Cápsula do tempo: Mike Wallace surra Margaret Sanger em entrevista de 1957
Cápsula do tempo: Mike Wallace surra Margaret Sanger em entrevista de 1957
Matthew Cullinan Hoffman
3 de dezembro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Em 1957, uma idosa Margaret Sanger, fundadora da Federação de Planejamento Familiar e do movimento internacional de controle da natalidade, concordou em dar uma entrevista para Mike Wallace do noticiário televisivo da CBS News. Em contraste total com a recepção favorável que Sanger poderia esperar receber hoje numa entrevista de rede de televisão, Wallace surrou Sanger com perguntas difíceis e a pegou em contradições, enquanto Sanger se contorcia, se inquietava e negava declarações que ela tinha feito apenas uma semana antes em discussões da pré-entrevista com a equipe da CBS.
Essa entrevista fascinante e às vezes assustadora feita com Sanger pode ser vista no site do Centro Harry Ransom, que está localizado na Universidade do Texas, e que publicou todas as partes da Entrevista de Mike Wallace de 1957 a 1958. Na entrevista, Sanger explica suas opiniões sobre uma variedade de tópicos, inclusive controle da natalidade, eugenia, crescimento populacional, homossexualidade, casamento e religião.
Entre os momentos reveladores está a explicação de Sanger daquilo que ela considera o “maior pecado”: ter filhos que violam os padrões eugênicos dela, e “não ter nenhuma chance… de ser um ser humano de modo prático”.
Ao ser perguntada se ela crê no pecado, Sanger diz a Wallace: “Penso que o maior pecado do mundo é trazer filhos ao mundo, filhos com a doença de seus pais, filhos que não tenham nenhuma chance no mundo de serem seres humanos de um modo prático, delinquentes, presidiários, todos os tipos de coisas, simplesmente marcados ao nascerem. Esse é para mim o maior pecado que as pessoas podem cometer”.
Contudo, pressionada por Wallace sobre suas convicções acerca do “pecado”, Sanger inicialmente se recusa a responder, e então hesita em reconhecer a infidelidade conjugal como pecado. “Não sei sobre infidelidade, pois tem tantos aspectos para essa questão, o tipo de convicções que alguém tem. Não dá para eu generalizar”, diz ela, depois que Wallace insiste em que ela responda à pergunta.
Sanger hesita ainda mais quando Wallace começa a citar declarações que ela havia feito publicamente, até mesmo para a equipe dele, afirmando que ela havia sido citada de forma errada. De início, Sanger rejeita a afirmação feita na revista feminina Redbook, em referência à contracepção, de que a “imunidade da gravidez incentiva a promiscuidade sexual, principalmente quando pessoas solteiras podem com muita facilidade ter acesso a dispositivos [de controle da natalidade]”. Mas Wallace então lê as próprias palavras de Sanger escritas num artigo no jornal Philadelphia Daily News em 1942, incentivando o uso do controle da natalidade para evitar “filhos ilegítimos”.
“Você não estava promovendo a moralidade cristã, mas em vez disso medidas para que as mulheres solteiras evitassem ter filhos ilegítimos”, Wallace diz a ela. “Duvido disso”, Sanger responde rudemente. “Não creio que algum dia eu tivesse feito tal comentário”. Sanger também nega ter dito a um membro da equipe da CBS que “a lei deveria proibir todas as igrejas de proibir a disseminação do controle da natalidade, até mesmo entre seus próprios membros”. “Não acho que eu tivesse dito exatamente desse jeito”, protesta ela.
Considerando o papel de Margaret Sanger como fundadora da Federação de Planejamento Familiar, poderíamos esperar que a entrevista mencionasse o aborto, mas o tópico só foi tratado de modo passageiro. Quando a entrevista foi conduzida em 1957, o aborto era ilegal em todas as partes dos Estados Unidos, e Sanger sempre afirmou se opor à prática, exatamente como fazia a Federação de Planejamento Familiar naquela época. Entretanto, a Federação de Planejamento Familiar iria se tornar, após a morte de Sanger em 1966, o maior fornecedor de abortos no mundo, focando principalmente nos grupos empobrecidos aos quais ela certa vez havia se referido como “lixo humano”.
Ao ser perguntada sobre se cria em Deus, “num sentido de um ser divino que recompensa ou castiga após a morte”, Sanger responde: “Tenho uma atitude diferente acerca do divino. Sinto que temos divindade dentro de nós. E quanto mais expressamos a boa parte de nossas vidas, mais o divino dentro de nós se expressa”. Ela afirmava ser anglicana.
NOTA: para entender a real Margaret Sanger, em contraste com a impressão às vezes desonesta e incompleta dada nas respostas dela na entrevista a Wallace, veja o livro “Killer Angel” (Anjo assassino), biografia escrita pelo [pastor presbiteriano] George Grant.