outra palavra que seria o esperado para aquela resposta.
Quando isso acontecer não devemos achar que é bonitinho e estimular a criança a falar assim, mas de maneira tranquila, parar o que estamos fazendo e ajudar a criança a formular a frase de maneira correta e repetir até que ela consiga corrigir o que está tentando expressar.
Quanto ao uso do plural, obtem-se sucesso começando com brinquedos iguais ou utensílios repetidos para que a criança possa perceber efetivamente o que é plural, e sempre estimular a fala de maneira correta, falando pausadamente e olhando para a criança a fim de que ela possa perceber os movimentos de seus lábios e da lingua quando na emissão do som.
• até 48 meses: clara sintaxe no falar, vocabulário de até
1000 palavras, fala completamente inteligível. Espera-se que a criança
use 90% dos conceitos gramaticais corretamente.
Se isto não estiver ocorrendo é preciso conversar com os monitores ou professores da criança e levar para uma avaliação fonoaudiológica, onde será avaliado a degustação, dentição, respiração, posição da lingua na hora da pronúncia, se está fazendo uso de chupeta e como é trabalhado a comunicação com essa criança.
Superando todas essas etapas, o desenvolvimento da fala estará pronto e se apresentará assim:
• aos 5 anos: repertório de 6000 a 10000 palavras;
• aos 7 anos: reprodução correta de todos os sons da fala.
Esta não é uma regra rígida, podendo sofrer alterações de acordo com cada caso sem que nem sempre o não acompanhamento do que é esperado seja um transtorno; pode estar sofrendo outros tipos de acontecimentos no ambiente familiar ou escolar que deverão ser investigados, pois geralmente a criança passa a maior parte do dia nesses locais.
O desenvolvimento da fala e/ou linguagem diferencia-se em distúrbios orgânicos e não orgânicos. Nos orgânicos, ocorreria uma falha nos órgãos periféricos e/ou no sistema nervoso central. Já os não orgânicos envolveriam questões ambientais e emocionais.
Como já foi mencionado, os atrasos da linguagem podem ocorrer devido a vários problemas, entre eles podemos citar: retardo mental, perda auditiva, atraso na maturação, gagueira, desordem expressiva da linguagem (disfasia ou afasia), bilingüismo, autismo, mutismo seletivo(incapacidade de se expressar em determinadas situações por ansiedade ou medo), paralisia cerebral e deprivação psicossocial
(descuido afetivo ou nutricional).
Estudos descrevem como sendo a perda auditiva e o retardo mental as duas causas mais freqüentes de dificuldade na aquisição da linguagem e/ou fala.
Quando for observado qualquer distúrbio da fala é necessário uma avaliação minuciosa e precoce de todos os fatores que possam estar relacionados à instalação dessa alteração, para um diagnóstico etiológico adequado. Neste contexto, o papel do otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e do psicólogo é fundamental para a detecção de possíveis perdas auditivas e reabilitação precoce.
Lembre-se: a melhor estimulação, que desenvolve não só a linguagem mas o desenvolvimento físico, motor e intelectual de uma criança é o amor de seus pais, o aconchego do lar, a atenção dos monitores e principalmente o brincar muito com seu bebê para que ele sinta que é amado e tenha total confiança em manifestar todas as suas emoções, assegurando uma futura comunicação social de maneira rica.