O medo do medo

O que é sentir medo?

No geral, é sentir insegurança, pânico, desequilíbrio emocional ou angústia mediante uma situação que causa reação de sobressalto, de estresse, podendo levar a um estado de choque ou a uma falta de reação.

Mas o que é medo?

É um pavor provocado por uma situação real ou não, vivida abruptamente, ou, algumas vezes, até já esperada (com receio, mas esperada), fazendo com que a pessoa tenha uma reação de emergência, ou seja, - precisa sobreviver, sair desse lugar, escapar.

Mas em alguns casos o pavor é tamanho, que a pessoa não consegue nem se locomover, nem pensar , nem reagir, ficando totalmente entregue à sensação do medo que a consome e, quando essa sensação surge sem nenhum motivo aparente chamamos de "Sindrome do Pânico". Quando a situação tem direcionamento e motivo específico lidamos com o "Medo" que é um distúrbio de ansiedade podendo se diferenciar no grau de intensidade e frequência, de acordo com a situação que o desencadeou.

A primeira sensação desconfortável que temos logo ao nascer é o medo, pois o bebê precisa sair da zona de conforto, temperatura adequada e alimento equilibrado para uma situação desconhecida que provoca insegurança e em certos casos até pânico, levando ao primeiro choro, que não é apenas para a necessidade de respirar, mas também o manifesto do primeiro ato de angústia e muitas vezes de dor, E, basicamente

nascemos com dois tipos de medo: o de cair e o de barulho.

O medo provoca medo de sentir medo, de sair do controle ou de superá-lo.Vejamos algumas situações:

- Situação de assalto- o medo paraliza, deixa sem reação, tira o domínio e deixa a pessoa desprovida de autoestima, com sentimento de inferioridade.Em alguns casos, quando a pessoa reage, o medo é alterado pelo sentimento de raiva, de não conformismo e a pessoa então reage, podendo sair-se bem ou na maioria das vezes, não sobreviver à reação do bandido.

-Situação de acidente- Em casos provocados como em rachas, o medo vem junto com a adrenalina que camufla a situação, chegando até a andar de mãos dadas com o prazer que só desaparece quando o acidente realmente está prestes a acontecer, então o medo se sobrepõe, mas ainda assim não altera por completo a situação, isto devido ao alto grau de adrenalina e, caso a pessoa sobreviva a esse acidente e se estiver consciente, sentirá medo mediante ao acorrido.

Em casos inesperados de acidente automobilistíco, o medo às vezes nem dá para se manifestar: é tudo tão rápido que a pessoa não percebe, principalmente se cochila ao volante ou se depara com algum animal na pista ou outro veículo que surge "do nada"; então, se sobreviver, não se lembrará do ocorrido.

-Situação de calamidade- O medo aniquila os valores, esgota as forças, esmaga sentimentos. É um dos estados atordoantes do medo, pois quase sempre em questão de minutos destrói tudo em você, ao seu redor e no seu interior. Deixa um nada, tira-lhe tudo com uma força desconhecida, não deixa pedra sobre pedra e mostra a fragilidade que é a vida.

Algumas pessoas tentam ignorar o medo, como forma de controlá-lo. São capazes de atuarem em situações bizarras, extremamente perigosas como forma inconsciente de superar o medo. Podem até achar que conseguem, mas é exatamente por desafiá-lo é que ele, o medo, se torna cada vez mais presente. Ele não nos abandona e, por incrivel que pareça, o medo é a proteção da vida e, como a dor, é um alarme, um indicativo de alguma ameaça ao nosso corpo ou à nossa integridade emocional. Portanto, só deixaremos de sentir dor quando nosso corpo não tiver mais sensações, e por fim não teremos mais medo quando não tivermos mais vida.

Muitas pessoas consideram o medo como um acontecimento normal, pois o enfrentam ocasionalmente e de uma maneira superável. Porém outras, são atormentadas constantemente por medos e, às vezes de forma intensa, fobias que lhes tiram a segurança até mesmo dentro da própria casa, assombradas por imagens, sons, lembranças e situações imaginárias, levando-as a desencadear doenças mentais ou transtornos psíquicos e/ou físicos.

É importante diferenciar os níveis do medo. Inicialmente, se apresenta como um "Receio" quando surge uma dúvida, hesitação ou apreensão . O estágio seguinte é o medo em si, quando a situação está instalada e, o grau maior que é a "Fobia" o medo mórbido, incontrolável.

