DEPRESSÃO

Quando estudamos os sinais de trânsito nos deparamos com duas placas que têm significado inverso: Lombada e depressão. Digamos que a placa de lombada seria a representação alegria, o estar feliz, a comemoração, a festança, o sentir-se reconhecido e amado.

A depressão, por outro lado, seria a representação dos momentos tristes, de brigas, dos desencantos, dos momentos de luta, dos insucessos, da solidão, da falta de reconhecimento, do luto e do não sentir-se amado.

Tudo bem, se estes momentos ruins forem passageiros e logo logo você "sacudir a poeira e der a volta por cima". Continuar a viver, a conviver, a trabalhar, a amar e a curtir os momentos felizes que a vida oferece. Mas, se pelo contrário, estes momentos ruins se tornarem um gatilho para uma tristeza estacionária, para o esmorecimento, a angústia, para o desejo de morrer, então há algo errado que precisa de uma atenção especial.

A depressão, dita clinicamente, é um estado crônico de tristeza, maior ou menor, leve ou forte, que remonta a traumas infantis ligados a perdas e ao abandono. Uma experiência atual de luto, por exemplo, pode servir de "chave" para o acesso ao inconsciente, onde estão as grandes perdas não elaboradas de uma pessoa. E estas perdas não foram elaboradas, entendidas, explicadas, porque são de uma época era impossível a elaboração por parte da pessoa que as sofreu e, ao mesmo tempo, não houve um adulto que ajudasse para que ocorresse a compreensão do que estava acontecendo.

O depressivo tem insônia, excesso de sono, desejo de isolar-se, desejo de morrer, confunde a morte com a vida, inconscientemente quer ficar no estado de abandono ou de perda que ocorreu quando era criança, não tem esperança de as coisas melhorarem, não acredita nas pessoas, retorna a um estado infantil de sofrimento e insegurança. É como se a "chave" atual trancasse esta pessoa num porão onde estão todas as suas frustrações e fracassos.

A leitura que o depressivo faz dos trauma atuais é uma leitura infantil, por causa de seus sofrimentos passados não resolvidos. No tratamento psicanalítico, ele é colocado novamente em contato com seus primeiros traumas para fazer uma leitura adulta dos mesmos.

O depressivo precisa de ser amado e compreendido e, como a sua doença remonta à infância, é preciso alguém com uma atitude amorosa e informativa da sua situação para o fortalecimento de seu ego que está debilitado. Afeto e informações corretas lhe faltaram quando as primeiras perdas ocorreram e, agora é preciso resgatar isto.

O psicanalista e o psicólogo, quando bem preparados, estão aptos para ajudar ao depressivo. Muitos depressivos tem encontrado alento na religião, uma vez que o seu caso é uma relação com a morte, com a perda, com o abandono, eles melhoram ao encontrar com Deus que é a fonte da vida e do amor.