Conflitos existenciais

Atualmente, vivemos numa época onde tudo gira em torno do ter.

É preciso consumir!. Essa é a mensagem publicitária dita em tom de urgência que está adoecendo as pessoas emocional, mental e fisicamente.

O tempo todo, em tudo que fazemos, onde vamos, essas são as determinações que até já acostumamos a ouvir: você precisa ter! Troque seu aparelho! Você merece! Isso lhe fará uma nova mulher! É só hoje! E daí por diante...

A maioria se deixa levar por esses apelos da mídia como forma inconsciente de satisfazer suas carências internas. Seu interior pode até estar mesmo precisando ser ouvido, mas será essa a necessidade primordial que precisa ser sanada? Será que temos ouvido nosso interior na sua real solicitação ou estamos nos enganando e nos deixando ser enganados, piorando ainda mais nosso desequilíbrio emocional?

Quem você é está muito além do que é refletido no espelho.

Muitos não se reconhecem mais, estão perdidos no tempo e no espaço, alienados como andróides. Acham que para serem aceitos socialmente é preciso se igualar, e como isso nunca será uma verdade, - porque somos seres únicos - a ansiedade começa fazer parte da vida diária, levando a situações estressantes não só causadas por anular sua identidade, querendo ser o que não são, querendo ter o que não podem ter e fazendo dívidas atrás de dívidas, chegando até a repaginarem-se esteticamente com cirurgias plásticas que podem até modificar o exterior, mas a pessoa, o indivíduo, sempre estará lá, por trás de tudo que modificou junto com todos os seus problemas.

Poucas pessoas conseguem manter-se equilibradas, no parãmetro estabelecido como seu limite e nosso limite é nosso maior aliado como forma de manter a vida saudável.

Uma outra forma de notar esse desequilibrio é observar a quantidade de pessoas obesas que fogem do padrão necessário para manter suas necessidades, ou seja, não respeitam seus limites, comem tudo e o tempo todo. No outro extremo, nas academias, os exercícios atingem o máximo do que se pode aguentar e, muitas vezes, usa-se até de energizantes para extrapolar esses limites físicos suportáveis ao corpo humano.

Com isso, vamos atropelando a nós mesmos, sem nos darmos conta de nossas emoções, nossos sentimentos, nossas vontades reais. É preciso saber reagir, interferir nesse processo, tomar posicionamento de acordo com seu viver, com seu humor, seu limite, sua necessidade.

Quando vamos em direção contrária ao que somos, a tendência é ficarmos amargurados, inseguros, descontentes e isso leva a ressentimentos e irritabilidades que afetarão o sistema imunológico, acarretando distúrbios emocionais e consequentemente surgindo distúrbios físiológicos.

As pessoas estão perdendo a alegria. Fingem ser feliz, fingem estar de bem com a vida e com isso, no seu interior, a tristeza aumenta e a depressão começa a se alastrar. Nessa hora, nada do que foi comprado traz a alegria de volta, porque não foi essencial e sim supérfluo e, pior, junto com esse desgosto vem também as faturas que quase sempre são muitas e altas.

Mas se isso acontecer e lhe servir como um alerta, já é um ponto positivo que lhe fará refletir e, assim, poderá lhe dar uma oportunidade de rever esse processo com ajuda de um profissional, dependendo do estágio atingido. Agora, quando se vive enganando a si próprio sem querer acordar para o problema, aí é quando a doença se instala e pode tomar proporções variadas e até irreversíveis.

Portanto, ser "sarado" não é só referente ao físico. É preciso ser saudável também emocional, mental, social e espiritualmente.

Controlar a ansiedade de consumir, comer, de estar em todos os lugares, de falar em 3 celulares ao mesmo tempo, para trocar de aparência etc... pois isso são causas iniciais de adoecimento de uma grande parte da população que vive um vazio existencial, numa busca insana de ser alguém virtual no seu mundo real, onde o cérebro não reconhece seu próprio organismo, começando a não funcionar regularmente, gerando estress.

Onde está nosso diário? nosso espaço tranquilo num quarto sem internet, TV ou celular? Onde estão nossos discos e livros? Onde está a velha calça desbotada? Onde estão os momentos sem salto alto onde se pode olhar pela janela, contemplar um jardim e se alegrar com as flores que abriram hoje para você?

Na verdade, é isso o que procuramos. O que muitos julgam bobagens, mas que chamamos de tranquilidade, equilíbrio, felicidade.

Por que é preciso correr tanto, comer tanto, comprar tanto?

Tire um momento para meditar e se conhecer. Irá se surpreender com a benção que é sua vida.

Luiza Gosuen
Enviado por Luiza Gosuen em 12/07/2011
Código do texto: T3090891
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