AGRESSIVIDADE, VIOLÊNCIA E DESVIO DE PERSONALIDADE
PARTE INTEGRANTE DA MONOGRAFIA DEFENDIDA EM 2005 NO CURSO DE BIOTECNOLOGIA (UFLA) LAVRAS-MG
AGRESSIVIDADE, VIOLÊNCIA E DESVIO DE PERSONALIDADE
Sob circunstâncias normais, cada célula do corpo humano contém 46 cromossomos, ou seja, 23 pares de cromossomos. Esses cromossomos consistem no material genético (DNA) necessário para a produção de proteínas para o desenvolvimento do organismo, seja desenvolvimento físico, mental, metabólico Enfim, são proteínas responsáveis por todo funcionamento da pessoa. Vinte e dois desses 23 pares de cromossomos são iguais no homem e na mulher, mas o outro par restante (portanto 2 cromossomos) são os chamados cromossomos sexuais, denominados X e Y. Se o embrião tiver a constituição XY será homem e se tiver a constituição XX será mulher. A Síndrome do X Frágil é uma condição genética herdada, produzida pela presença de uma alteração molecular ou mesmo de uma quebra na cadeia do cromossomo X, no ponto denominado q27.3 ou q28, condição esta associada a problemas de conduta e de aprendizagem, bem como a diversos graus de deficiência mental. Apesar dessa condição cromossômica ter sido mais precisamente elucidada em maio de 1991, quando se seqüenciou o gene responsável pela anomalia, esse ponto frágil do cromossomo X já havia sido descrito em 1969 por Herbert Lubs, o qual descobriu a alteração numa família de dois irmãos com retardo mental. No final da década de ´70 esta condição foi denominada Síndrome X Frágil por Grant Sutherlan, enquanto as primeiras publicações científicas aparecerão no final dos anos 70. (Ballone GJ - Síndrome do X-Frágil, in. PsiqWeb, Psiquiatria Geral).
A doença é muito mais freqüente em meninos que em meninas, talvez porque nos homens há apenas 1 cromossomo X, portanto, sendo este cromossomo X defeituoso, não haveria outro cromossomo X sadio para compensar como ocorre nas mulheres que têm 2 cromossomos desse tipo. A alteração molecular fundamental desta síndrome se estabelece no gene denominado FMR1. A mutação consiste na repetição de uma seqüência de DNA em maior número que nos indivíduos normais, os quais apresentam de 6 a 54 copias. Nas pessoas apenas portadoras dessa anomalia cromossômica mas sem a doença clinicamente manifestada (normalmente mulheres, pois possuem dois cromossomos x ), mais freqüente nos meninos por apresentarem apenar um cromossomo x, esta seqüência se repete de 55 a 230 vezes, e nas pessoas afetadas pela doença a amplificação aumenta até 4000 copias. A mutação sendo completa, confere a este gen a ausência de seu produto protéico, o FMRP. Esta proteína está presente em muitos tecidos e, mais abundantemente, no citoplasma de neurônios. Ela é também de primordial importância para a conexão sináptica. É muito provável que a causa da deficiência mental produzida por essa doença seja conseqüente à carência dessa proteína na junção sináptica. Nas mulheres, conforme já se tem observado, é freqüente encontrar meninas com a síndrome mas clinicamente normais ou quase normais, sendo a causa da maior parte das consultas, as dificuldades de aprendizagem e ou de conduta. O prognóstico intelectual depende da porcentagem de células afetadas. (Ballone GJ, 2000 )
Se, por exemplo, apenas 4% das células são afetadas a criança terá uma intelectualidade normal. De um modo geral, pode-se dizer que a maioria das meninas são assintomáticas (dois terços). A importância no diagnóstico da Síndrome do X Frágil em mulheres, está mais relacionada ao planejamento genético e transtornos de conduta do que à intelectualidade. Alguns estudos apontam que 1 entre 259 mulheres de todas as raças é portadora de cromossomo X frágil e, embora assintomáticas, essas mulheres podem passar esse gene aos filhos homens, os quais têm probabilidade muito grande de manifestar a doença. Em Homens, as estatísticas dos portadores falam em 1 entre 800. Esses números sugerem que, embora a doença fraca e manifesta seja muito mais freqüente em homens, as mulheres são muito mais acometidas como portadoras (sem manifestação da doença). Outra ocorrência clínica associada à Síndrome do X Frágil é a grande incidência de anormalidades eletrencefalográficas que esses pacientes apresentam. (Ballone GJ, 2000 ) www.psiqweb.med.br/infantil/xfrag.html)
(Revista Viver Mente&Cérebro edição 146 - março 2005)
Essa anormalidade elétrica já havia sido notada há tempos nesses pacientes, entretanto, só recentemente se reconheceu que a ocorrência simultânea de Síndrome do X Frágil e de epilepsia era muito maior apenas os portadores masculinos da doença(Singh), a mulher portadora dessa carga genética têm incidência de EEG anormal tal como na população geral. Oscilações do humor e rompantes agressivos são comuns em meninos com Síndrome do X Frágil. A agressividade predomina nos pacientes adolescentes e adultos jovens, incluindo aqui também as meninas. (Ballone GJ, 2000 )
