A SAÚDE MORREU...DE QUÊ?
IN LOCO...OPINIÃO:
Mais uma vez a saúde pública brasileira está na berlinda das notícias.
Hoje, infelizmente, a imprensa novamente noticia a morte dum prematuro na saúde pública da capital de São Paulo, criança que ao invés de receber alimentação por sonda nasogástrica, a recebeu por via endovenosa.
Resultado? Provável óbito por falência respiratória aguda.
Mais um caso para a nossa recente estatística de perdas por erro na saúde.
O episódio triste reaviva as calorosas discussões sobre o estado doentio da saúde brasileira, que sequer cuidados intensivos a conseguiriam reanimar.
Cuidados intensivos é o modo de dizer, porque mais que claro está o "descuidado" deflagrador do caos pelo qual a saúde pública atravessa, algo flagrante a nos denunciar o consequente resultado do desmazelo gerencial total .
As causas todos nós conhecemos porque já não se consegue mais escondê-las: falta de atenção do poder público, desvio de verbas, burocracia, malversação do dinheiro que chega mas que não se aplica às necessidades, falta de recurso materiais e humanos, contratação às pressas de profissionais despreparados, inexperientes e sem filtro dos concursos, mal pagos, com jornadas de trabalho ergonomicamente desumanas, com vários empregos, frente a uma demanda historicamente explosiva, etc e tal... Nada disso parece ser novidade.
Porém diagnósticos também parecem não interessar.
A criança prematura engrossa as estatísticas de óbitos por erros e a técnica em enfermagem instantaneamente perderá seu emprego o seu Corem, no entanto, nenhuma das sanções, a perda da vida e do exercício profissional, parecem sensibilizar, de fato, as autoridades responsáveis.
Tampouco resolve o caos.
Tudo acaba no esquecimento e efetivamente nada melhora. Até quando?
O Estado acredita que achando culpados isenta-se da culpa.
Vale lembrar que a sobrecarga da saúde não é só no aparato público não, e já atinge em cheio o setor privado, INCLUSIVE serviços de "ponta" da cidade. Hoje nem pagando muito!
Ultimamente adoecer na cidade de São Paulo, como em qualquer lugar do país, significa enfrentar filas para acesso aos recursos e aos leitos, aliás, com muita, com muita espera.
A não ser que seja um cliente VIP, da..(ou que dá!) "mídia".
Aí a coisa funciona rapidinho...como sempre nos é noticiado.
O governo sempre acha que soluciona problemas por decreto, a exemplo deste último e recente que obriga os serviços vinculados à medicina de grupo atenderem seus clientes com agendamentos nos prazos estipulados pelos decretos dos " gabinetes".
Só se for para atender os políticos...deve ser isso.
Algo para não dar certo, obviamente, porque sem qualidade, sem recursos e sem gestão comprometida não se opera nenhum bom serviço à população.
SEM VALORIZAÇÃO NÃO TEM SOLUÇÃO!
Difícil acreditar que POLITICAMENTE se trabalha pela melhora da saúde pública quando a vida, para o Estado, ultimamente parece valer muito pouco.
Só para não dizer...nada.
Enquanto isso, sempre é bom rezar, porque por aqui nesta terra, só rogando pelos milagres dos céus, aliás, rezemos bastante, antes que antecipadamente nos despachem para o outro lado da vida sem nenhum direito, neste caso, sem bilhete de volta.