Como Conviver Com o Estresse

Se há no mundo aquilo a que poderíamos denominar veneno, este tem o nome de estresse. Ele age em todo e qualquer organismo, independente de idade, estrutura ou condição social. É preciso, todavia, encarar esse monstro, ameaçador de tantas vidas, com outros olhos; acima de tudo, com outra atitude mental. Como todo veneno, o estresse também possui um antídoto. Ao antídoto do estresse denominamos moderação. Quando falamos em moderação, no entanto, não nos referimos exclusivamente à moderação quanto ao estilo de vida, presente nos atos cotidianos de alimentação, sono, cuidados com a saúde e prevenção de outros excessos. Embora sejam esses essenciais e lógicos, não iremos nos prender a eles por serem óbvios. Estamos sujeitos, ao longo de um único dia, a inúmeras reações, das mais variadas formas, a tudo aquilo que nos sucede, seja de bom ou de ruim. Para começar, o grau e intensidade de nosso estresse vai se adequar à forma com a qual programamos essas reações. Não é, em hipótese alguma, o que nos acontece que nos causa o estresse e suas consequências senão o modo pelo qual reagimos a esses acontecimentos.

Estresse e trabalho estão intimamente interligados, mas não tem porque, necessariamente, a dedicação a um causar a interferência do outro. Pode-se dedicar a uma tarefa por horas a fio sem se sentir os efeitos do estresse. É importante ressaltar que estresse não possui ligação com o cansaço, tampouco com a fadiga. Fala-se aqui do estresse prejudicial, aquele que deixa no organismo, como um todo, efeitos nocivos à manutenção da saúde perfeita. A vida moderna impõe, como norma de procedimento, exclusividade a uma atividade, a uma empresa ou a um grupo social, quando não, uma quase exclusividade, ao que pode apresentar, o descuido, uma perda, no que se refere à concorrência mercadológica. O aumento acelerado das atividades relacionadas a uma globalização, ainda acentuado pelo aumento da mão de obra, efeito e consequência de uma explosão demográfica em âmbito mundial, exige, de cada cidadão trabalhador, um esforço muitas vezes acima de suas condições. Tudo isso contribui para um desequilíbrio das funções normais do organismo, abrindo caminho a uma série de anomalias. Para que isto não aconteça faz-se urgente o processo oposto ao estresse, quer seja, o relaxamento.

Estresse está diretamente ligado a tudo que representa excesso ou prolongamento de um esforço. Qual o peso de um copo d’água? Pode não representar qualquer diferença em termos de estresse se dele fizermos uso normal. Agora, vamos mantê-lo erguido com a força de um braço. Deixemos o tempo passar, mantendo-o na mesma posição.

O tempo decorrido neste estado vai variar entre uma sensação de cansaço, uma dor extrema ou ainda necessidade de intervenção médica. Isto nos dá o resumo do significado do termo “estresse”. Levando isto para as tarefas diárias, balanceemos nossa rotina de afazeres de maneira a não sentirmos os efeitos dos nossos esforços além daqueles que nos deixem a sensação de um cansaço agradável que se torna a presa de uma boa noite de sono ou mesmo de alguns minutos de relaxamento dinâmico e dirigido.

Relaxar significa largar, deixar de lado tudo que se relaciona a tensões e atividades; relaxamento dinâmico é a total libertação do corpo e da mente da atenção que envolve nosso próprio eu pensante, é comandar no lugar de ser comandado. Cada músculo, cada nervo e tendão ficam subjugados a nossa vontade dominante; em que somos o senhor e tudo mais é súdito; não se consegue o ápice de uma sessão de relaxamento na primeira ou primeiras vezes em que se propõe fazê-lo. É uma questão de treino, de continuidade, posto que somos o resultado de nossa própria persistência e vontade continuada. Não há hora e nem local específicos para se praticar uma sessão de relaxamento. Contudo, deitando-se sobre um tapete ou um colchão não complacente obter-se-á o máximo desta prática fundamental.

Livros e mais livros já foram escritos sobre as técnicas de relaxamento para a superação do estresse e melhoria da saúde e muitos ainda poderão ser escritos. Isto porque as formas de se tratar do assunto são infinitas e se estendem a todas as facetas de nossa vida.

Tudo corre magnificamente quando estamos relaxados e descontraídos. E isto não se limita ao momento do relaxamento, apenas. Não é somente nos momentos em que nos encontramos entregues a uma sessão de relaxamento que vamos usufruir de seus benefícios. Como relaxamento é o oposto de tensão, estando descontraídos, seja em que situação for, estaremos receptivos aos efeitos salutares do relaxamento. Relaxar enquanto se trabalha, por exemplo, requer um treino e uma entrega só obtidos por quem está preparado. Dizer que o relaxamento constitui um exercício pode parecer um paradoxo, mas é esse exercício da prática e assiduidade que irá modificar para melhor toda uma estrutura física e mental acostumada à tensão constante e costumeira. Uma vez adquirido o hábito, as mudanças não tardam a surgir. Relaxar no trabalho, em uma conversa, caminhando, enfim, executando toda e qualquer atividade tornar-se-á tão natural quanto respirar.

Que não se desanime ao não conseguir uma totalidade no grau de relaxamento já nas primeiras sessões; isto só vem com o tempo. Todavia, qualquer efeito positivo já é um avanço. Mesmo que tentemos relaxar numa cadeira, ou mesmo numa poltrona, embora obtenhamos ali um efeito benéfico, nunca será o mesmo que se jogar, de costas, na horizontal e ali deixar todo o corpo ao nível do assoalho, do tapete ou de uma cama medianamente confortável, com pernas e braços ligeiramente abertos. Então respiramos em lentidão, um tanto profundamente e, a começar pelo couro cabeludo, ordenamos mentalmente, com cada expiração, o total aquietar daquela parte sob nossa atenção, dizendo: “vamos, solte-se, relaxe, descontraia-se, mais, mais um pouco, assim, isso, isso!”

Utilizando palavras como estas, descemos, passando pela testa, nuca, todo o rosto, demoramos ali, ao redor dos olhos, onde se encontra grande parte de toda nossa tensão; todo o pescoço, imaginamos as costas deliciosamente esparramadas. Em seguida, os ombros, braços, peitoral, estômago; imaginamos cada órgão interno funcionando calma e ritmadamente. Descemos para a nádegas, coxas e, finalmente, pernas e pés. Sempre ordenando mentalmente: “relaxe, solte, amoleça, descontraia-se; mais, mais um pouco”. Demorando-se ou voltando às partes onde ainda sentimos a insistência da tensão, vamos, aos poucos, sentindo aquela sensação maravilhosa de leveza e descontração. Qualquer situação ruim de vida ou problema, por maior que seja, parecerá infinitamente menor depois de uma sessão de relaxamento. Poderemos, assim, jogar para escanteio aquilo a que chamam estresse e, quando houver, saberemos melhor como conviver com ele, pois aprendemos a relaxar e drenar, na fonte, toda e qualquer tensão.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 10/03/2011
Reeditado em 10/03/2011
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