Qualidade de vida na velhice

Alguns mencionam a fase a partir dos 70 anos como "melhor idade" ou 3ª idade", outros acham que a partir de 60 anos devem ser chamados "idosos". Acho tudo isso uma bobagem, pois a idade é algo que se define não por um número, mas pela maneira como se chega a um patamar de vida onde se tem o privilégio de não fazer ou fazer tudo o que se queira.

O que é velhice? Fisicamente é quando seu corpo já não corresponde às agilidades do que executava antes. Ou ainda, quando os órgãos internos se apresentam enfraquecidos ocasionando doenças típicas e esperadas dessa idade.

Mas nem sempre se resume a isto, pois existem pessoas ainda consideradas jovens mas que agem e são verdadeiros "velhos",

vivem se lastimando, estão sempre com falta de vontade, indispostas, sempre com sono, se cansam por fazer qualquer trabalho e não têm ânimo para nada.

Vamos nos ater aqui aos casos de pessoas que atingiram essa fase dos 70 e ainda apresentam ou gostariam de apresentar uma boa qualidade de vida, independentemente do que muitos rotulam.

Eu penso que qualidade de vida começa com um bom pensar sobre si mesmo. Para isto deve-se fazer uma análise de como foi sua vida no âmbito social, profissional e pessoal.

-Social: viveu-se bem cada etapa? se divertiu? teve turma na juventude? participou de eventos competitivos? viajou? dançou?...etc.

-Profissional: preparou-se para exercer alguma profissão? Foi escolha própria ou foi direcionado por alguém? Escolheu a função por vocação ou pelo salário?

-Pessoal: aprimorou-se em alguma arte? desenvolveu algum dom ou hobby? Se casou? Como foram feitas essas escolhas?

Considerando as integrações prazer X desgosto:

-Realizações: os sonhos foram realizados até o momento?

-Frustrações: teve alguma desilusão? como foi e como a

superou?

-Satisfações: de tudo o que foi vivenciado até agora, o que

mais trouxe boas recordações?

-Arrependimento:o que não voltaria a fazer em hipótese

alguma?

Essas são algumas das perguntas importantes a serem feitas, para essa avaliação e nesse contexto analisar o por quê algumas pessoas chegam a essa etapa tão bem estruturadas enquanto outras não são capazes de reagir aos percalços da vida, deixando-as sem perspectivas, com aparência sofrida e mostrando mais idade do que tem na realidade.

Vamos considerar, também,os casos de pessoas que exerceram trabalhos forçados, que foram privadas de conforto, que não tiveram família, que sofreram de abusos de toda ordem e as que foram viciadas ou abandonadas em retiros. Para essas, constatamos problemas de toda ordem, mas que ainda assim podem resgatar a qualidade de vida perdida no tempo.

Um quadro observado com frequência nos ambulatórios é o de pessoas que desenvolveram doenças, as quais se debilitaram físicamente, ou que participaram no tratamento de um ente querido e que, igualmente, sofreu junto. Nesses casos, há uma triste constatação de que a pessoa deixou a sua vida em suspenso durante todo esse tempo em prol do outro. Muitas vezes, além desses momentos de desgaste físico e emocional, passam também pela perda de pessoas amigas ou familiares, levando a traumas de difícil reparação.

Quando se trata de doenças, é importante analisar quando surgiu e quais os acontecimentos acometidos na época e como foi a reação dos familiares, se teve alguém para cuidar, se houve internações prolongadas ou cirurgias invasivas, se a doença tem caráter degenerativo, pois são dados que alteram o estado emocional das pessoas, principalmente se aliados a carências, depressão ou baixa autoestima.

É preciso detectar o valor real da pessoa no seio familiar, profissional e social. Como ela se descreve e como é descrita pelos membros mais próximos.Depois, com esses dados à mão, pode-se traçar projetos onde restabeleça a saúde num modelo saudável, inclusive agregando atividades físicas, de preferência em grupo, pois é uma forma de recuperar energia, alegria e contatos com novos amigos ou novos amores, conforme o caso.

Existem grupos de viagem para turismo, especializados em conduzir esses grupos, onde muitos participantes não conhecem outros estados e nem mesmo outras cidades, sendo que essa experiência se torna muito rica como forma de liberdade e de ampliar seu espaço limitado até então.

Nos casos de pessoas que ainda trabalhem formalmente - e a cada dia temos visto mais pessoas envolvidas em seus trabalhos sem querer se aposentar - é importante incentivá-las a continuar, e para as que já não trabalham, oferecer opções de voltar a executar tarefas que lhes deem prazer, tanto para desenvolver hobbies quanto para desenvolver novos caminhos e descobrir futuras potencialidades, mas que não fiquem com a mente desocupada, sentindo-se inúteis e sendo um incômodo para a familia.

Para finalizar, é importante que todos nós não nos esqueçamos de que esse é o caminho natural de todos nós, e que, portanto, é preciso resgatar a dignidade de nossos velhos e reconhecer o quanto são e foram importante nesse processo que chamamos vida familiar.

Luiza Gosuen
Enviado por Luiza Gosuen em 04/11/2010
Código do texto: T2596933
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