O TPB é uma Faca de Dois Gumes Fatais...

A crise tarda mas não falha.

Com motivo, sem motivo, ela sempre chega.

E dessa vez não foi diferente.

Nem sei o que chegou primeiro, se foi a crise ou o problema.

Ou se os dois chegaram juntos.

A verdade é que ando muito cansada, desanimada...

Juntei todos meus sentimentos e tranquei-os num vidro.

Só deixei de fora a indiferença.

Mas infelizmente não há tampa que segure tantas emoções e ora ou outra uma escapa e me sacode, deixando tórridos vestígios por onde passa.

E a emoção se torna doença.

E o corpo padece quando a alma sofre.

E eu acabo me rendendo a um destino que não escolhi para mim.

As lembranças do passado são amargas.

As esperanças do futuro já não existem.

Mas então a responsabilidade bate à porta.

Ainda há um pouco de sanidade e abraço-a sem medo.

Ocupo a mente. Isso me faz bem.

Trabalho e trabalho e dou o melhor de mim.

Adio meus problemas, delongo minha solução fatal.

E escolho viver mais um dia.

Escolho sobreviver mais um dia.

Esqueço o TPB. Me escondo dos sintomas.

Fujo da realidade. Nego o que sou.

Busco amparo na ocupação mental.

Mente ocupada a mil... a um milhão.

Isso é bom. Mas isso me faz bem?

É como me embriagar na fantasia.

Então a ocupação é interrompida.

E o vidro das emoções contidas se abre.

E a mente voa por campos sombrios.

E os delírios me abatem.

E a dor me devora.

Minha fantasia é roubada pela realidade vazia.

Adoeço... no corpo, na alma.

Não posso! O dever ainda me chama...

Esqueço novamente quem sou. Ou o quê sou.

Encho a mente com uma solução temporária. Até quando??

Finjo que estou vivendo e nego... continuo negando...

A mesma negação que me devora é a mesma negação que me salva.

E por tudo isso, eu digo... O TPB é uma faca de dois gumes fatais. Negar é sofrer, não negar é sofrer mais...