O "Receio" é uma preocupação exagerada por uma determinada situação que a pessoa irá passar, como uma cirurgia que será submetida e até mesmo por ficar sozinha em algum lugar ermo. Esse é o medo saudável que nos leva a refletir melhor e nos preparar para enfrentar a situação. Porém, depois de resolvida a pessoa nem se lembrará mais do acontecido.

A "Fobia" é uma doença onde a pessoa fica totalmente desarmada, incapaz de perceber o perigo que está por passar. A tensão sobe, o humor desaparece e a reação surge com agressividade e sobressaltos, podendo esquecer coisas e ficar mais exposta ao perigo. Algumas vezes, pode ocorrer sensação de irrealidade, de despersonalização onde a pessoa não sabe nem quem é, ficando completamente aérea.

A Fobia pode causar diminuição da secreção salivar, secura bucal, ranger de dentes, bruxismo durante o sono, zumbido nos ouvidos e voz trêmula podendo somar a esses sintomas distúrbios de percepção visual, desarranjos intestinais, ataques de vertigens, sudorese nas mãos. Esses são alguns dos sintomas do "Medo do Medo" (Fobofobia- medo de fobias)

Em casos extremos, as persistentes somatizações do medo podem apresentar sintomas como os de distúrbios cardíacos, ou seja, aperto no peito, pressão no coração, palpitações, arritmia ou pontadas, associadas com falta de ar ou sensações de sufocação na garganta porém, não se trata de problemas cardíacos e sim reflexo dos sintomas da exacerbação do medo.

A Fobia é uma psicopatologia e o tratamento é feito como doença de ansiedade por psicoterapeuta ou psicólogo e não com cardiologista ou neurologista. As fobias têm características especiais e são classificadas em 3 tipos :

Agorafobia – Medo de estar em lugares públicos concorridos

Fobia Social – Medo perante situações em que a pessoa possa estar exposta a observação dos outros.

Fobia Simples – Medo de ficar diante situações concretas ou objetos

Dr. Joseph Murphy em seu livro "O poder do Subconsciente" orienta que :"O medo normal é bom, o medo anormal é mau e destrutivo e que a falta de controle de pensamentos de medo acarreta o medo anormal, obsessões e complexos. A persistência nesses pensamentos provoca um sentimento de pânico e terror. É preciso aprender a redirecionar esse sentimento para pensamentos que traga acalanto ao seu coração e manifeste amor a si e aos outros. Este é o amor que expulsa o medo. Enfrente seus temores, traga-os à luz da razão. Aprenda a sorrir dos seus temores. Esse é o melhor remédio."

No Brasil, cientistas do Rio Grande do Sul controlam em laboratório método para melhorar a eficácia da psicoterapia em situações de fobias, stress pós-traumáticos e futuramente incentivar produção de compostos químicos capazes de atuar sobre processos de esquecimento e de recordação, conforme experimento descrito na Revista Científica Americana PNAS, atuando nos mecanismos da memória. A memória inicial do medo não desaparece quando surge a (**)"Memória de Extinção ou Transtorno de Personalidade Borderline(TPB)" que pode ser alterada como uma memória convencional e no futuro talvez seja possível controlar melhor a TPB para tratar situação de stress pós traumáticos ou fobias.

**Pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) apresentam alterações comportamentais sugestivas de disfunção dos mecanismos de aquisição e extinção de memórias e da forma como estas memórias modulam os afetos. Avanços no armamentário neurocientífico, em especial exames de neuroimagem funcional, têm permitido um maior conhecimento das intrincadas relações entre memórias e afetos e apontado alterações específicas em pacientes com TPB e também em indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

A respeito de medo, Gabriel García Marquez comenta em seu livro "Crônicas" : "O único medo que nós latinos confessamos sem vergonha, e até com certo orgulho, é o medo de avião", comenta ainda "De todos os medrosos ilustres que conheço, o único que de verdade não voa é o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer" e esse medo, pode até nem ser pelas tragédias e catástrofes aéreas, mas como diz Picasso: "Não tenho medo da morte, mas de avião".

Portanto, o medo é inerrente a todos nós, em intensidades diferentes, independente de nível social ou cultural. Sempre existiu, e se controlado adequadamente, é saudável.

Luiza Gosuen
Enviado por Luiza Gosuen em 19/02/2011
Reeditado em 12/04/2011
Código do texto: T2802233
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