PROFISSÃO MÉDICO

Há profissões que quando exercidas com competência e dignidade, o que vale dizer com verdadeiro profissionalismo, nos merecem todo o respeito, admiração e gratidão.

Hoje quero me referir à profissão de médico. Há médicos que exercem sua profissão como um verdadeiro sacerdócio. A eles minha homenagem e admiração, pois não medem esforços em aliviar os sofrimentos e salvar vidas de seus semelhantes.

O verdadeiro médico é aquele que chora ainda que não lhe vejamos as lágrimas, ante a impotência da cura daqueles que a ele recorrem. É o ser humano que ri ainda que não lhe ouçamos o gargalhar de sua alma jubilosa quando o seu saber e sua arte triunfam sobre a doença.

O verdadeiro médico é aquele que atende com o mesmo carinho e desvelo ao que pode pagar seus serviços e da mesma maneira ao menos afortunado da sorte.

O verdadeiro médico é, pois aquele que põe acima do interesse remuneratório material a realização pessoal de curar.

Eu me acho à vontade para falar desses homens e dessas mulheres, que por dever de ofício tive o prazer de contatar com tantos deles, nas mais diversas situações, quer debruçados sobre os leitos dos hospitais, nos Prontos Socorros, postos de saúde pobres, das periferias, ou em seus consultórios. Foi um longo período que varou as três décadas, portanto posso dizer que vivenciei as mais dramáticas, as mais comoventes e também hilariantes situações, desse cadinho formidável de que envolve o ser humano.

Tive algumas decepções, é verdade, mas também me senti muitas das vezes gratificado por ser partícipe dessa aventura, onde o ser humano foi e continua a ser o ator principal neste grande palco da vida. Fiz amizades que até hoje perduram e das quais eu muito me orgulho. Médicos, secretárias de médicos, enfermeiras, donos de farmácia, já sem falar dos colegas de profissão. É um mundo quase desconhecido em seus meandros pelo grande público, mas de um poder admirável onde o que mais conta é a emoção na dramaticidade que vai muito além da compreensão do observador menos atento.

Como me é impossível neste espaço de jornal citar todos os nomes que mereciam ser aqui citados mencionarei, entretanto, uns poucos nomes, daqueles que já não se encontram entre nós. Que os demais esculápios sintam-se assim homenageados, na data a eles consagrada.

Minha admiração e gratidão ao Dr. Rui cujo sobrenome, agora não recordo, pediatra da cidade de Curitiba que assistiu meu primeiro filho nos seus primevos dias, profissional competente e alma de uma nobreza e despojamento admiráveis.

O Dr. Newton de Azevedo, da cidade Rio Grande, verdadeiro “gentleman” e meu particular amigo que deixou saudades.

Dr. Vicente Real, homem de poucas falas, pessoa simples, mas de um grande coração que atendia os pobres em seu consultório particular, ao mesmo nível dos pagantes.

Dr. Francisco Ribeiro da Silva, pelo seu espírito altruísta, mas também pela sua personalidade hilariante, seu humor inteligente, grande colecionador de histórias reais que superam muitas das vezes a própria ficção. Era também conhecido por Dr. Chico louco, precisamente pela sua veia humorística. De louco ele não tinha nada. Era sim uma inteligência brilhante, talvez mal compreendida. Quanta coisa eu poderia falar dele que eu testemunhei!

A eles minha eterna admiração. Sintam-se, pois, os bons médicos, homenageados naqueles que atrás citei.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 18/11/2011
Código do texto: T3342803