(Revista Viver Mente&Cérebro edição 146 - março 2005)
A citogenética tem permitido uma eficiente identificação dos cromossomos humanos e algumas alterações relacionadas ao comportamento mais agressivo. Somente um, entre os 23 pares de cromossomos, difere os machos das fêmeas: a mulher tem um par igual (XX) enquanto o homem tem um cromossomo igual ao da mulher (X) e um outro diferente (Y), portanto, o XY, característico do sexo masculino, determina a distribuição hormonal e as demais características do homem. No estudo da agressão tem particular interesse uma anomalia cromossômica caracterizada por um Y a mais, ou seja, um genótipo aberrante XYY ao invés do XY normal. (Revista Viver Mente&Cérebro edição 146 - março 2005)
Numa população de prisioneiros violentos, Moyano encontrou uma incidência de 3,5% de homens XYY, enquanto na população geral é estimada uma incidência entre 0,7 e 0,2%. O mesmo autor termina seu trabalho concluindo que a configuração XYY se constitui num fator predisponente à conduta agressiva exagerada, embora não pareça ser um elemento exclusivo como determinante da mesma. Neste sentido, poderia aventar-se a hipótese de que o cérebro dos sujeitos portadores de um cromossomo Y extra estaria semi-programado para a conduta agressiva e anti-social, mas que esta só se manifestaria, em toda sua amplitude, quando se somasse uma série de elementos ambientais adversos. Ainda que esta anomalia cromossômica possa, de fato, estar associada à agressividade e violência, não se trata aqui de doença mental.
Ballone GJ, Ortolani IV - O Cérebro e Violência, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/forense/cerebro.html> revisto em 2002
(Revista Viver Mente&Cérebro edição 146 - março 2005)
www.neuropsiconews.org.br/
Os antipsicóticos e tranqüilizantes (benzodiazepínicos) prescritos para esses casos no passado mostraram-se ineficazes. Atualmente os estabilizadores do humor (não anticonvulsivantes) são indicação formal para esses tipos de problemas afetivos e do comportamento agressivo. Como no velho adágio “Você é o que você come” De uma influência extraordinária está os alimentos interagindo e de acordo com estudos da Nutrologia; os alimentos, mais do que nutrir, podem influenciar na bioquímica cerebral e produzir efeitos que se refletem no comportamento humano, afetando o humor e a disposição, entre outras. (Revista Viver Mente&Cérebro edição 146 - março 2005),(GOODMAN, ALFRED G., 2001) www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
A explicação reside no fato de que os alimentos são a matéria prima do organismo e se transformam em substâncias que irão compor novas células, reparar os tecidos, as proteínas e, conseqüentemente, os neurotransmissores, substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre as células cerebrais. Cada tipo de alimento carrega nutrientes diferentes, com propriedades mais estimulantes ou calmantes, que também vão gerar reações químicas diversas no organismo. (GOODMAN, ALFRED G., 2001)
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“A serotonina e a dopamina, os dois neurotransmissores mais conhecidos da bioquímica cerebral e que estão diretamente relacionados às nossas emoções, humor e sono, são formados a partir de aminoácidos, vitaminas e minerais da dieta”, exemplifica a especialista em Nutrologia, membro da Sociedade Brasileira de Nutrologia (SBN) e da Academia de Ciências de Nova Iorque, Jane Corona. Segundo a endocrinologista e nutróloga Vânia Assaly, também integrante da SBN e da Anti-Aging Society, dos Estados Unidos, as pesquisas sobre a relação entre hábitos alimentares e comportamento começaram nos anos 70 e comprovam a interferência. Vânia explica que existe um duplo caminho para essa simbiose. “Comer determinados alimentos pode gerar um tipo de comportamento em algumas pessoas, mas o contrário também é verdadeiro e alguns estados comportamentais estimulam a busca por certos alimentos”, destaca O excesso de ingestão de proteínas derivadas de carnes, por exemplo, pode provocar um estado de excitação exagerado que acarreta aumento da agressividade em pessoas propensas ao problema. .(GOODMAN, ALFRED G., 2001) www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
Dados preliminares de um estudo sobre comportamento alimentar durante o ciclo menstrual, conduzido pela Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), com 30 estudantes de Enfermagem, revelam o aumento do consumo de carboidratos nesse período.
