Apoio psicológico ajuda na diminuição do estresse
O chamado estresse pode, também, ser definido como o continuado processo de reação global de emergência que todo corpo apresenta diante de um desafio, no geral, inusitado ou prolongado, coordenado pelo sistema nervoso central, via hipotálamo. Tal condição estimula a produção de açúcar e seu depósito no fígado para fornecer, em caráter de urgência, energia para o corpo facilitando, assim, a disponibilidade de adrenalina e noradrenalina para as necessárias e prováveis reações diante de perigo e de situações emergenciais, sejam elas mentais, emocionais ou físicas. Por outro lado, é esse mesmo processo que, quando prolongado, causa o rebaixamento da defesa imunológica do corpo, diminuindo a formação de anticorpos, de glóbulos brancos e da atividade da glândula timo, necessários nas situações de infecções ou ataques sofridos pelo corpo por elementos estranhos à sua natureza, como vírus e bactérias ou, ainda, diante de processos degenerativos, como o câncer e outras patologias cronificadas.
Nos casos mais graves, ou intensos, a demanda do organismo pode ser modificada de tal maneira que os processos de crescimento e de reprodução, por exemplo, podem ser alterados e mesmo paralisados ocorrendo à diminuição ou interrupção da produção de determinados hormônios que são fundamentais para o desenvolvimento sadio do corpo e de suas relações com os mais diversos fatores da vida. Podemos citar, como exemplo, a ocorrência da diminuição da produção de testosterona, no homem, causando redução da libido e, em certos casos, o conseqüente desinteresse sexual e, até mesmo, a infertilidade temporária. E, nas mulheres, é comum, sob intenso processo estressante, registrar a alteração e mesmo a suspensão do ciclo menstrual e, nos casos específicos, falhas no processo de aleitamento, aceleração da menopausa, entre outras reações que prejudicam intensamente o organismo feminino.
O estresse pode se manifestar diante de uma situação nova, seja de responsabilidade de trabalho, seja de relações sociais, amorosas ou quaisquer experiências que nos submetam a exposição ou, ainda, diante das perdas e dos lutos, nos casos de temor da perda de emprego, cargo ou de um novo desafio profissional ou de empreendimentos, em situações de ocorrência de morte em família ou relações de amizade e nas separações e divórcios. Quando, por uma razão ou outra, o estresse tende a acontecer de maneira tão intensa, de tal forma a interferir em nossas vidas, este é o momento de procurarmos ajuda de um profissional da área da saúde, que esteja capacitado a intervir para a recuperação do equilíbrio físico e mental.
Na maioria dos casos, o acompanhamento e a orientação, bem como o suporte ou a adoção de um processo terapêutico, podem se fazer necessários e, até mesmo, ser o melhor caminho para a superação e a recuperação do estado de harmonia e aquisição de uma nova disposição para enfrentar a vida moderna.
Vale destacar que a terapia psicológica é altamente recomendável, pois a identificação do agente estressor nem sempre é tão simples e pode ter suas raízes em fatores emocionais que interferem no aspecto físico sob a forma de fadiga, insônia, distúrbios alimentares, enxaquecas etc.
Hoje a medicina, em geral, concorda que nos processos de estresse a avaliação psicológica deve ser realizada e pode ser fundamental para a escolha do tratamento adequado, uma vez que muitas vezes é tratado o sintoma, por longo período, sem que a causa do problema seja efetivamente eliminada.
José Paulo Ferrari - CRP 70901/6
Psicólogo, especializado em Psicooncologia pelo Hospital do Câncer