A chefe da disciplina de Nutrição do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp-EPM, Anita Sachs, coordenadora da pesquisa, diz que é possível que essa atitude tenha ligação com o aumento do nível de serotonina desencadeado pelos carboidratos, o que eleva a sensação de bem-estar. A procura pelo açúcar em pessoas depressivas tem o mesmo motivo. As pessoas que sofrem de depressão estão buscando constantemente alguma coisa para comer, e criam hábitos de consumir açúcar, biscoitos,chocolates e refrigerantes porque precisam de glicose para liberar a insulina que irá facilitar a entrada do triptofano no cérebro, aumentando os níveis da serotonina que irão acalmá-los”, afirma a nutróloga Jane Corona. Além da serotonina, outros três neurotransmissores estão associados diretamente ao comportamento: a dopamina, envolvida no vigor e que influencia na disposição; a acetilcolina, importante para o bom desenvolvimento da memória; e a gaba, que desempenha função sedativa e proporciona sensação de alívio e calma. (GOODMAN, ALFRED G., 2001 )www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
Os alimentos funcionam como combustível para a síntese desses neurotransmissores e o equilíbrio na dieta auxilia, também, na estabilidade das reações químicas. Na busca pelo equilíbrio do humor e da disposição, através das propriedades naturais da dieta, é fundamental a escolha certa dos alimentos e dos horários em que serão ingeridos para alcançar o objetivo pretendido. (GOODMAN, ALFRED G., 2001 )www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
O espinafre e a alface, assim como a batata e grãos integrais, podem ser consumidos à noite devido ao conteúdo rico em triptofano, magnésio e ácido fólico, que melhoram a capacidade de relaxar. Alimentos com propriedades estimulantes, como chá preto, café e laranja, devem ser reservados para o dia, sobretudo para a hora do café da manhã, quando o corpo necessita de mais energia Pessoas com aparência cansada e falta de disposição podem estar com déficit de proteínas e, nesse caso, o consumo de carnes, ovos e feijões, ricos em tirosina, favorecem a produção de dopamina e reduzem a fadiga. As sementes de gergelim, de melancia e de girassol, e a banana também são fonte de triptofano, substância ligada à serotonina e que vem sendo bastante utilizada nos tratamentos contra depressão. (GOODMAN, ALFRED G., 2001 www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
De acordo com a médica Jane Corona, o óleo ômega-3, presente na semente de linhaça e no salmão, também tem sido manipulado para tratar alterações de humor e de comportamento. Cada vez mais a ciência vem provando que a composição dos alimentos que comemos pode afetar o funcionamento do cérebro, modificando o humor, incluindo o estado de alerta e até a percepção à dor. O que confere tais poderes aos alimentos é a habilidade de alterar a produção e liberação de neurotransmissores, mensageiros químicos que carregam informações de uma célula nervosa para outra. O 5-HTP (5-hidroxitriptofano) que é um nutriente derivado do aminoácido triptofano e é encontrado em alimentos ricos em proteínas. É o precursor direto da serotonina, que atua no cérebro ajudando a melhorar o humor, depressão, ansiedade, insônia e a perda de peso, além de aliviar enxaquecas. (GOODMAN, ALFRED G., 2001) www.drauziovarella.com.br/artigos/violencia
O 5HTP não é facilmente obtido em fontes alimentares, ele pode ser
encontrado em altas concentrações na sêmen- te de um legume, chamado Griffonia simplicifolia, encontrado no Oeste da África.
VitaminaB6 Também é um ingrediente necessário na produção de serotonina, portanto, alimentos ricos nessa vitamina podem auxiliar no bom humor. Alguns exemplos de alimentos ricos em B6 e carboidratos são: banana, batata, uva passa e cereais integrais (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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Cálcio Sabe-se que ajuda a reduzir irritabilidade e nervosismo em mulheres que sofrem de TPM (tensão pré-menstrual). O ideal é ingeri-lo com regularidade, em torno de 1.200 mg por dia. Está presente no leite, iogurte e queijos. (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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Ovos A colina é uma vitamina do complexo B que está presente em alimentos ricos em colesterol como ovos e fígado. A falta deste componente pode causar comprometimento da memória e da capacidade de concentração, pois é precursor do neurotransmissor acetilcolina. (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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selênio Especula-se que o selênio possa ter alguma função neurológica dêsconhecida, mas seu mecanismo de ação ainda é um mistério. Sabe-se que indivíduos que sofrem de carência de selênio são mais irritados, ansiosos e depressivos e a suplementação normaliza o humor. Os alimentos ricos em selênio são as oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), atum, semente de girassol, cereais integrais. (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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Camomila Já era usada em 1800 para acalmar crises histéricas. Atualmente é usada também para diminuir a ansiedade. (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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Devido a seu efeito anti-espasmódico auxilia no alívio de cólicas e problemas digestivos. Para potencializar o efeito calmante, adicione um pouco de mel, devido aos benefícios do carboidrato. (GOODMAN, ALFRED G.,. 1998) www.bycarmen.com.br/alimentosafetamhumor.htm
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Magnésio Está envolvido também na regulação de serotonina e, portanto, no controle do humor. Alimentos ricos em magnésio são cereais integrais e frutas secas. (GOODMAN, ALFRED G., 2001)
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Jurema Mendes de Souza. Genética,Neurônios e o Comportamento Humano.. 2005. 0 f. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Biotecnologia) - Universidade Federal de Lavras. Orientador: Luciano Vilela Paiva.